quarta-feira, 6 de junho de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA




INAUGURAÇÕES SEM POMPA
1-Na semana passada, na entrada do Centro Comercial Visconde, na Rua Visconde da Luz, abriu a “Passion”, um bonito estabelecimento de moda para senhora com preços apetecíveis e capaz de rivalizar com badaladas lojas de marca. Como diria o outro: só visto! Por isso mesmo, faça o favor de visitar e trocar umas palavras com a simpática funcionária -que, por lapso, esqueci de anotar o nome.



Abriu há dias, na Rua do Carmo, artéria em frente aos Bombeiros Voluntários de Coimbra e que liga a Avenida Fernão de Magalhães ao Terreiro da Erva, um novo estabelecimento de antiguidades e velharias.
No até há pouco tempo este espaço foi pertença da firma Relíquias de um Passado -que continua com duas lojas na proximidade. Seguindo a mesma linha do antigo e usado, a Maria do Rosário Teixeira, profissional muito conhecida na cidade, pelo seu elevado profissionalismo e saber, e muito estimada pelos colegas na área em que se insere, transferiu-se, com armas e bagagens, da parte alta para a baixa da cidade.
Claro que, é óbvio, o destino da nossa amiga está directamente ligado à sua pessoa, leitor. A sua comparticipação e contribuição é essencial. Vamos lá fazer uma visita?

PARAR PARA PENSAR

2-Segundo o site oficial da Câmara Municipal de Coimbra, “A empreitada de “Reabilitação de edifício para habitação na Rua da Louça 58-60” foi adjudicada à empresa Construções Castanheira & Joaquim, Lda., pelo valor de 118.289,16 euros (IVA incluído) e com um prazo de execução de 210 dias. Uma obra que pretende dotar o imóvel de um maior conforto e de condições de habitabilidade, para, posteriormente, ser alvo de arrendamento através do regime de renda apoiada.
Embora a informação municipal não clarifique, trata-se de um pequeno edifício, estreito e encravado, com uma área diminuta. Quero dizer que, na minha opinião e salvo melhor, este espaço, em vez de ser destinado a habitação, deveria ter por destino serviços de utilidade pública. E estou a lembrar-me que esta zona de ruas estreitas e muito frequentada por turistas carece de sentinas, as denominadas casas-de-banho comunitárias. Só quem por aqui trabalha se apercebe, por vezes, a dificuldade de muitos visitantes terem acesso a um reservado. O cheiro a urina e fedorento, nos cantos e recantos de certos largos, é diário e só graças ao esforço dos lojistas se consegue ultrapassar.

TRANSFERÊNCIAS

3-Depois de quatro anos a operar na Praça do Comércio, com grande êxito para os seus imensos clientes e a dignificar a Baixa com os seus serviços de profissão em desaparecimento, a Chronospaper–Notebooks, uma loja-oficina de recuperação de livros instalada no antigo espaço da Casa Bonjardim, transferiu os seus serviços para a Rua Adelino Veiga, para o prédio da sede e propriedade do Partido Comunista Português.
Ao que parece, o edifício na antiga praça velha foi vendido e vai ser destinado a alojamento local nos pisos superiores e restauração no rés-do-chão. Com muita satisfação, a zona histórica vai poder continuar a contar com uma oferta que é única no casco velho.

ESTORRICAR EUROS EM RIBOMBINHAS

Foto de NOTÍCIAS DE COIMBRA.
(Imagem do jornal online Notícias de Coimbra)

4-Com muita pompa, muita circunstância e maior folguedo, foi inaugurada a Feira Cultural de Coimbra na sexta-feira da semana passada.
Tal como escrevi no ano passado, em que foram estorricados 170 mil euros -mais 40 mil do que no ano transato, de 2016-, numa política de terra-queimada, em que os ardidos são os comerciantes da Baixa -saliento que falamos de um centro histórico em que anualmente encerram dezenas de estabelecimentos-, o presidente da autarquia chama investimento ao acto solene de queimar mais 200 mil euros do erário público num acontecimento que, sendo pernicioso, nocivo, nada traz de retorno à cidade.
Tal como escrevi há um ano, repetindo, não tem qualquer explicação lógica estar a pagar alojamento (alegadamente em alguns casos) e a dar espaço público, gratuito, a comerciantes que vêm de vários pontos do país, nomeadamente artesãos, hotelaria, livraria e alfarrabistas, música e outras iniciativas. Há aqui uma tremenda confusão entre desempenhos que cabem por inteiro ao Governo e não a uma autarquia local. No mínimo, faria algum sentido se a edilidade se propusesse desenvolver áreas comerciais e industriais do concelho de Coimbra. Embora mesmo neste caso, a meu ver continuaria a ser um absurdo. O que a Câmara Municipal de Coimbra está fazer, à custa de dinheiro público que é de todos nós, é gerar uma concorrência desleal e selvagem entre os operadores estabelecidos e estes novos “nómadas”.

ENCERRAMENTOS SEM HISTÓRIA


5-Depois de cerca de seis meses em actividade na Rua das Padeiras, encerrou há dias a “Tecla Divertida”, uma loja de artigos de festa.
Desde janeiro, último, é 21º fecho de loja comercial.
Com mais duas anunciadas para este Julho que se aproxima a passos rápidos, uma na Rua Simões de Castro e outra na Praça 8 de Maio, nada parece acordar o Executivo Municipal para o que está acontecer. Mais virado para apostar fortemente na Cultura -Feira Cultural de Coimbra, no Parque da cidade, 202 mil euros, e Festival das Artes, no Convento de São Francisco e Quinta das Lágrimas, 70 mil euros- o socialista Manuel Machado, acompanhado pela vereadora do pelouro, parece querer dizer que o comércio tradicional não é cultura. Já agora, porque dá para ver que a sua (deles) concepção de erudição é muito limitada, fica aqui a designação universal: “Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano. É também definida em ciências sociais como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade.


ÓBITOS
Foto de Deolindo Pessoa.

6-Na terça-feira, da semana passada, com 84 anos, faleceu Santos Cardoso. Segundo o Diário de Coimbra (DC), “João José dos Santos Cardoso, que foi vereador na Câmara Municipal de Coimbra em três mandatos, faleceu ontem aos 84 anos. Eleito pelo Partido comunista, Santos Cardoso seria, profissionalmente, um administrador hospitalar de referência e, como ontem destacaram alguns dos seus amigos nas redes sociais, um defensor do Serviço Nacional de Saúde.
Entre o exagero desfocado para uns e o mínimo decente para outros, a meu ver, ficará para a história da cidade a pouca consideração que a Câmara Municipal atribuiu à partida de um homem que defendeu o serviço público durante doze anos e que nem direito teve à bandeira do município a cobrir a urna. Uma omissão simplesmente lamentável. Claro que não foi a primeira vez, nem será a última.

TERMÓMETRO COMERCIAL
Resultado de imagem para deus

7-Em face desta Primavera chuvosa e incómoda, continua no Centro Histórico a recolha de assinaturas para que, através de abaixo assinado, Deus destitua São Pedro da administração das águas do Céu. Já não são só os pequeníssimos, pequenos e médios comerciantes da Baixa a queixar-se dos desequilíbrios hormonais do santo -que não se sabe se estará com depressão se será um problema na bexiga-, ao que parece e segundo os jornais, a demasiada água que cai do alto aos trambolhões está também a afectar as exportações.
Quanto ao Governo ainda não se pronunciou, mas tudo indica que se continuar esta humidade molhada vai afectar o verão. Ora verão sem incêndios, sem o espectáculo do costume, vai ser uma pasmaceira. Às tantas, digo eu, António Costa também vai dizer qualquer coisinha sobre o assunto.
O que não se entende é o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, que comenta tudo o que mexe. Por que raio é que não se pronuncia? Já sabemos que é católico praticante, mas não deve ter nada a ver...

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