segunda-feira, 11 de junho de 2018

AS VÍTIMAS DO SISTEMA ECONÓMICO TENDENCIOSO E SISTÉMICO

(Imagem do Campeão das Províncias)




Em Alcarraques, na zona de Coimbra, há uma fábrica de transformação de baganha cuja "emissão de gases e de partículas sólidas, libertados para a atmosfera com cheiros cada vez mais nauseabundos e frequentes" que incomoda cada vez mais os residentes.
Pode ler aqui a notícia no Campeão das Províncias (clique em cima).
Começo com duas ressalvas que, para a minha avaliação ser profunda, sem estes dois tópicos de certo modo esvaziam quase totalmente o que vou escrever a seguir: não domino este caso em concreto e não moro próximo desta fábrica.
Como conheço ao de leve (pelos jornais) um acontecimento muito parecido, passado também com uma produção de bagaço de azeitona em Lameira de São Geraldo, tomo a liberdade de plasmar o que aconteceu nesta pequena aldeia, entre a Mealhada e o Luso.
Esta fábrica, após uma pressão ininterrupta dos moradores em redor sobre o executivo mealhadense durante vários anos, encerrou definitivamente há cerca de quatro anos, se a memória não me atraiçoa.
Não me lembro de ter visto, por parte deste poder local da terra do leitão, alguém a defender um investimento de alguns milhões de euros e a cerca de meia centena de empregos que foram para o galheiro -sim, porque, pelo que li na altura, esta indústria dava trabalho a cerca de 50 pessoas.
Não me lembro de ver ou ler alguém do poder local pugnar um direito de implantação que cabia por inteiro ao empresário, dono da fábrica, que não conheço. Isto porque o empreendimento tinha cerca de 60 anos sempre a laborar no mesmo local. Mais, na altura em que começou a confecção a zona de inserção era um descampado sem uma barraca em redor das instalações fabris.
Ora, por conseguinte, foi este poder político, sempre pronto a apoiar as maiorias, que durante várias décadas licenciou habitações à sua volta.
Como se vê, levando em conta as minhas afirmações, foi este mesmo poder local que, sempre lesto a advogar empresas e criação de emprego para a sua região nas campanhas eleitorais, sem direito a epitáfio enterrou sumariamente o sonho, o investimento e o esforço de um empresário que, até ao último momento, lutou para continuar.
No reverso, em discursos que ninguém leva a sério, a nível governamental, municipal e acompanhados em coro pelos partidos, pede-se a todos os santinhos que influenciem empresários para criar riqueza. Como é que se pode com as políticas medíocres e hipócritas de gente que, verdadeiramente, apenas está interessado no voto e perpetuar a sua continuidade?
A questão que me leva a interrogar é: como é que, neste clima económico onde se patrocina e financia quem nada faz, ainda há gente que continua a remar contra a maré?

1 comentário:

Anónimo disse...

Senhor Luis, que conhece pouco ou nada do assunto, nota-se bem. Se em vez de se dedicar à prosa encaralocada, fosse falar com as pessoas afetadas pela poluição, teria sido melhor, digo eu, é só uma sugestão. Não são os políticos que lá moram, são as pessoas comuns, que também trabalham e têm de viver, e por acaso os políticos até demoraram dezenas de anos a atuar. Como sabe, até há alguns anos, ninguém ligava nada a problemas de poluição. Os empresários criavam riqueza e por isso tinham direito a deitar a m. que quisessem para os rios e e para o ar. Porque, não sei se sabe (não sabe nada, afinal), aquelas populações afetadas são de uma vasta região em redor. A poluição do ar tem a particularidade original de não ficar confinada a um raio de 100 metros… Pelos vistos, ficou irritado por haver quem ouça a população. Pelos vistos, para si, o industrial ganhou uma espécie de direito de usucapião a poluir. É uma teoria original, pelo menos.