(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
“Por
conseguinte, das duas uma, ou o movimento Somos Coimbra
fala a uma só voz para
as grandes questões de cidade, como é o
caso da urgente
recuperação da zona histórica, ou olhando para o
passado
recente de outro movimento concorrente às eleições locais
em
2013, se não tiver cuidado, vai acontecer-lhe o mesmo.”
No
semanário Campeão das Províncias desta semana é noticiada a
posição de Ana Bastos, vereadora no executivo, sem pelouro, eleita
pelo movimento Somos Coimbra, sobre a implantação do IKEA no
Planalto de Santa Clara, processo que, entre o vai e não voltes e o
há-de vir se deus nosso senhor quiser, se arrasta há cerca de uma
dezena de anos.
Ora,
parafraseando o Campeão e este citando a acta camarária de 07 de
Maio, o que disse a autarca e docente universitária no hemiciclo?
Tanto como isto:
“A Câmara Municipal de
Coimbra (CMC) “deve acolher, incentivar e facilitar a fixação de
empreendimentos geradores de emprego e de riqueza, razão por que não
pode desperdiçar uma oportunidade absolutamente essencial para o
desenvolvimento da cidade e da região Centro”
E disse mais ainda: “Há
mais de cinco anos que a população de Coimbra espera pela
instalação da multinacional de origem sueca”, que acenou com um
“empreendimento-âncora de influência supra-regional”, vincou
Ana Bastos. DE acordo com ela, para além de mais de 300
postos de trabalho directos e indirectos que se perdem, o
investimento da IKEA contribuirá para combater a perda de população
do concelho conimbricense e para atrair milhares de pessoas
residentes na região Centro. “O pior que poderá acontecer a
Coimbra é a IKEA vir a instalar-se noutra cidade da região Centro”,
alegou a autarca.”
E rematava assim: “Exige-se
que a CMC reactive, com êxito, este processo, cuja resolução
depende unicamente de si e que será um factor de atracção de mais
investimentos; se não o fizer, Coimbra corre o risco de ver o
dossier ser remetido para as calendas gregas ou de outras cidades,
como Aveiro ou Leiria, aproveitarem esta janela de oportunidade”
concluiu Ana Bastos.”
RESPIRAR FUNDO E INTERROGAR
Quem
lê com atenção o terço de página do reputado jornal local fica
sem saber se estas declarações de Ana Bastos são feitas em nome
pessoal ou em representação do movimento que representa no
executivo municipal.
É que
sendo em nome individual, falando como consumidora e sem
responsabilidade no governo da cidade, as suas alegações são
legítimas. Afinal todos sabemos que, no seu todo, os consumidores
são uma massa abstrata que, sem visão de planeamento futuro,
alcança apenas um ponto de vista imediato e egoísta.
Se o seu
desempenho foi em nome do movimento Somos Coimbra, então, sendo
assim, só os lerdos entendem esta sua argumentação. Ou seja,
classificam-na como estouro de pólvora seca, vazia e sem nexo.
Por que
gosto muito de política, pela boca de José Manuel Silva, acompanhei
de perto as declarações deste novo agrupamento cívico e também do
PSD, através do candidato Jaime Ramos. Se este último foi
peremptório no apoio directo a novas grandes áreas comerciais -o
que, entre outros tiros no pé, contribuiu para perder a edilidade
para Manuel Machado-, já Manuel Silva foi deixando passar a ideia de
que era frontalmente contra novos grandes pontos de venda. E foi
dizendo amiúde que na sua candidatura cidadã a recuperação da
Baixa era um desígnio estrutural.
Por
conseguinte, das duas uma, ou o movimento Somos Coimbra fala a uma só
voz para as grandes questões de cidade, como é o caso da urgente
recuperação da zona histórica, ou olhando para o passado recente
de outro movimento concorrente às eleições locais em 2013, se não
tiver cuidado, vai acontecer-lhe o mesmo.
COM AMIGOS DESTES, MACHADO
NÃO PRECISA DE INIMIGOS
Tenho
muita pena de plasmar o que vou escrever a seguir: Coimbra, nas suas
mais de quatro décadas de democracia, nunca teve uma oposição tão
fraca, tão desorganizada, tão desconhecedora dos verdadeiros
problemas que assolam a urbe e o concelho.
Podemos até
acompanhar o féretro com muitas rosas desculpabilizantes, entre
outras, descarregando na imprensa o ónus da situação, afirmando
que oculta e não descreve as iniciativas da oposição. Mas, para
quem segue a doença desde a primeira manifestação, nas suas
metástases, dá para ver que o caso é bem mais grave.
É na minha opinião, e vale o que vale, quer a coligação Mais
Coimbra, composta pelos partidos PSD/CDS-PP/MPT/PPM, quer o movimento
Somos Coimbra dão a parecer que, por um lado, estão com assento na
câmara cada um por si, a fazer o seu caminho individualmente por pessoa, por
outro, a procurar não desagradar a ninguém e tentar satisfazer
todos. Não é preciso ser licenciado em sociologia para perceber
que, com estas ambições desorganizadas e antagónicas entre si,
este percurso vai acabar muito mal para as agremiações partidárias.
Claro que quem mais fica a perder é o munícipe-eleitor, que
continua a ser uma espécie de bola de pingue-pongue nas mãos destes
senhores.
Não admira que, com todos os defeitos estratégicos apontados, Manuel Machado apareça no meio deste ilusório jogo político como um Golias contra David. É certo que na história bíblica este último mata o primeiro, mas isso foi noutras eras, no tempo dos Filisteus. E a história nunca se repete com as mesmas circunstâncias.
Não admira que, com todos os defeitos estratégicos apontados, Manuel Machado apareça no meio deste ilusório jogo político como um Golias contra David. É certo que na história bíblica este último mata o primeiro, mas isso foi noutras eras, no tempo dos Filisteus. E a história nunca se repete com as mesmas circunstâncias.
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