quarta-feira, 13 de junho de 2018

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: UMA JOGADA DE MESTRE





Sob a precisa batuta da nova maestrina da Câmara Municipal de Coimbra, Regina Bento, na passada segunda-feira e ontem, terça-feira, pelas 21h30, no Clube Jazz ao Centro Clube, antigo Salão Brazil, foram apresentadas 33 propostas a concurso no 1.º Orçamento Participativo, promovido pela autarquia, e consideradas elegíveis pela Comissão de Análise Técnica.
Divididos entre o Coimbra Jovem Participa, direccionado a jovens entre os 14 e os 30 anos, com um teto máximo de 50 mil euros, e o Coimbra Participa, dirigido a um munícipe-alvo de idade superior a 30 anos, com um plafond de 100 mil euros, as ideias foram desenvolvidas pelos seus autores. Estarão a votação por via electrónica no portal do Coimbra Participa, acessível no site institucional da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) até 30 de Junho.
A nova vereadora, convidada para defender as cores do Partido Socialista na edilidade, promete. Tudo indica ter sido uma boa aquisição. Não é a primeira vez que escrevo isto mesmo. Com grandes segurança e competência, apresentou e, quando disso mesmo se tratou, soube encaixar bem as críticas que foram desferidas contra os serviços da CMC.

DAS IDEIAS

Quer na demonstração por parte dos jovens, quer na exibição das propostas por parte dos séniores ficou bem patente um denominador comum: uma gritante falta de sustentação sobre a matéria a expôr e um enorme desconhecimento sobre a zona que serviu como temática central, a Baixa. Sabendo todos os participantes que o que estava em causa no objecto do concurso era a “Dinamização do Centro Histórico” seria de supor que todos fossem melhor preparados. Na sua grande maioria, ressaltou que o que estavam ali a defender eram pontas soltas, divididas entre a animação social, música, teatro, tertúlias, decoração em grafiti, história da cidade, ocupação de lojas vazias, desporto, melhoria de recolha de lixo, saúde dos idosos, ecologia, aplicações para telemóveis e a substituição de serviços que, por si mesmo, já cabiam por inteiro à edilidade.

E QUEM VAI GANHAR?

Quem já ganhou e vai continuar a ganhar é Manuel Machado. O presidente da CMC, com a aplicação de uns escassos 150 mil euros e o argumento de que esta verba é essencial para revitalizar o Centro Histórico, Alta e Baixa, está a ganhar em toda a linha. E se alguém duvidar, bastava-lhe ter estado presente na divulgação do evento. Logo na segunda-feira, no final da mostra, Madalena Abreu, vereadora sem pelouro no executivo e em representação da Coligação “Mais Coimbra”, teceu rasgados elogios ao acontecimento. E mais, no dia seguinte, ontem, no Facebook, escreveu o seguinte: “As propostas para o orçamento participativo jovem... ideias excelentes. Criativas, executáveis e .... necessárias. Estão todos de parabéns. A nossa cidade a crescer.”
Se acrescentarmos que José Manuel Silva, líder do movimento “Somos Coimbra” e também vereador não-executivo concorreu com uma proposta, se dissermos que os deputados à Assembleia Municipal de Coimbra eleitos pelo movimento Cidadãos por Coimbra também estiveram presentes no antigo Salão Brazil e bateram palmas, fica tudo dito. Ou melhor, extasiado, deslumbrado e sem reacção.
Parabéns ao grande vencedor anunciado! Tenho de reconhecer que em terra de cegos quem tem olho é rei!

1 comentário:

Pedro Valente disse...

É um ponto de vista curioso este de que o grande vencedor do projecto do Orçamento Participativo de Coimbra seja o Presidente da Câmara.

Não há dúvidas de que o trabalho da Vereadora tem sido muito interessante.

No entanto importa lembrar que os orçamentos participativos não são propriamente uma novidade, havendo cidades de pequena dimensão no nosso país que já os têm há anos e com valores muito maiores. E por vezes até bem perto de Coimbra.

Estas autarquias retardatárias como Coimbra levam a cabo iniciativas destas muito por via da pressão exercida a um nível superior de poder, como são as instâncias europeias, e não por serem muito inovadoras.

Assim, quando o responsável máximo que há longos anos está no poder municipal deixa passar um comboio tão grande de ver como este, mesmo que tenha escolhido uma pessoa competente para liderar o processo, só pode sair perdedor.