quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O QUE ACHO?





Por José Xavier Nunes

 Já faz algum tempo que não acho nada. Tirando caroços de maçã, cascas de banana, maços de cigarros vazios, embalagens várias e variadas, já pouca coisa se acha. Houve uns tempos em que ainda se achavam umas moedas, mas agora, talvez por as pessoas andarem demasiado agarradas a elas, vão-se encontrando umas moeditas de cêntimo e não passa disso. Estamos conversados nesta matéria. -Muito gosto eu desta expressão...
A outros níveis de achamentos, aqui sim, já acho alguma coisa!! Entre outras, que os desvarios da classe política não podem tudo justificar. Desconfio que a falta de participação cívica dos cidadãos nas suas redes sociais, e não estou a falar destas modernices das novas tecnologias, também têm alguma coisa a ver com o estado de desgraça, ou falta de graça, a que chegámos.
Falemos então do que acho. Por exemplo, a cidade de Coimbra, onde vim aterrar de pára-quedas, o que não me tira o tal direito de achar, deve ter chegado a este ponto de degradação, ou semi-decomposição, em que se encontra, por culpa de alguém. Se não nos quisermos maçar muito atiramos as culpas para os políticos, as sucessivas presidências de câmara, e até podemos fazer apostas de qual foi o melhor presidente até hoje. E aqui voltamos ao princípio de que eu mesmo não sendo de Coimbra, por que será que sinto alguma culpa? Esta cidade não é um posto de abastecimento no deserto, tipo cena de filme americano. Tem história, que está implícita nos seus muitos monumentos e estatuetas espalhadas por ela. Não é um barraco que a qualquer momento se desmancha para partir em outras demandas. É uma cidade !!
Sendo assim e como tal, olhando para Coimbra, eu que até nem sou de cá, vejo a urbe com um grande potencial em vários aspectos. O que não consigo imaginar, mesmo que estejam na frente dos meus olhos, são as chagas que a cobrem de opróbrio e são vergonha até para mim, que nem sou de cá...
Pouco interessa tentar atribuir alguma culpa seja a quem for. São por demais óbvias as negligências, o desleixo, a incúria, de muitos espaços públicos para que se perca tempo a especular. Um arquitecto paisagístico poderá usar outros termos mais apropriados para definir estas coisas. Eu chamo-lhe… nojo!
Quando por essa Europa fora os Estados se esforçam por manter o património, embora o nosso bacoco orgulho de sermos europeus e possuirmos com frequência algumas coisas das melhores do velho continente, por aqui parece não nos interessar os casarões velhos que por estes arredores pululam. Os destroços da indústria situados na parte norte da cidade estão lá para quem os quiser ver, ou ignorar... O Jardim da Sereia, e tantos outros jardins, são matagais... As... Os...
É tão óbvia a podridão... O que é que acho??

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