segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

LEIA O DESPERTAR...



LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA 

Para além  do texto "INDEPENDENTES CONCORREM À CÂMARA", deixo também as crónicas ""FAZ FALTA UM NOVO 25 DE ABRIL""; "A MARIZINHA FEZ ANOS"; "ABCC: A MENINA JÁ TEM NOME"; e "REFLEXÃO: POR QUEM AS VELAS DOBRAM?"


INDEPENDENTES CONCORREM À CÂMARA

 Segundo o amplamente noticiado nos últimos dias nos jornais locais, com a sigla “Cidadãos por Coimbra”, vai avançar uma candidatura independente concorrente à Câmara de Coimbra nas próximas eleições autárquicas, em Outubro.
Acompanhado de um manifesto político, está a ser enviado um texto assinado a um largo espectro de conimbricenses. É subscrito por Ana Pires, geógrafa, José Dias, técnico de turismo, Miguel Cardina, historiador, e Olinda Lousã, bancária. Dividido em sete pontos, o documento enuncia “Coimbra é a nossa causa”; “Uma Coimbra das cidadãs e cidadãos”; “Uma Coimbra heterogénea e plural”; “Uma Coimbra culta e inteligente”; “Uma Coimbra Justa e amiga”; “Uma Coimbra séria, um município transparente”; “Uma Coimbra equilibrada e sustentável”; “Uma Coimbra com memória e ousadia”. Para além disso, o testemunho convida todos a apoiar enviando a sua inscrição para o endereço eletrónico cidadaos.coimbra@gmail.com e a participar nesta sexta-feira, dia 22, pelas 21h30, na Galeria Bar de Santa Clara, onde serão explanados os motivos desta pretensão à edilidade, e ainda solicita a comparência na apresentação pública, no dia 4 de Março, segunda-feira, pelas 19h00, no Café Santa Cruz.
Este movimento, apoiado na sua génese por vários professores universitários, reconhecidamente envolvidos na cultura da cidade, bancários, funcionários de seguros, empresários e outros que não se reveem nas já anunciadas candidaturas, são oriundos de partidos de esquerda, desde o Bloco ao Partido Socialista, e da direita, até ao Partido Social Democrata e contando com alguns liberais sem vinculação partidária definida. Ao que julgo saber, a apresentação desta moção ser feita no coração da Baixa não é totalmente inocente. Pretende-se a adesão maciça de comerciantes desta zona que, para além de não se identificarem com os candidatos propostos que na última década concorreram para o estado lastimoso desta parte da cidade, se sentem abandonados e procuram uma outra alternativa para os seus anseios.


“FAZ FALTA UM NOVO 25 DE ABRIL”

 Junto à estátua de Joaquim António de Aguiar, no Largo da Portagem, o “outdoor” pertencente ao MAS, Movimento Alternativo Socialista, em rodapé, ostenta a seguinte mensagem: “Faz falta um novo 25 de Abril”.
Como ressalva, antes de prosseguir, gostaria de deixar bem vincado que não sou saudosista e não tenho a mínima simpatia pelo tempo da “outra senhora”. Olho para essa época e para todos os seus intervenientes políticos, para o bem e para o mal, apenas como referentes históricos. Não tenho por costume dizer que “antigamente é que era bom!”. Aliás, irrita-me solenemente esta frase, sobretudo porque sou filho de gente muito humilde e, juntamente com os meus pais já falecidos, sofri muito para chegar ao bem-estar dos nossos dias. Mas, se por um lado não enalteço os três quartos do século XX, por outro lado, também não uso de escarnecimento para me referir a esse período da vida portuguesa. Para além de ter nascido em 1956, portanto ainda numa fase difícil do após-guerra, conheço um pouco da nossa história de Portugal, essencialmente o estertor da Monarquia, partir de 1861, e o que se passou com os três últimos Reis de Portugal. Sei também o que se passou no limiar da 1ª. República até ao golpe militar de 1926 que lhe pôs fim e, nesse ano, chamou Salazar para ministro das finanças por alguns meses, porque o país desde 1892 que continuava na bancarrota e sem crédito no exterior. Se os últimos Reis de Portugal, especialmente D. Luís e D. Carlos, viveram à tripa-forra, acima das suas possibilidades e pedindo cada vez mais dinheiro ao Parlamento para os seus gastos próprios, e também com Fontes Pereira de Melo a gastar o que não havia e a hipotecar a Nação, já na República foi o regabofe que se conhece, onde caíam mais rápido governos que estrelas no céu. Isto tudo para dizer que, se todo o homem é resultado da sua circunstância, do meio em que nasceu e viveu, compreendo que o Estado Novo, a partir de 1933, tendo em conta a situação das finanças nacionais e os ventos autoritários dos países em redor, não poderia ter tido outra forma de atuar. Ao escrever assim, não quer dizer que teça loas à sua forma de governar. O que quero dizer é que, perante os antecedentes, sem mão de ferro, dificilmente se teria conseguido alavancar as Finanças Públicas até ao superavit. Foi muito duro para quem pensava diferente? Não tenho dúvida nenhuma. Particularmente depois de 1945 já com a nova Pide a cercear a liberdade de expressão e os presos políticos a serem condenados em tribunais plenários sem julgamento justo. Deveria o regime ter sido mais abrangente para a Europa e menos protecionista e isolado? À distância de mais de meio-século, certamente que sim, mas, nos dias que correm, nos antípodas, com a abertura total de fronteiras e a globalização, começa a dar que pensar até que ponto Salazar estaria totalmente errado. De outro modo, em face do clamoroso falhanço das políticas económicas atuais de livre comércio, nem me surpreenderá nada se, a breve prazo, estivermos a caminhar para o mesmo, ou seja, para a proteção plena da nossa indústria e, por consequência, também o comércio interno.
Há cerca de 20 anos, mais propriamente em 1989, Fukuyama, um filósofo nipo-americano da era Reagan, profetizava o Fim da história –na linha de Hegel, em que a partir do momento em que a humanidade atingisse um equilíbrio entre o liberalismo e a igualdade jurídica ocorreria este final. Estava criado o paradigma com a queda do Muro de Berlin, o fim da Guerra fria, e a agonia do comunismo e do fascismo, surgiria o advento do capitalismo, com o mercado livre em toda a sua pujança como sinónimo de felicidade societária. Passados 24 anos o que resta deste climax de contentamento? O termo de um curto ciclo intermédio ou o início de uma nova história em sentido ascendente? Onde tudo o que foi conquistado nestas duas décadas nos está a ser retirado pela força coerciva dos governos e o Estado surge como opressor, ditador, controlador e inimigo público. Mesmo na liberdade de expressão e ao aceitar denúncias anónimas não está muito diferente do antigo regime. Nestes mais de 20 anos conseguimos uma plena igualdade social e jurídica? Sim, no papel, plasmados em direitos, liberdades e garantias, mas na prática nunca foi efetiva. O poder económico do cidadão sempre falou mais alto na hora da sua defesa pessoal, quer na saúde, quer na justiça. Ao longo destas duas décadas, com o sufrágio sufragado no voto, foi criada a ilusão de que o cidadão detinha poder. Perante o esboroar dos direitos constata-se o vazio da ideologia individual e o retomar de teses coletivistas absolutistas. Assistimos ao entrosamento do Estado na categoria de imperador e o cidadão a passar a súbdito subserviente. Por outro lado, e este é o verdadeiro problema, vimos que apesar deste exacerbado poder subtraído às massas populares o Estado-Nação, enquanto parte de um contrato social, está cada vez mais fragilizado, desorganizado e impossibilitado de prestar serviços básicos, e sem controlo na sua própria administração –veja-se o que está a acontecer com as autarquias. O sistema transformou-se em ambivalente e clientelar para os seus prosélitos. Curiosamente, já se viu isto mesmo nos finais do século XIX e princípios do seguinte.
Tinha razão, ainda que teoricamente, Salazar? Tinha! –Afirmemos sem inibição, ainda que custe a muitos aceitar este axioma, verdade sem contestação. O princípio estava, e continua, correto. E se alguém duvida, a experiência veio ratificar isso mesmo: a economia de livre mercado, sem regulação por parte do Estado, conduz a distorções, a orientações de abuso de posição dominante, por parte do mais forte economicamente e ao extermínio do mais fraco. Na forma, sabemos todos, são necessários reajustamentos, na medida em que não se pode cortar verticalmente com o exterior, a esmo, sem ponderação.
Tem razão o MAS, Movimento Alternativa Socialista, em pedir outro 25 de Abril? Tem, mas de pouco lhe vale ter! Agora só há capitães da areia, apoiados pelo mar. Do povo, perdido e que nem sabe o que quer, já não reza a história. No entanto, a pedir reflexão, não deixa de ser irónico um movimento de esquerda vir reivindicar uma nova revolução em plena democracia. Só quer dizer que, pelos resultados obtidos, os pressupostos que a sustentam estão errados e, mais que certo, reporta-nos para outros tempos.


A MARIAZINHA FEZ ANOS

 Na terça-feira da semana passada, não se sabe como, os muitos amigos da “Mariazinha”, a diretora técnica da botica com o mesmo nome, que tem sempre uma pomada só comparável ao melhor placebo do mundo e que cura todos os males do corpo e da alma, na Rua do Almoxarife, decidiram fazer-lhe uma surpresa. Vai daí, depois das 19h00, um grupo de comerciantes, à porta do seu estabelecimento, a “Tasca da Mariazinha”, mais conhecido na Baixa que a Universidade, com um apetitoso bolo, cantaram os parabéns à feliz aniversariante. Bem sei que deveria indicar o número de primaveras que já percorreu, mas, olhando para as rugas da sua fronte, nem preciso. Calculo que andará à volta da “ternura dos quarenta”. Para a posteridade ficou o registo de “um beijo que te dei” trocado entre a Maria e o Jacinto, o marido. No dia seguinte, esta beladona da rua estreita, teve também direito a uma serenata tocada e entoada numa canção original cujo poema falava da sua casa comercial e de um ambiente que ainda há poucos anos existia na Baixa e desapareceu nas brumas do silêncio. E a Mariazinha chorou.



ABCC: A MENINA JÁ TEM NOME

 Depois de 12 meses de gestação –o mesmo tempo que as mulas demoram a parir-, finalmente o projeto de associação de benemerência para os profissionais de comércio já tem nome e está registado: Associação de Beneficência ao Comerciante de Coimbra (ABCC).
Como se sabe, o nome proposto seria “Casa do Comerciante da Cidade Coimbra” mas tal denominação não foi aceite. Agora, nos próximos dias, os passos seguintes serão a constituição da associação no cartório notarial e promulgação em Diário da República.
É natural que se estranhe toda esta lentidão em torno deste processo, mas reflitamos: por um lado, já vimos que, na analogia, uma mula é pachorrenta, nasce devagar e caminha ao ralenti; por outro, pegando nas palavras do ministro nipónico de que os velhos deveriam morrer para não causar despesa ao Estado, dá para ver que quanto mais se demorar este processamento mais comerciantes vão morrendo e, se continuar na mesma velocidade, qualquer dia, quando se inaugurar a ABCC já não é necessária. 


REFLEXÃO: POR QUEM AS VELAS DOBRAM?

 O Arménio Pratas, comerciante na Baixa, faz lembrar um D. Quixote a lutar contra as velas do desânimo que alastra por estas bandas. Para debater a desgraça que se abateu sobre o comércio tradicional, e inserindo outros temas como a fiscalidade, o crédito e o apoio social, convidou a CPPME, Confederação Portuguesa das Micro Pequenas e Médias Empresas a vir a Coimbra debater estes problemas que atrofiam toda a classe. A CPPME disponibilizou-se e, para além do seu presidente João Pedro Soares, prometeu trazer consigo a Coimbra Eugénio Rosa, doutorado em economia e ligado ao PCP. Ficou marcado para hoje, sexta-feira, dia 22, um jantar-debate. Há hora em que encerramos a edição, o Pratas, como jumento feito caminheiro de causas perdidas a bater a todas as lojas, tinha conseguido uma dúzia de inscrições por parte de comerciantes. Em face deste malogro, podemos especular três possíveis interrogações: 1-Os comerciantes não veem no Arménio vocação para pregador; Os comerciantes temem que, pela filiação de Rosa, os comunistas ainda comam mercadores ao jantar; Os comerciantes, afinal, até estão bem de vida. Para quê discutir a sua situação?


1 comentário:

Anónimo disse...

O "MAS" é a causa do que levou ao aparecimento do Movimento.