Ontem, não se sabe como, os
muitos amigos da “Mariazinha”, a directora técnica da “Tasca” com o mesmo nome
que tem sempre uma pomada que cura todos os males do corpo e da alma, na Rua do
Almoxarife, decidiram fazer-lhe uma surpresa. Vai daí, depois das 19h00, um
grupo de comerciantes, à porta do seu estabelecimento mais conhecido na Baixa
que a Universidade, cantaram os parabéns à feliz aniversariante. Bem sei que
deveria indicar o número de primaveras que já percorreu, mas, olhando para as
rugas da fronte, nem preciso. Calculo que andará à volta da “ternura dos
quarenta”. Eu sou como o outro, raramente tenho dúvidas e dificilmente me
engano. Para a posteridade fica o registo de “um beijo que te dei” trocado
entre a Maria e o Jacinto, o marido.
SÓ PARA VEREM A IMPORTÂNCIA DA BOTICA DA MARIAZINHA, ATÉ COMPUS UMA CANÇÃO E INCLUÍ O SEU NOME NO POEMA:
HINO À CIDADE PERDIDA
“Olhem, tenham dó”,
gritava
a cigana,
“tenho
dez filhos e “mi home, entrevadinho”,
está
na cama, coitadinho, e não pode trabalhar;
Davam
uma moeda,
tinham
compaixão,
na
outra esquina um ceguinho repetia a lengalenga
trauteada
em oração;
No
largo em frente
jogavam
à moeda,
e
entre um copo e uma sardinha na tasca da Mariazinha
se
depuravam as mágoas;
ESTA CIDADE JÁ NÃO EXISTE
SÓ NA MEMÓRIA É QUE PERSISTE
O tempo passou
e tudo
mudou,
e a minha
rua que era luz, agora é triste, tem uma cruz
p’ra lembrar
que pereceu;
Já nem um pregão,
um gato a
miar,
só o
silêncio modorrão invadiu seu coração
e de quem
teima em ficar;
ESTA CIDADE NÃO TEM VIVER
JÁ NÃO TEM VIDA, ESTÁ A MORRER
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