(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
POR JOSÉ XAVIER NUNES
“A visão que estes entulhos têm de uma
Democracia está explícita no que disse o senhor presidente da quinta parte dos
cidadãos portugueses. Quem não votar, depois não se pode queixar. Lindo!! Como
se deambulássemos por aqui entre a queixa e o voto. Como se o voto fosse
remédio para a inépcia, negligência, arrogância e despudor com que andamos a
ser governados há 37 anos. E contra a corrupção?? Nada!!! E as auditorias às
Finanças Públicas??? Nada!!! E contra o Enriquecimento Ilícito? Nada!!! É
só bazófia democrática, apelo à ignorância política de um povo. Quantos
dos que vão votar hoje sabem o programa do partido em que votam??? Quantos vão
às urnas conscientemente? “Todos”, dirão os crápulas. Os honestos sabem que é
mentira. Muitos vão votar como o fariam se o Benfica, o Porto ou o Sporting concorressem
à governação deste país. E o que fazem os partidos fora do período eleitoral
para divulgarem os seus programas e "cultivarem politicamente" as
pessoas?? Pouco, ou nada!! São como as repartições públicas com horário de
expediente e quem não está que estivesse. Só espero que a abstenção seja hoje
maior do que nunca. E se mantenha por muito tempo, enquanto não for entendida
como uma posição que só tem um significado: NÃO!!! E a explicação bacoca de um
arregimentado da Comissão Nacional de Eleições de que o bom tempo pode ser
responsável por uma elevada taxa de abstenção não cola... não pega... não é
isso que o povo está a dizer!!! O povo estará talvez a dizer que não vai votar
porque nada muda com o seu voto. Está tudo arranjadinho para mais do mesmo... Enquanto
o populacho recorda os fandangos das
suas infâncias; “Ora agora viro eu, ora agora viras tu”!!! Que interessa ao
povo, e estou mesmo a falar de povo, daquele que vive com 200€ e 300€ por mês, ou
daquele que trabalha por 485€ sempre a pensar que a qualquer momento ainda fica
sem aquele, como dizia: que interessa ao povo ir em romaria às urnas, com o
peito inchado por ter cumprido o seu dever cívico, se a seguir, na manhã
seguinte, rebenta mais um escândalo de um gajo
qualquer que roubou uns milhões e está a salvo num paraíso distante sem que
nada lhe aconteça? Que interessa ao povo, o tal povo, ir votar sabendo que há
neste país autênticos marmanjos que ganham mais num mês do que ele a trabalhar
décadas, e muito mais do que o Presidente Obama e outros americanos em cargos
públicos, que, como sabemos, é a primeira economia mundial? Como pode o
administrador de um banco nacional, neste caso o Banco de Portugal, ganhar mais
do que o seu congénere do Tesouro Americano? Poder até podia, caso a nossa
economia estivesse no mesmo patamar. Acontece que não está! E não adianta esmiuçar
mais este assunto, porque não está, como é óbvio para toda a gente, menos para
os eleitos. Que exemplo dá o presidente de uma Europa economicamente moribunda
desbaratando 28,000€ para dormir quatro dias? Só podia ser português, claro!! Com
um pouco de sorte ganharei essa quantia em dois anos, se tiver onde a ganhar! E
um sujeito gasta isso em quatro noites? Até poderia gastar, caso tivesse
petróleo no quintal; não o pode fazer sendo presidente de uma União que tem
muita coisa menos petróleo. Então o que vai o povo fazer às urnas? Talvez o seu
próprio enterro...”
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