sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O MISTÉRIO DO LEVITADOR


 A meu ver, comparativamente, as artes de rua são a manifestação mais pura da cultura popular. Sem apoios governamentais ou autárquicos, estes artistas que pululam pelas cidades do país a darem animação a troco de uma simples moeda mereciam ter outro respeito e outra sorte. Se é certo que ninguém os desrespeita, também é verdade que, na maioria das vezes, não se olha duas vezes para quem presta um excelente serviço comunitário. Habitualmente vislumbra-se para o todo sem levar em conta as especificidades individuais. E há tanto para apreciar nestes saracoteantes da arte sem eira nem beira.
Nas suas idas e voltas de um destino programado ou pré-concebido, para fazer parar mesmo os transeuntes, estes criadores terão mesmo de ser muito bons, ou, pelo menos, chamar a atenção pela sua destreza e provocação associada. Foi o caso de hoje, na Praça 8 de Maio, em que, durante várias horas, um homem-estátua, aparentemente, a levitar provocava celeuma e admiração.
Entre a assistência, a tirar fotografias, o Américo Mascarenhas, um jornalista do Jornal de Notícias –não sei se ainda no activo-, atirou-me de supetão: “ó pá… ó pá! Já viste isto? É o Toino. Lembras-te dele, na Se Velha?”


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