quinta-feira, 9 de abril de 2015

E SE ACONTECESSE EM COIMBRA?





Na segunda-feira, 6 de Abril, Fernando Medina, ex-comunista e vice de António Costa, tomou posse como presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Perante a renúncia ao mandato para que fora nomeado, Costa preferiu abdicar da maior autarquia do país e ocupar-se a tempo inteiro da campanha eleitoral para primeiro-ministro.
Vamos rodar os ponteiros do relógio em grande velocidade. Paramos uns meses à frente, neste mesmo ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos em Outubro de 2015. Vamos imaginar.
António Costa ganhou as eleições legislativas. Sem a tal almejada maioria absoluta, que tanto se fartou de pugnar na campanha eleitoral, vai ter de fazer alianças e tudo indica que será com o PDR, Partido Democrático Republicano, liderado por Marinho e Pinto, que na percentagem alcançada nas urnas ficou muito próximo do PPD/PSD. Prosseguindo o rotativismo histórico entre os dois maiores partidos do centro, dando a vitória ao PS, os portugueses parecem indicar que não arriscam muito para além deles. Com esta derrota histórica dos Social-democratas tudo indica que o até agora primeiro-ministro Passos Coelho está a prazo. Há quem diga que os sinaleiros do partido já pedem a sua cabeça o que pode indiciar demissão a qualquer momento. Tal como os resultados para as Europeias mostraram, mais uma vez, o homem-foco destas eleições foi o ex-bastonário da Ordem dos Advogados que, sendo surpresa para uns e para outros nem tanto, permitem a Marinho a escolha de fazer parte ou não do novo governo, mas tudo indica que sim já que em anteriores declarações o deputado ao Parlamento Europeu várias vezes afirmou que “se fosse para bem do povo, até com o diabo fazia alianças”.
Nos resultados das outras forças políticas, conforme as sondagens indicavam, o PCP/PEV ultrapassou a barreira dos 10 por cento. O Bloco de Esquerda (BE), mesmo com o excelente trabalho da deputada ao Parlamento Europeu Marisa Matias, não conseguiu mostrar aos indecisos que, na linha do Syriza grego, pode ser uma opção para cortar com este Tratado Orçamental austeritário e que nos há-de conduzir a um de dois caminhos: ou uma terceira guerra mundial ou saída do euro e recuperação das moedas nacionais pelos países da comunidade. Nos seus menos de 5 por cento o BE quase desaparece e demonstra que a saída de Francisco Louçã foi uma má escolha para esta força partidária. A candidatura cidadã Tempo de Avançar, que reúne na mesma plataforma quatro organizações políticas –partido Livre, Fórum Manifesto, Renovação Comunista e MIC-PORTO- conquistou o mesmo número de votantes do Bloco. Significa que a união da esquerda não convence o eleitorado para a resolução dos nossos problemas nacionais.  O CDS/PP, contrariando os anunciados bons frutos, baixou para cerca de metade dos votos conseguidos em Junho de 2011 –o que vem indiciar também que o projecto Portas está esgotado e já não vende. Consta-se que, com esta derrota dos históricos aliados, está aberta a caça às bruxas e não há submarino que resista ao matraquear das espingardas. A abstenção subiu para números assustadores e a lembrar que alguma iniciativa terá de ser tomada para combater este fenómeno de desinteresse social na vida política.

REFLEXOS DA VITÓRIA SOCIALISTA NA CIDADE

Tudo indica que Manuel Machado, o até agora presidente da Câmara Municipal de Coimbra e ao mesmo tempo líder da ANMP, Associação Nacional de Municípios Portugueses, apesar de ter apoiado o anterior timoneiro socialista António José Seguro, vai integrar o governo de António Costa. Segundo informação fidedigna, só falta mesmo definir a pasta. Sabe-se que o até agora homem forte dos municípios portugueses gostava de embarcar nos transportes e poder resolver o “qui pro quo” do Metro Ligeiro de Superfície. Machado não se contenta em ficar ligado ao elevador do Mercado, a uma nova linha turística do eléctrico, a um futuro ascensor a ligar o Botânico à Baixa. Isto são trocos. Machado quer ficar na memória colectiva conimbricense bem assinalado e assinado na reposição de comboios sobre carris, pelo menos entre Coimbra e Lousã.
Em Coimbra, na Praça 8 de Maio, a mais que certa saída do presidente da edilidade, trocando a cadeira regional pela nacional, está a gerar forte apreensão nas hostes socialistas locais. É que por força da doutrina emergente da lista, a número dois no executivo camarário que lhe segue é Rosa Reis Marques. Acontece que desde as últimas eleições autárquicas, em 2013, ninguém deu pelo mandato da vice-presidente e responsável por vários pelouros, entre eles Recursos Humanos e Contabilidade e Finanças. Nestes dois anos, se é certo que não teve espinhos, Rosa também não teve brilho nem o seu perfume saiu do palácio presidencial. Sobretudo os senadores no partido da rosa, muitos acreditam na sua competência de administração hospitalar mas, alegando falta de perfil na arte de se relacionar e mediar, perguntam em surdina se para administrar uma autarquia não se tem de ser menos técnica e mais política. Perante a pressão a que está a ser sujeita, tudo indica que Rosa Marques não vai subir ao pódio presidencial. Ora quem segue a Rosa na lista?

QUEM TRAMOU O CIDADE?

O número três na lista é Carlos Cidade, ex-vereador no executivo cessante e ex-presidente da Comissão Política Concelhia do PS em Coimbra. Durante muito tempo, antes do sufrágio de 2013, este ex-sindicalista, ex-comunista e ex-chefe de gabinete de Machado até 2001 foi postulado como o candidato perfeito a liderar a Câmara Municipal mas, diz-se, os barões da Praça Fausto Correia tiveram receio de, elevando Carlos a número um, não ganhar a autarquia. Daí terem “rebuscado” o antigo presidente e o trazerem de novo para a ribalta.
Acontece que Carlos Cidade, apoiante de Costa desde o início, mesmo sendo o terceiro na escadaria, esfalfou-se em campanha nos subúrbios da urbe e, ao que se consta à boca cheia, o “Manuel da pera” colheu os frutos que o actual vereador das obras particulares semeou.
Diz-se também que há alguns parlamentares socialistas em Coimbra -que afinal acreditam que os ex-comunistas ainda comem meninos- a colocar o pau na roda para evitar a ascensão do vereador  promissor e que este venha a mandar na edilidade coimbrã. Ao que parece, o seu medo, traduzido na falta de confiança, assenta na grande competência de Carlos, que não olha a esforços de transpiração para atingir os seus objectivos. Correm fluídos que, se acaso este número três sobe a primeiro, o aparelho instalado na autarquia sofre um abanão de grau 8 na escala de Richter. Vão-se muitos dos ajustes directos tão referidos na imprensa e muitas cabeças nomeadas pela cor vão rolar. Aflora-se também que tomando o lugar vai nomear vereador com pelouro a tempo inteiro Ferreira da Silva, o líder do movimento Cidadãos por Coimbra. A ser assim, um escândalo para os socialistas ortodoxos.
Diga-se a propósito que por aqui, pela Baixa, a cotação de popularidade de Carlos Cidade atinge os 90 por cento. Mesmo sem fazer muito por dar nas vistas, a verdade é que as pessoas reconhecem a sensibilidade e, como sendo o filho do falecido Inácio do Café Santa Cruz, sentem que este homem é confiável e um dos seus. Vamos aguardar até de aqui a uns dias. O programa segue dentro de momentos.



1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo
Um artigo cheio de ledice!
Afinal há uma luzinha ao fundo do túnel! Ou será fundo do poço?
Na fotografia sabemos que luz deve aumentar ao quadrado cada vez que dobramos a distância. Se usamos um flash na sua máxima potencia para iluminar as feições de uma bela moça a um metro de distância então a quatro metros necessitaremos de dezasseis flashes da mesma potência para obter a mesma exposição.
Esta constante da física leva-me a crer esperancado que esta luzinha, como o poço é fundo, será um grande holofote!
Quem sabe uma estrelinha?

Um grande abraço
Álvaro José da Silva Pratas Leitão