Hoje, cerca das 18h30, quem arribasse à Praça
do Comércio era surpreendido por dois ajuntamentos de pessoas. Pelo primeiro,
tratava-se da inauguração de uma galeria de arte e venda de antiguidades, propriedade
do Carlos Jorge Monteiro, mais conhecido por “Cajó”, reconhecido fotógrafo do Diário as Beiras e outros jornais
nacionais em que foi e é colaborador. Pelo segundo, o amontoado de indivíduos era justificado pela necessidade de ingresso num novo estabelecimento de Crepes
e outros doces de estalar o palato que abriu no Sábado e, pelo tremendo êxito,
já está a dar que falar e a colocar em causa todas as teorias de decrepitude
desta área velha. O facto de os clientes esperarem em fila para provarem as
suas especialidades mostra que havendo ideias novas e originais as pessoas
acorrem.
Entre os dois agrupamentos havia uma diferença
abissal. Se no segundo era gente simples pronta a satisfazer um desejo com
sabor a chocolate, já o primeiro, no da inauguração do “Cajó”, estava a fina
flor da nossa aldeia. Como é natural –e isso nem provoca comichão- o
quartel-general do Diário as Beiras marcava presença –que até fez notícia na
primeira página sobre o evento empresarial do seu colaborador. Mas não era
tudo. Estava o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, estava
o vereador do desporto, Carlos Cidade, a vereadora da Cultura, Carina Gomes,
estava o assessor de imprensa da autarquia, Aníbal Rodrigues, e pela minha
pressa, como não vi todos, provavelmente haveria mais vereadores e chefes de
gabinete. Para além destes, para equilibrar a imprensa escrita local, também o Diário de Coimbra estava representado, com Arménio Travassos, assim como o presidente do Turismo do Centro, Pedro
Machado, o presidente da Académica, Eduardo Simões, reputados médicos da cidade,
como Polybio Serra e Silva, e também o Carlos Costa, um homem humilde do povo e
residente numa destas ruas estreitas, que comia um pastel de carne com apetite
dobrado.
Uma vitória já o “Cajó” conseguiu: tirar
Manuel Machado do gabinete e trazê-lo para a rua para inaugurar uma loja.
Conheço o Carlos Monteiro há muitos anos e é claro que para além de boa pessoa,
bom profissional, é muito inteligente. Com a sua sagacidade, o Carlos veio
mostrar que desde que se dê um suculento lanche o presidente da Câmara está cá.
Ora, confesso, sinto-me completamente estúpido. Como é que eu não vi isto antes?
Ando eu há cerca de dois anos a “martelar” na cabeça do Machado, a dizer que
ele nunca sai da Praça 8 de Maio e afinal não é assim. Desde que haja croquete
e rissol para acompanhar o corte da fita o homem está cá. De aqui para a frente,
porque Machado, para além de ser equitativo é Socialista, não gosta de
discriminar ninguém, quem o quiser ter no acto inaugural faça o mesmo e ele irá.
Por isso mesmo, para si leitor, se está
a pensar em abrir uma loja na Baixa pode contar com toda a equipa da edilidade…
desde que haja petisco.
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