terça-feira, 28 de abril de 2015

DOIS FENÓMENOS NA PRAÇA VELHA



Hoje, cerca das 18h30, quem arribasse à Praça do Comércio era surpreendido por dois ajuntamentos de pessoas. Pelo primeiro, tratava-se da inauguração de uma galeria de arte e venda de antiguidades, propriedade do Carlos Jorge Monteiro, mais conhecido por “Cajó”, reconhecido fotógrafo do Diário as Beiras e outros jornais nacionais em que foi e é colaborador. Pelo segundo, o amontoado de indivíduos era justificado pela necessidade de ingresso num novo estabelecimento de Crepes e outros doces de estalar o palato que abriu no Sábado e, pelo tremendo êxito, já está a dar que falar e a colocar em causa todas as teorias de decrepitude desta área velha. O facto de os clientes esperarem em fila para provarem as suas especialidades mostra que havendo ideias novas e originais as pessoas acorrem.
Entre os dois agrupamentos havia uma diferença abissal. Se no segundo era gente simples pronta a satisfazer um desejo com sabor a chocolate, já o primeiro, no da inauguração do “Cajó”, estava a fina flor da nossa aldeia. Como é natural –e isso nem provoca comichão- o quartel-general do Diário as Beiras marcava presença –que até fez notícia na primeira página sobre o evento empresarial do seu colaborador. Mas não era tudo. Estava o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, estava o vereador do desporto, Carlos Cidade, a vereadora da Cultura, Carina Gomes, estava o assessor de imprensa da autarquia, Aníbal Rodrigues, e pela minha pressa, como não vi todos, provavelmente haveria mais vereadores e chefes de gabinete. Para além destes, para equilibrar a imprensa escrita local, também o Diário de Coimbra estava representado, com Arménio Travassos, assim como o presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, o presidente da Académica, Eduardo Simões, reputados médicos da cidade, como Polybio Serra e Silva, e também o Carlos Costa, um homem humilde do povo e residente numa destas ruas estreitas, que comia um pastel de carne com apetite dobrado.
Uma vitória já o “Cajó” conseguiu: tirar Manuel Machado do gabinete e trazê-lo para a rua para inaugurar uma loja. Conheço o Carlos Monteiro há muitos anos e é claro que para além de boa pessoa, bom profissional, é muito inteligente. Com a sua sagacidade, o Carlos veio mostrar que desde que se dê um suculento lanche o presidente da Câmara está cá. Ora, confesso, sinto-me completamente estúpido. Como é que eu não vi isto antes? Ando eu há cerca de dois anos a “martelar” na cabeça do Machado, a dizer que ele nunca sai da Praça 8 de Maio e afinal não é assim. Desde que haja croquete e rissol para acompanhar o corte da fita o homem está cá. De aqui para a frente, porque Machado, para além de ser equitativo é Socialista, não gosta de discriminar ninguém, quem o quiser ter no acto inaugural faça o mesmo e ele irá.
Por isso mesmo, para si leitor, se está a pensar em abrir uma loja na Baixa pode contar com toda a equipa da edilidade… desde que haja petisco.




Sem comentários: