Em Outubro do ano passado a “Pepperrosso” marcava presença na Baixa,
no Centro Comercial Visconde, na Rua Visconde da Luz. Neste final de Março e seis meses depois, sem
pompa, sem glória, sem oração de encomenda, este estabelecimento ligado a
acessórios de moda, carteiras, echarpes, cintos e bijuteria, partiu sem um
adeus –lembro que a marca detém no país, creio, 17 lojas.
Por unanimidade, na semana passada, o
executivo municipal “aprovou a redução de
95 por cento das taxas relativas à instalação de actividades económicas nas
áreas de reabilitação das zonas urbanas da Alta, Baixa, Rio e área classificada
como Património Mundial. (…) A medida pretende funcionar como incentivo à
criação de micro, pequenas e médias empresas, de modo a contribuir para
a dinamização e a impedir a fuga de actividades económicas da área do centro
histórico da cidade”, in Diário de Coimbra.
Naturalmente que não pretendo ser somente
um bota-abaixista ao criticar esta medida –até porque estaria certa se fosse
alargada a todos os operadores incluindo os já implantados-, mas ninguém me
tira da ideia de que estamos perante um defender
para a frente, um atirar fumaça para os olhos de quem não pensa muito sobre
o que se passa verdadeiramente nesta zona velha. Se assim for, emerge a
pergunta: mas houve unanimidade, não houve? E a oposição não cogita pela sua
própria cabeça? Não deveria ver os problemas com outros olhos? Pelos vistos,
constata-se, há unanimismo na forma de sentir sem saber o que se passa no
comércio local. Executivo e oposição estão todos tão perto mas agem como se
estivessem no Terreiro do Paço. Não sabem nem querem saber.
Vou tentar ser mais claro. A
Câmara Municipal verdadeiramente deveria estar preocupada com quem está e,
dentro das suas prerrogativas, criar condições para os negócios se aguentarem.
O que está acontecer é que os estabelecimentos mais antigos estão a desaparecer
perante a nossa total passividade. É certo que quem vem de novo deve ter apoio.
Deve sim, mas não em regime de exclusividade. Se entendermos que o comércio (e
hotelaria) é cada vez mais um exercício de alto risco e de perigosidade
iminente, deve haver algum cuidado ao fomentar novas actividades. Se assim não
for, poderemos até pensar que o poder local está a servir-se da inexperiência
dos incautos para mostrar que a cidade comercial está de boa saúde e
recomenda-se. Claro que nem ligo estas medidas a eleições próximas, já que a oposição
alinhou na mesma bitola, mas quem governa está obrigado a uma ponderação
constante entre a execução e a consequência.
Voltando ao claudicar da “Pepperosso”, para alguns políticos
locais que, na sua verborreia carregada de nadas e vazios de coisa alguma
porque não estão interessados em aprofundar seja o que for, sustentam com
grande solenidade que Coimbra é a cidade do país com maior poder de compra
talvez este encerramento devesse suscitar a discussão –porque, infelizmente,
vai haver muitos mais.
Com toda a franqueza, por já escrever tanto
sobre o que se está a passar na Baixa –em que contrariando o bom-senso
económico, com a procura no vermelho, cada vez abrem mais estabelecimentos- até
a mim me aborreço. Ora sendo assim, a pergunta emerge: porque continuo a malhar
na pedra dura? Se calhar, mais que certo e na minha inocência de tontinho, ou
obsessão de esquizofrenia, estou à espera que quem detém o poder na Praça 8 de
Maio venha para a rua ouvir os interessados, pare, leia e, antes de
regulamentar seja o que for, se informe e pense no que está acontecer.
É óbvio que ao pretender tal
reflexão, porque alegadamente extrapolo os factos, sou mitómano. Só posso mesmo ser!
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