Na página "OLHARES... POR COIMBRA E PELO PAÍS", na rubrica "NÓS POR CÁ..." leia o texto "QUEIRÓS & NÓS" e a crónica "BAIXA: DEZ MINUTOS DE BÁTEGA"
CMC: QUEIRÓS & NÓS
A última sessão do executivo municipal,
realizada na penúltima segunda-feira 13, foi controversa. Entre as várias
propostas levadas à mesa uma provocou acesa discussão. Tratava-se de renovar o
contrato, por ajuste direto, de serviços de uma sociedade prestadora de
assessoria de comunicação, a “Valor de
Fundo”, empresa que, “segundo o
portal Notícias de Coimbra, os seus proprietários intervieram na campanha
inerente à eleição de Manuel Machado”. Por outro lado, no debate prévio,
iniciado por Manuel Machado e líder do PS que governa a edilidade, a questão
colocada pela oposição foi, por um lado, inventariar os serviços prestados no
que fora feito até aí pela “Valor de
Fundo”, por outro, rebater a imprescindibilidade de um serviço que já estava
a ser feito por um assessor de imprensa, Aníbal Rodrigues (ex-jornalista do
Jornal Público), e também que a própria autarquia possui ao seu serviço cerca
de uma dezena de funcionários ligados à comunicação. Por tudo isto, que argumentos
poderiam justificar a contratação da “Valor
de Fundo, por mais um ano, na importância de 40,000 euros?
De alegação em alegação, contra a proposta
levada à mesa pelo presidente da Câmara, a oposição fez o seu trabalho e,
segundo este semanário, “o negócio esteve
tremido, mas uma conversa entre o líder do Município e o vereador da CDU,
ocorrida fora da sala de sessões, terá sido determinante para a abstenção de
Francisco Queirós. “Tenho dificuldade em dizer que a Câmara Municipal de
Coimbra pode continuar a fazer aquilo que não sei o que é”, afirmara o autarca
comunista antes de se ausentar da sala de reuniões para conversar com Manuel
Machado. Mas isso foi antes. Na hora da votação, o vereador da CDU, com o
pelouro da Habitação, foi o único da dita oposição a viabilizar o voto de
qualidade do presidente da Câmara.”
Porque é preciso esclarecer a opinião pública,
por que os munícipes pedem uma explicação cabal, remeti, por escrito, três
perguntas a Francisco Queirós e, na volta do correio, recebi as suas respostas.
Ei-las:
Pergunta: o
que o levou a abster-se depois de se manifestar apreensivo?
Resposta: o que foi descrito como tendo ocorrido está
profundamente ficcionado. Não saí da sala acompanhado pelo presidente. Como é
natural procuro sair o menos possível da sala de reuniões. Só o faço por
motivos de força maior. Atender um telefonema ou algo semelhante. E,
evidentemente, porque mesmo um comunista tem bexiga e próstata… Assim, numa
reunião que começou às 15h00 e terminou cerca das 21h30, terei saído da sala
duas ou três vezes pelo tempo necessário…
Quanto à questão: nada tenho contra a promoção da imagem da cidade,
tanto mais necessária quando é Património da Humanidade e tem para abrir em
breve um equipamento como o Convento de São Francisco. Coloquei diversas
dúvidas relativamente a questões processuais e de total clareza, sobre quem
deve fazer essa promoção e sobretudo como será feita. Deve sê-lo com total
transparência e prestação regular do exercício. Algumas das minhas apreensões
foram respondidas. O "ajuste" obrigatoriamente terá de ter o
relatório de atividades.
Acrescento que a questão dos ajustes diretos é habitualmente mal
colocada. Há questões que devem ser motivo de concurso público. A lei a tal
obriga e os princípios que defendo também. Contudo, refira-se ainda que as
atuais regras e normas legais dos próprios concursos públicos deixam muito a
desejar quanto ao que se deve esperar do serviço a prestar aos cidadãos. Nem
sempre o preço mais baixo é o melhor. E uma empresa que manifestamente não
cumpre pode "ganhar" um concurso. A CDU e o PCP há muito que defendem
a alteração da legislação. Há situações em que é preciso existir confiança
técnica na empresa a contratar e isso não está garantido pelo atual
enquadramento legal. Por exemplo, uma empresa que vença um concurso por
apresentar um preço mais baixo é muitas vezes uma empresa que não cumpre as
suas obrigações para com os seus trabalhadores. E não há, no atual quadro, como
a impedir de concorrer.
P: há
ou não uma “santa aliança” entre a CDU e o PS na Câmara Municipal de Coimbra?
R: Quanto à aliança vodka/laranja, perdão, com
o PS é ficção. Não houve qualquer acordo com o PSD antes e não há qualquer
acordo com o PS. Só com a população da cidade. Essa sim é a aliança sagrada.
P: pela
sua abstenção em alguns ajustes diretos polémicos, que tem permitido a sua aprovação,
não teme que a CDU saia chamuscada no seu necessário e legítimo papel de
oposição no executivo?
R: Não, não temo. Desenvolvo o meu mandato em consciência. Só estou ao
serviço do povo que me elegeu e só aos munícipes presto contas. A CDU,
Coligação Democrática Unitária, é uma aliança entre dois partidos o PCP e o
PEV, Partido Ecologista “Os Verdes”. Mas é muito mais do que isso, é uma
aliança com as populações. A CDU é uma filosofia de vida.
BAIXA: DEZ MINUTOS DE BÁTEGA
Cerca do meio-dia de terça-feira da semana
passada, bastaram dez minutos de chuva grossa para, mais uma vez e tal como em
anos anteriores, a Praça 8 de Maio ficar intransitável com cerca de 25
centímetros de altura de água e a entrar na vetusta igreja de Santa Cruz.
Focando a Baixa e já depois ca construção da Barragem da Aguieira, felizmente, e
contrariamente a casos anteriores, houve poucos estabelecimentos inundados. A
enchente circunscreveu-se ao adro do memorial.
A maior cheia que há lembrança ocorreu em 22
de Setembro de 2008 em que dezenas de lojas ficaram inundadas nas ruas
estreitas adjacentes e no antigo largo de Sansão –assim conhecido por ter
existido um chafariz com a estátua de Sansão desde 1592 até 1838, quando foi
demolido por apresentar avançado estado de ruína. Em 1874 a sua toponímia foi alterada
para Praça 8 de Maio, por alturas das comemorações do aniversário da entrada
das forças liberais do Duque da Terceira na cidade de Coimbra em 8 de Maio de
1834. No Verão de 1995, sob a égide de Manuel Machado, na altura presidente da
Câmara Municipal e atual, e projeto de Fernando Távora, iniciaram-se as obras
de rebaixamento da praça com a intenção de nivelar a entrada da igreja de Santa
Cruz e libertar o trânsito da zona e modificar as ruas do canal para vias
pedonais. A verdade é que esta alteração arquitetónica, cuja intenção a par da
pedonalização era transformar o largo em palco natural de festividades, nunca
obteve unanimidade entre os conimbricenses e mais particularmente entre os
comerciantes. Do ponto de vista económico, nestes vinte anos, tem sido um
sorvedouro de dinheiros públicos. Começou logo nas rampas de acesso às artérias
laterais que, sendo apresentadas inicialmente com pedra de Ançã, proporcionou
grandes trambolhões a muitos transeuntes. Uma senhora de Almalaguês viria a
morrer nos HUC, Hospitais da Universidade de Coimbra, por uma queda ocorrida no
local –por desistência da família em levar o acidente à barra nunca foi
estabelecido o nexo de causalidade. Os custos de projeto continuaram a
aumentar, nomeadamente, com os corrimões, que já foram substituídos e reparados
várias vezes, o lajeado demasiado escorregadio do chão do rossio e o lago
central. No princípio era um tanque arredondado com água parada o que, em
consequência, passou a ser um repositório de lixo. Em 2001, Carlos Encarnação
ganhou a autarquia e, para colmatar maiores prejuízos para uma ideia infeliz,
mandou colocar repuxos e fazer o tamponamento com uma rede em alumínio. Como em
2013 Manuel Machado, em representação do PS, Partido Socialista, viria a
recuperar a edilidade e a apear a Coligação por Coimbra, cujo partido
maioritário era o PSD, das suas obras recentes, uma foi, há pouco tempo,
transformar novamente o arredondado tanque e voltar a enchê-lo. Os resultados,
como era de prever, é, volta e meia, os funcionários camarários andarem a
pescar “sardunhos” –uma espécie
biodegradável tão nossa conhecida. Salvo melhor opinião, é uma praça com pouca
dignidade, tendo em conta a sua importância de localização junto do Panteão
Nacional.
Ao longo desta vintena de anos e com maior
incidência nos últimos sete anos –provavelmente ligado ao assoreamento do
Mondego-, as enchentes são mais do que muitas na velha praça e levando a
grandes prejuízos para os comerciantes, sobretudo as de Setembro de 2008 e
Dezembro de 2013. Como já é tradicional, logo a seguir às enxurradas vêm os
responsáveis, da Proteção Civil e outros, largarem pérolas e lágrimas sobre as
águas, aumentando ainda mais o caudal, e a prometerem uma solução para este
continuado desleixo que incomoda quem cá vive e vem de fora. É óbvio que não
somos engenheiros mas para se ser saber se um cozinhado está bom também não se
precisa ser cozinheiro. Quero dizer que para se apreciar as funções de uma obra,
na sua eficácia, não é necessário ser diplomado. Ora, o que ressalta à vista
desarmada é que as grelhas de escoamento nesta praceta são demasiadamente
estreitas e, com o rebaixamento do largo e a funcionar como depósito recetor
das águas que provém da Alta da cidade juntamente com folhas e lixo diverso,
devido à torrente elevada, não podem cumprir a sua tarefa.
Será desta que esta obra tão necessária vai
arrancar? Hum!...
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