(Imagem da Web)
“RECORDAÇÃO”
POR ZÉ DA BRENHA
“Fui um dia de mansinho
ao sótão dos trastes
velhos
tentar reviver sozinho
o já distante caminho
que me separa de mim;
Degraus velhos, carcomidos,
o ranger da fechadura,
os gonzos apodrecidos,
o bafio dos tempos
idos
impregnados de
ausência
eram a certeza dura
da minha vida em
falência;
Entrei…
Reinava a desolação, a
agonia.
e tudo o dantes era o
meu mundo de quimera,
jazia só,
em contornos
imprecisos
sob montanhas de pó;
Silêncio…
Envolto em recordação,
arquitectura de
delicados fios dourados
envolviam a moldura de
sonho leve e candura
que foram tempos
passados;
O Pião de tão lindas melodias,
como eu ficava
contente
quando ele girava,
girava,
velozmente...
Agora sou eu que giro
mas…
de maneira diferente;
O triciclo já sem rodas…
das corridas no jardim
dessa alegria sem par,
hoje corro atrás de
mim
sem as conseguir
agarrar!
O carro da bomba,
vermelho,
sem bombeiros,
desmanteladas as rodas
em três bocados a escada.
Talvez por isso,
talvez;
que ao cimo não
chegarei
de tão íngreme
escalada;
E aquele aeroplano
que me fizera o avô
e que tão alto subia?
Jaz sem asas e sem
leme.
Quis voar também um
dia
e as minhas asas quebradas
por lhe faltarem as
forças;
Coitadas!...
Não me levaram por
cima
dos montes que ao
longe via;
Recordações,
bocados do tempo
antigo,
retratos velhos,
o baú das ilusões
da minha alma a sorrir.
Tanta, tanta saudade
morta,
por detrás daquela
porta
que eu não voltarei
a abrir!...
Sem comentários:
Enviar um comentário