A semana passada escrevi aqui uma longa crónica, com o título: "Editorial: mudam-se os penicos mas...", em que referia a (não) intervenção de Pedro Bingre do Amaral a favor do comércio tradicional e sobre a aprovação por unanimidade da futura -espera-se que seja presumível- grande superfície do IKEA a instalar no Planalto de Santa Clara.
Como fui contemplado amavelmente por parte do movimento Cidadãos por Coimbra com a carta escrita da intervenção do citado, a bem da verdade e como é minha obrigação, fica aqui a transcrição da sua interferência no plenário.
(Intervenção de Pedro Bingre
do Amaral, em substituição de José Augusto Ferreira da Silva, vereador
do Cidadãos por Coimbra, na Reunião Ordinária do Executivo, realizada
a 9 de Dezembro de 2013, sobre o Estudo de Impacto Ambiental da futura
grande superfície do IKEA, presumivelmente, a instalar no Planalto de Santa
Clara)
“Planeamento do território — o estudo de impacto ambiental do IKEA
Foi submetido a aprovação pelos vereadores de Coimbra o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) da futura loja IKEA, ao planalto de Santa Clara.
Tratando-se de um documento essencialmente técnico cujos conteúdos devem
obedecer à legislação em vigor, e não havendo qualquer evidência
técnico-científica de inconformidades às regulamentações ambientais, o
movimento Cidadãos por Coimbra não pôde deixar de aprová-lo — sobretudo à luz
do parecer favorável anteriormente dado pelos técnicos camarários.
No entanto, se a aprovação em critérios técnico-científicos é
irrecusável, a apreciação política é menos favorável. O EIA apresentado
contempla apenas uma hipótese de localização — o referido planalto — e,
como alternativa única, a não construção do complexo comercial. Exclui,
portanto, a possibilidade de construir aquela superfície em antigos lotes industriais
hoje sem uso, como por exemplo entre a Avenida Fernão de Magalhães e a via-férrea,
ou no parque industrial da Pedrulha.
Perde-se, assim, a oportunidade de reanimar o comércio da Baixa de
Coimbra, que poderia beneficiar sobremaneira do influxo de novos clientes às
imediações desse bairro histórico, caso a loja se implantasse à beira-rio.
Perde-se a oportunidade de reciclar solo industrial já infra-estruturado, caso
a implantação se desse na Pedrulha.
Em contrapartida, obriga-se à infra-estruturação de terrenos rústicos,
criando mais estruturas dispersas que cuja manutenção irá onerar a médio e
longo prazo a autarquia. E, por fim, agrava-se sobremaneira o gravíssimo
processo de pauperização dos mercados da Baixa de Coimbra, ao concentrar os
atractivos comerciais numa localização que tanto subtrai clientes ao comércio
de proximidade como, paradoxalmente, atrai clientes de localidades distantes.
Por estes motivos, os Cidadãos por Coimbra rogam ao executivo
autárquico que encete conversações com o IKEA de modo a encontrar, na medida do
possível, uma localização para o seu projecto capaz de criar sinergias com o
comércio local da cidade, e em particular da sua Baixa.”
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