(Imagem da Web)
MULHER…
Mulher, passas com graça em passo cadenciado,
rápido, certeiro, como
lebre ligeira a atravessar
a rua, em tiras de
silêncio só pelo vento notado,
pressinto que foges de
tudo, até do teu olhar,
não gostas do frio da
noite envolvente e afiado,
detestas a chuva
teimosa que te quer abraçar,
embirras com o Natal
que se mostra apaixonado,
provoca-te angústia, uma
neurose de endoidar,
a música na rua dá-te
uma tristeza de desagrado,
o presépio, José e
Maria com falso abençoar,
aquele menino de
carinha fingida meio atoleimado,
num ambiente pobre,
desgraçado, que até faz chorar,
pedes aos santos que
te levem deste recanto agitado,
procuras um abraço que
a tua alma possa acalmar,
rogas uma paixão que
te traga um amor anunciado,
se ele aparecer, vais
fugir do fogo para não te queimar,
continuas em busca de
um destino que julgas adivinhado,
falas pouco, nem com
Deus que teima em te aldrabar,
nunca cumpre o que Lhe
pedes, parece amulherado,
às tantas é machista,
discrimina alguns no acarinhar,
este mundo é um
tormento, filho da mãe, odiado,
tudo o que avistas te
provoca dor e faz afundar,
Mulher, não procures a paz no horizonte
alvorado,
não amaldiçoes a vida
em busca do teu animar,
o teu sossego está tão
perto de ti, enjaulado,
está no teu coração,
abre-o à alegria, deixa entrar,
expulsa os demónios
que te mantém aprisionada.
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