quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

MULHER...

(Imagem da Web)


MULHER…

Mulher, passas com graça em passo cadenciado,
rápido, certeiro, como lebre ligeira a atravessar
a rua, em tiras de silêncio só pelo vento notado,
pressinto que foges de tudo, até do teu olhar,
não gostas do frio da noite envolvente e afiado,
detestas a chuva teimosa que te quer abraçar,
embirras com o Natal que se mostra apaixonado,
provoca-te angústia, uma neurose de endoidar,
a música na rua dá-te uma tristeza de desagrado,
o presépio, José e Maria com falso abençoar,
aquele menino de carinha fingida meio atoleimado,
num ambiente pobre, desgraçado, que até faz chorar,
pedes aos santos que te levem deste recanto agitado,
procuras um abraço que a tua alma possa acalmar,
rogas uma paixão que te traga um amor anunciado,
se ele aparecer, vais fugir do fogo para não te queimar,
continuas em busca de um destino que julgas adivinhado,
falas pouco, nem com Deus que teima em te aldrabar,
nunca cumpre o que Lhe pedes, parece amulherado,
às tantas é machista, discrimina alguns no acarinhar,
este mundo é um tormento, filho da mãe, odiado,
tudo o que avistas te provoca dor e faz afundar,
Mulher, não procures a paz no horizonte alvorado,
não amaldiçoes a vida em busca do teu animar,
o teu sossego está tão perto de ti, enjaulado,
está no teu coração, abre-o à alegria, deixa entrar,
expulsa os demónios que te mantém aprisionada.



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