quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PERFUMARIA BALVERA ASSALTADA




 Esta noite, cerca das 03h40 da manhã, os moradores da Rua Eduardo Coelho foram acordados por um grande estouro de uma porta envidraçada. A perfumaria Balvera estava a ser assaltada. Segundo testemunho de um residente que pediu o anonimato, “eram três encapuzados. Tinham uma carrinha à porta”. Depois de ter ligado para a polícia, esta, não demorou a chegar. Pelos meus cálculos, deveria ter demorado menos de 10 minutos. O tempo que os gatunos demoraram a partir tudo lá dentro e carregar a carrinha não deveria ter ido muito além dos 5 minutos. Eram profissionais. Com aquela eficiência, só poderiam ser.”
Apesar de cronometrados pelo relógio, em tempo de grande stress, os assaltantes agiram à vontade. No interior, uma vez que os perfumes mais caros estavam dentro de vitrinas fechadas com chave, partiram todas as montras de acesso. No chão, entre produtos espalhados e vidros, o efeito visual é o de uma bomba que ali tivesse deflagrado.
Em Coimbra, o último assalto de foram vítimas, foi num estabelecimento junto ao Mercado Municipal em 12 de Dezembro de 2009. Embora, saliente-se, esta loja na Baixa, nos últimos dois anos, viu as montras partidas várias vezes e sem o recheio que as compunham.
Esta firma de perfumes tem estabelecimentos em Coimbra, Leiria e Figueira da Foz, que, igualmente, já foram todos vítimas de roubos.
Como já tinha manifestado em 2009, perante mais este grande rombo na empresa, a Helena, uma das duas funcionárias, manifestou-me muita apreensão quanto ao futuro desta loja no Centro Histórico.
A Balvera tem seguro e alarme contra intrusão.

O DESÂNIMO DA IMPOTÊNCIA

 O proprietário desta marca, de ombros alquebrados, é o modelo da impotência. Quanto lhe pergunto como se sente depois de mais um abalo assim, vai dizendo: “olhe, apetece-me fechar tudo e partir para longe daqui. Acredite, só não o faço por consideração a algumas pessoas. Neste sistema económico em que estamos inseridos, quem trabalha é perseguido, quem rouba está no melhor dos mundos. Repare, aqui, nesta loja, há poucos anos –cerca de quatro- fui multado porque a minha funcionária estava atender um cliente, passavam poucos minutos das sete. Para além disso, há tempos e depois dos assaltos que fomos vítimas, pedi à Câmara Municipal de Coimbra autorização para colocar grades de ferro nas montras. Estou à espera… mas sentado, está a entender?
Em relação a esta loja e depois de mais um assalto, sinceramente, não sei o que vou fazer. Nas lojas todas, e desde 2009, já fomos assaltados cerca de 15 vezes. É de mais! Uma pessoa vai abaixo… sabe porquê? Porque parece que quem trabalha é uma vítima de todos. A fiscalização anda sempre a ver se nos apanha com o pé em falso. Estão sempre a ver se um funcionário está a trabalhar para além do horário, que é para ver se eu pago ou não horas extraordinárias. Alguém se preocupa se eu lhes posso pagar? Isto é uma tristeza, meu amigo!”, desabafo do proprietário da perfumaria Balvera, esta noite assaltada na Rua Eduardo Coelho.

E A VIDEOVIGILÂNCIA SERVE PARA ALGUMA COISA?

 Vamos por partes, a perfumaria Balvera está situada no coração do Centro Histórico. Para lhe aceder é através de ruas estreitas onde mal cabe um automóvel. Para além de estar uma câmara junto à junta de freguesia de São Bartolomeu, assim como outra junto à edilidade da Praça 8 de Maio, é saliente que se a vizinhança chamou a PSP e a 2ª esquadra, em linha recta, dista cerca de 100 metros, alguma coisa continua a falhar na segurança de bens. É evidente que não estou a acusar a PSP, até porque, calcula-se, a insuficiência de agentes e meios instrumentais deve ser uma constante. Simplesmente, filhoses de água ninguém consegue fazer. O que quero dizer, e tal como noutras vezes também já o escrevi, as câmaras de videovigilância, que deveriam ser um instrumento preventivo, aparentemente continuam a desempenhar mal o seu papel e a não justificar o investimento de 150 mil euros que foi feito em 2009 pela autarquia de Coimbra.
Comparativamente com períodos anteriores, é importante dizer também que este ano de 2011 tem sido muito calmo em termos de assaltos a lojas comerciais.

E DURANTE O DIA NA BAIXA COMO É QUE É?

 A Baixa no que toca à garantia de pessoas é muito segura durante o dia e mesmo até durante toda a noite. Quer no horário comercial quer pela madrugada, praticamente, não tenho notícia de um simples roubo por esticão nestes becos e ruelas.
Saliento o bom trabalho de um agente da PSP – desconheço o nome- que faz o giro por aqui actualmente. Segundo o depoimento de vários comerciantes, este cívico é diferente da maioria. Sempre que se apercebe, por exemplo, de uma cigana romena a pedir com uma criança intervém e faz circular a pedinte. “Este agente faz um bom trabalho”, enfatiza um comerciante, “temos de ressalvar o bom desempenho aqui de um agente, que é para os outros colegas, quem sabe?, não lhe venham a seguir o procedimento?” 




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1 comentário:

Rui Pratas disse...

"É evidente que não estou a acusar a PSP, até porque, calcula-se, a insuficiência de agentes e meios instrumentais deve ser uma constante."

Não duvido da insuficiência de agentes, mas já tenho visto operações stop nocturnas onde conto pouco menos de uma dúzia de agentes concentrados no mesmo local. Alguém me pode explicar isto?