(Nesta foto a preto e branco, o vendedor de castanhas é o mesmo que está em cima de costas. A diferença estará no tempo e no artista que o fotografou há alguns anos. Já não está entre nós, chamava-se Leonardo Braga Pinheiro)
O HOMEM DAS CASTANHAS
É Setembro das vindimas,
lagares de uvas de alegria,
abraços de tantas estimas,
embrulhados em fantasia;
O Outono está a chegar,
sente-se o ar cansado
da andorinha a embalar
e partir para outro lado;
Na antiga Praça de Sansão,
vão ver-se nuvens tamanhas,
fumo e cheiro parecer pão,
é o homem das castanhas;
Hoje ensaiava no largo,
o vendedor António Vieira,
estava ciente do seu cargo,
perfilava-se à maneira;
Ele julga saber a importância
que tem na zona comercial,
é história viva da infância,
do passado, rebobinado e visual;
Um dia, no futuro, as crianças,
nossos netos e descendentes,
só na foto sentirão a lembrança,
ficarão mais pobres e descontentes;
Se, em teatro, ouvirem em refrão,
“são quentes e boas, assadas”,
vão apenas sentir a sensação
de um vazio nas arcadas;
O homem das castanhas na cidade,
é a alma, a lua cheia em Agosto,
é o espírito livre sem idade,
o São Martinho no vinho-mosto.
(Compus este poema em Setembro de 2009)
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