sexta-feira, 23 de abril de 2010

PRECISO DE UMA CÂMARA DE INTELIGÊNCIA

(FOTO DA LUSA)


 Eu tenho de confessar sou um bocadito pró burrito. Palavra! Às vezes custa-me a entender as coisas. Já pensei que, se calhar, isto é um mal de família. Deve ser. Olhando para a minha prole ascendente não vislumbro ninguém que se safe. Ora, naturalmente, filho de burro o que dá? Pois! Besta, eu sei! Fico assim um pouco envergonhadito. Custa-me um pouco a admiti-lo, mas o que é que se há-de fazer. Mas pensando melhor, muitas vezes, a humildade é uma arma, acho que até me fica bem admiti-lo sem defesa. É ou não é? Assim escrito deste modo, assim a confessar, até apetece exclamar: “ai coitadinho!”. Como se eu estivesse doente e tivesse apanhado uma grave infecção de gripe H1N1. Pois! O caso não é para menos. Bem sei que você, curioso como tudo, até já está a perguntar: “então, e só descobriu hoje?”. Não senhor! –estou a responder. Já há uns anos, quando saí da Faculdade de Direito com o rabo entre as pernas, e com umas orelhas de asno maiores que a torre da Universidade. Aí, estou convencido que foi mesmo o maior choque. É que quando entrei, ainda pensei que, embora já velho, podia dar um cavalo para treinos. Qual quê? Não se aproveitou nada. Só mesmo para cavalgadura. O problema foi largar este estigma. Custou como o “caraças”, mas lá passou…até hoje.
 Então não é que ao ler o Diário de Coimbra (DC), na terceira página, com o título “Sistema de videovigilância está aquém do desejado”. Até aqui, palavra, até entendi. O problema veio a seguir. Começa assim: “A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) “não tem qualquer responsabilidade” pelo facto de a câmara de videovigilância instalada na Praça 8 de Maio, no edifício da autarquia, não fazer a gravação das ocorrências, dentro do período estipulado. A garantia foi dada ontem ao DC por Sidónio Simões, director pelo Departamento do Centro Histórico e um dos responsáveis pelo processo de implantação, na Baixa de Coimbra, de um Sistema de Videovigilância. A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) só aprovou 12 câmaras. Tivemos de recorrer ao Ministério da Administração Interna que aprovou mais cinco câmaras apenas para vigilância de trânsito, que não autorizam a gravação”.
 Vocês estão a perceber tudo até aqui, não estão? E a explicação é plausível, é não é? Pois! O problema é que eu não percebo nada. Não faça essa cara que eu avisei que era mesmo estúpido. Mas,  vamos com calma, se faz favor, devagar, devagarinho. Até pode ser que você me ajude a encontrar o caminho da luz.
 Vamos lá ver uma coisa. Tudo começou porque a perfumaria Pétala foi assaltada às 4H30 da madrugada, aqui. Certo? Então, o que tem a ver a gravação ou não gravação da câmara instalada na autarquia? Não se irrite comigo, eu avisei que sou mesmo muito lerdo.
Vou continuar, a ver se pelo menos levo só um “cachação”. Quando instalaram as câmaras na Baixa fizeram constar que, depois de instalados os monitores na 2ª esquadra, durante a noite, estaria um agente da PSP a visionar continuamente os ecrãs -lá estou eu outra vez a patinar. Pense comigo, se lá estava o agente a fiscalizar o que se passava nessa noite, não se apercebeu do assalto que estava a ocorrer a cerca de 70 metros da polícia e mesmo à frente dos seus olhos? Então a culpa foi por falta da gravação? Lá está, o problema é mesmo meu…não consigo alcançar o raciocínio do director do Centro Histórico. O que tem a gravação a ver com a prevenção de segurança que se espera para a Baixa? O que tem o registo de imagens a ver para o caso? Lá está, penso mal e devagarinho. É que, palavra de honra –desculpem lá-, mas eu sempre achei que a gravação em CD serviria apenas como prova na fase de instrução e em tribunal, no julgamento –não vem ao caso, mas, tenho de confessar que nunca acreditei que nenhum juiz desse crédito às imagens. Bom, mas isso tem a ver tudo com a minha burrice e o meu mau feitio. Quem sou eu para dizer o contrário do que eles, que são inteligentes, dizem?
 Você, que até é tão inteligente como eles, confesse lá: está baralhadito. Está ou não está? Pois, é isso mesmo, os burros como eu só servem mesmo para atrapalhar os inteligentes e que pensam bem. Desculpe lá. Não fique aborrecido comigo. Que diabo! Já lhe disse que isto é endémico. Então eu tenho lá culpa de ser mais do que cavalgadura?
 Você já está farto de me aturar, não está? Pronto vou dar-lhe folga. Vou ficar por aqui. Pode ser que até amanhã eu me torne um bocadito mais espertalhaço. Mas, tenho de lhe confessar, não tenho grande esperança. Burro velho…

1 comentário:

Sónia da Veiga disse...

Não é nada burro não senhor!!!
E até me zango consigo se insistir nisso!!! :S
O seu pensamento até é razoável porque, tal como a maior parte da população portuguesa, cresceu a ouvir "Mais vale prevenir do que remediar" e, como era chato (e inseguro) um senhor agente andar sozinho à noite a patrulhar a Baixa, considerou que a nova tecnologia o permitiria fazer uma tele-vigilância sem se constipar, que ele não tiraria os olhos dos ecrãs e, como se fazia antigamente, diria, d'hora a hora:"São 3 da manhã e está tudo bem!"
Digo eu que não me considero burra - apesar de não estar tão perto do meio século como o Luís julgava e, como tal, os meus disparates não serem tão "profundos" como anteriormente pensava... ;P