quarta-feira, 5 de maio de 2010

NA CÂMARA...OCULTA...A GRAVAR




Ontem à tarde, cerca das 16 horas, uma delegação da ACIC, chefiada pelo presidente Paulo Mendes, e acompanhada pelo presidente da APBC, Armindo Gaspar, foram recebidos na autarquia por Carlos Encarnação e Barbosa de Melo, respectivamente, presidente e vice da Câmara Municipal de Coimbra.
 Embora, por impossibilidade logística, não pudéssemos enviar nenhum jornalista a cobrir o encontro, mesmo assim, para que os nossos leitores não ficassem sem saber o que lá se passou tratámos de sintonizar o nosso satélite espião “Questões Transcendentais” e, dentro do possível, faremos um retrato da reunião. Infelizmente, não poderemos contar tudo, porque, de vez em quando, fomos presenteados com umas interrupções em forma de ruído. Ficámos sem saber se seria o sistema anti-escutas da autarquia a funcionar, se seria um abalo sísmico no Ministério das Finanças, em Lisboa, perante uma nova queda do “rating”, realizado pela agência Moody’s à economia portuguesa.
 Chamo a atenção dos leitores que, devido ao ruído encontrado nas gravações, pode o que se apresenta transcrito não serem exactamente as mesmas frases. Devido à distorção, nalgumas partes, tivemos de recorrer à intuição, ao mexer dos lábios dos intervenientes, e ao sentido da conversa.
 Deu para ver que Carlos Encarnação e Barbosa de Melo foram bons anfitriões e mostraram grande receptividade aos queixumes dos emissários da associação da Sá da Bandeira.
 A cada ponto reivindicativo, o presidente da autarquia, dava resposta substantivada em bons argumentos –ou não fosse ele licenciado em Direito.
 À necessidade de haver animação aos sábados na Baixa, pugnada pela comissão, e relativo ao ponto de alocação de verbas destinadas à cultura para dinamização/animação do comércio de rua, respondeu Encarnação: “por mim, tudo bem! Pode haver animação todos os sábados na Baixa, mas é preciso que todo o comércio esteja aberto todo o dia. Não vale a pena andar-se a gastar dinheiro se os comerciantes não aderirem. Vocês não viram agora com o centenário do Chiado? Foi ou não foi um espectáculo de grande qualidade? E o que fizeram a maioria dos comerciantes da Baixa? Alhearam-se completamente da história do grande armazém e do esforço financeiro que a câmara fez”.
 Um dos presentes queixou-se de que a carrinha turística “Vamos à Baixa” não pára nas ruas da calçada. Deu para ver Encarnação a pegar no telemóvel e, ali mesmo, a resolver a situação. A partir de agora, a carrinha passa a fazer uma paragem junto à Igreja de Santa Cruz.
Quanto à apresentação da proposta de suspensão, pelo prazo de dois anos, da generalidade das taxas municipais que incidem sobre o exercício das actividades comerciais, deu para ver que o presidente ficou um bocado “à rasca”. Coçou na cabeça e, olhando para o vice-presidente, disse taxativamente: “vamos analisar!”.
Outro dos pontos reivindicados era a segurança nocturna da Baixa. Naturalmente que vieram à baila as câmaras de videovigilância. Defendeu-se Encarnação: “eu não tenho culpa que a PSP não cumpra as suas obrigações. Eu entendo bem a vossa apreensão. Não se consegue compreender como é que a autarquia gasta mais de 150 mil euros na instalação do sistema e, porque não há agentes na PSP para monitorizar os ecrãs, a segurança –que lhes compete- não está ser implementada. Mas a edilidade não os pode obrigar. As polícias dependem do Ministério da Administração Interna. A segurança pública da cidade é adstrita a essa polícia. As instituições representativas do comércio têm de exigir o cumprimento da obrigação”, enfatiza o presidente coadjuvado por Barbosa de Melo.
 Ainda dentro da segurança e no tocante à Polícia Municipal, afirma Encarnação que esta força municipal tem indicações para agir com alguma ponderação, tendo em conta situação a situação, e não seja só multar. As directrizes são para que actue com pedagogia.
 Um dos presentes chama a atenção para o que se está a passar em Lisboa, na Baixa-Chiado, sobretudo para que haja uma única entidade a licenciar os projectos do Centro Histórico, responde Encarnação: “há muito tempo que defendo a agilização dos processos, e serem tratados por uma única entidade, neste caso a autarquia. A câmara deve ter autonomia na aprovação dos processos”. É interrompido por um dos peticionários, chamando-lhe a atenção que é intenção da ACIC criar um gabinete que servisse de mediador entre o investidor e a câmara. Isto é, a ACIC trataria de todo o processo burocrático, de modo a agilizar todo o processo. Vê-se na gravação o presidente a concordar com a medida e a proferir que é necessário um entendimento entre as instituições.
 O vice-presidente Barbosa de Melo levanta-se e sai mais cedo. Segundo a explicação dada aos presentes é que tinha uma reunião agendada.
 Quanto aos transportes, um item que também fazia parte do caderno reivindicativo, responde Encarnação “que está de acordo que não se pode tirar os transportes da Baixa”. Mais uma vez se pode ver nas imagens gravadas através de satélite o presidente a telefonar para que se autorize que os táxis, sempre que seja necessário e em serviço, possam vir a qualquer hora às Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges.
 Ouve-se o presidente da câmara a sugerir que se faça um estudo de mercado sobre o que pensa o consumidor da Baixa. “É preciso ouvi-lo e saber o que pensa”, sublinha.
 Ao longo da emissão pode ver-se Encarnação a bater no mesmo: “sem o envolvimento de todos os comerciantes e nomeadamente aderirem à abertura do Sábado à tarde, não é possível revitalizar a Baixa. Não podemos andar a gastar dinheiro em projectos culturais para os trabalhadores do comércio de rua nos virarem as costas”.
 No fim da conversa, pode ver-se que todos os envolvidos na reunião estão sorridentes. Parecem satisfeitos. Mas será assim?
 Rebobinando um pouco o CD, vamos até à saída da autarquia, vamos ver o que dizem os emissários dos comerciantes. Pode ver-se nos seus rostos que já não ostentam o mesmo sorriso. Pelo contrário, constata-se uma nuvem de preocupação. Diz um: “ó pá, ele fala bem. Tem sempre fundamentos para tudo. O problema é que saio com uma sensação de vazio. É como se levasse um saco cheio de argumentos, palavras…entendem o que quero dizer?”.
A restante comitiva não se pronunciou. Não se sabe se concordavam com ele ou não. Só o silêncio deu resposta…

2 comentários:

Anónimo disse...

DESCULPEM "QUEIRA-SE OU NÃO SE QUEIRA" O PRESIDENTE DA C.M.C., TEM RAZÃO. OS COMERCIANTES DEVEM INVERTER O SEU RUMO.DE FACTO PARA EXISTIR ANIMAÇÃO O COMÉRCIO TERÁ QUE ESTAR ABERTO. HÁ NOITE NÃO DEVEM DEIXAR AS MONTRAS ÁS ESCURAS.
OS COMERCIANTES DEVEM COLABORAR NA SOLUÇÃO PARA SALVAR A BAIXA!!!
O PRESIDENTE DA CÂMARA,PELO QUE LEIO DEU UMA DE MÚSICA E PODEM ESPERAR SENTADOS SE NÃO EXISTIR BOA VONTADE POR PARTE DOS COMERCIANYES.

Jorge Neves disse...

Pegando no texto NA CÂMARA...OCULTA...A GRAVAR, do amigo Luís do blogue Questões Nacionais, vou fazer a minha reflexão, exibindo o meu lado mais radical e liberal sobre o assunto em causa.
Segundo sei a ACIC, demorou tempo de mais que o razoável para entregar o caderno reivindicativo dos comerciantes da Baixa na autarquia. Porque? A resposta vai ficar á vossa consideração, a minha opinião pessoal fica só para mim e para um grupo restrito de pessoas, mas posso dizer que no meu entender, não deixa de ser um problema de cores, não te tecidos mas partidária.
Utilizando o satélite “Questões Transcendentais”, do amigo Luís Fernandes, as informações da dita reunião começam a espalharem-se a conta-gotas pelas ruas da Baixa, pena que quem conta acrescenta um ponto, ou omite vários pontos, mas é assim mesmo…
Vamos lá aos pontos reivindicativos!
“À necessidade de haver animação aos sábados na Baixa, pugnada pela comissão, e relativo ao ponto de alocação de verbas destinadas à cultura para dinamização/animação do comércio de rua.”
Continuo a defender que animação de rua, tanto deve ser feita aos sábados como durante a semana, aproveitando os recursos da cidade, como por exemplo as tunas académicas, as Associações da cidade, mas para que isso possa acontecer, é urgente os comerciantes mudarem de forma radical os seus horários, deixarem de trabalharem de forma isolada e passarem ao associativismo. Os tempos mudaram, os hábitos também e os comerciantes continuam a pensar e a trabalhar como nos anos 70/80.
Em relação à carrinha turística “Vamos à Baixa” não parar nas ruas da calçada.
Foi uma boa medida, solicitada pela ACIC e resolvida e bem pelo Sr. Presidente da autarquia, vamos ver se realmente vai começar a parar ou não, porque em Coimbra os canais de comunicação nem sempre funcionam bem.
“Quanto à apresentação da proposta de suspensão, pelo prazo de dois anos, da generalidade das taxas municipais que incidem sobre o exercício das actividades comerciais”
Seria uma das medidas prioritárias, mas não de fácil resolução, os tempos são de crise, mesmo para as autarquias, mas poderá imperar o bom senso de ambas as partes, e chegarem a um acordo benéfico para todos.
“Outro dos pontos reivindicados era a segurança nocturna da Baixa e as câmaras de videovigilância. ”
Para mim as câmaras de videovigilância, supervisionar as ruas 24 horas por dia, mas as imagens estarem a ser visionadas por uma empresa privada de segurança/vigilância, que ao detectarem alguma situação anómala entravam em contacto imediato com a PSP, quase que me atrevo a garantir que os resultados seriam bastante positivos.
No que respeita à Polícia Municipal, tenho assistido a uma mudança lenta mas progressiva do seu modo de actuação, que é de louvar.
Seria uma excelente medida a criação de um gabinete da ACIC, para fazer de mediador entre o possível investidor e a câmara, desde que seja mais rápido e menos burocrático do que já é, seria muito bom, caso contrario e como não vejo nada de rapidez na actual ACIC, meto as minhas reservas.
Segundo o satélite “Questões Transcendentais”, o presidente da câmara sugeriu que se faça um estudo de mercado sobre o que pensa o consumidor da Baixa. “É preciso ouvi-lo e saber o que pensa”.
Em diversos artigos de opinião que tenho publicado, sofre este assunto, defendo que se deve fazer esse estudo, eu mesmo já o fiz de uma forma “light”, através da maior rede social do momento o “Facebook”, onde recebi algumas sugestões.
“O problema é que saio com uma sensação de vazio. É como se levasse um saco cheio de argumentos, palavras…entendem o que quero dizer?”.
A restante comitiva não se pronunciou. Não se sabe se concordavam com ele ou não. Só o silêncio deu resposta…
Este não deixa de ser mesmo o problema, mais do mesmo? Esperemos que não para bem de todos.