quinta-feira, 15 de julho de 2010

BOM DIA PESSOAL...


(IMAGEM DA WEB)







 Então? Então? Como é que estão…bem? …Hum…a coisa, vista no geral, pelo traço sem manchas no rosto, pelos olhos brilhantes, parece ir de vento em popa. E mais concretamente você que me lê está com ar de satisfação. Parece o primeiro-ministro hoje no Parlamento a debater o “Estado da Nação”! Mas o que é que se passa consigo? Você nem é político, que político só lê o que escrevo de soslaio e nunca deixa comentário, então porque esse ar de gozão rafeiro? Deixe-me adivinhar…já sei, a vida até lhe está a correr bem, e você pertence ao grupo dos 115.258 proprietários que compraram um popó novo este ano. É isso não é? Pois, eu vi logo. Não faça essa cara de enjoo, que eu não vou começar a pregar contra. Nada disso. Ainda bem, fico muito satisfeito. Ora, ora, se você pode –e mesmo que não possa não é da minha conta!-, que tenho eu a ver com isso? Cada um gere a sua vida à sua maneira. Já está mais descansado…nota-se. Pensava que eu ia começar um discurso contra o materialismo consumista? Isso é que era bom. Cada um deve fazer o melhor pela sua felicidade. Já o escrevi aqui muitas vezes. Portanto, nunca conte comigo para bater em actos particulares que me extrapolam. Estando além das minhas preocupações, não tenho nada a ver com a sua vida nem a de cada um.
 Se há uma coisa que lamento –mas é um gemido pessoal, eu já fiz o mesmo- é que você pagasse tão caro o automóvel e, no futuro, tenha de continuar a alargar os cordões à bolsa. Os veículos são um negócio da China para o Estado. Fazem-me lembrar a compra de um aspirador numa grande superfície que custa apenas…25 euros. E uma pessoa olha para aquilo e pumba!...adquire um. Passados uns dias precisa de sacos para o interior do dito, e três sacos de papel –que ninguém mais vende- custam só…25 euros. Espertos? São ou não são? Pois são! Mas o Estado consegue ser mais…está sempre a mamar…é no IVA da compra do veículo, é no imposto de circulação, é no imposto sobre combustíveis e até nas estradas, por onde o pessoal obrigatoriamente precisa de circular, e que deveriam ser gratuitas, se queremos rapidez e alguma segurança, temos de pagar e não bufar.
Como você sabe, em discussão, está aí o problema das Scut’s. Felizmente que o PSD não está pelos ajustes, caso estivesse era mais uma pipa diária para quem lá circula. Não se irrite, que eu já explico melhor –você já está com o dedo no ar a pedir a palavra, porque não concorda, mas faça o favor de me deixar vender o meu peixe primeiro, e só depois fala você, que isto aqui não é a Assembleia da República. Bem sei que você estava pronto para atirar que estas infra-estruturas são necessárias ao país e alguém terá de as pagar. Concordo consigo. Mas há um senão. Porque razão se apostou em vias rápidas de luxo a rasgar Portugal e não se desenvolveu melhor, através de melhoramentos, as vias já existentes? É que, quanto a mim, se esqueceram completamente as alternativas –claro que não foi intencional, nada disso! E então, como não há –as que existem estão em estado miserável- somos obrigados, entre aspas, a entrar nas vias de luxo e a desembolsar mais uns "aéreos". Calma, não faça essa cara, já vi que não está a perceber patavina onde quero chegar. Desculpe lá, às vezes tenho uma dificuldade do “camano” para conseguir ser claro. Mas, prometo, vou fazer um esforço para ser limpinho como um vidro translúcido.
 Vou mostrar-lhe um exemplo, e, aposto, logo a seguir, fica a ver a coisa de outra maneira. Hoje, porque tinha um compromisso, deveria estar no Porto ao meio-dia. Então, em solilóquio, como quem diz, em conversa com os meus botões, pensei: “são cerca de 80 quilómetros. Pela auto-estrada A1 é rápido, demoro à volta de 50 minutos, mas tenho de pagar. Ora, como tenho tempo, nas calmas, vou pela antiga nacional 1 e, “dans la calme”, mesmo que demore o dobro, estou lá às 12 horas sem grandes chatices”. E assim fiz. Entrei cá na parvónia no IC2, marcava o relógio 10 horas. Se até à Mealhada, a coisa foi rolando sem grandes alterações, as complicações começaram dali para cima. Eram filas de camiões, eram obras aqui e acolá, eram buracos na estrada que nos obrigavam a afrouxar e rotundas, muitas rotundas. Um filme indescritível. Posso dizer-lhe que cheguei ao Porto já o relógio, para além do meio-dia, marcava os quinze minutos de tolerância académica. Ou seja, eu que entrei calmamente nesta via como se fosse para um passeio, cheguei à cidade dos Clérigos atrasado e completamente stressado pelo receio de faltar ao prometido. Não é difícil de fazer a média de velocidade. Eu andei, em mais de duas horas, de Coimbra ao Porto, à média de 40 quilómetros à hora. Agora diga-me, como é que se pode exigir produtividade a quem circula nestas vias secundárias nestas condições?
Diga-me, não dá impressão que, pela falta de melhoramentos nestas vias e pelas imensas rotundas, nos querem empurrar, a todo o custo, para a auto-estrada e obrigar-nos a pagar portagem? Não sei se consegui ser claro para lhe fazer ver que a aposta nas Scut’s foi bem feita, mas, quanto a mim, viciada à partida, porque não se procurou criar alternativas. Já se sabia, a médio prazo, que aquela obra seria para pagar mais tarde –faça analogia com os sacos do aspirador da grande superfície.
 Como estou para bater em ferro frio, e só para o convencer a estar calado e dar-me razão, ainda lhe conto mais: há tempos fui ao Cartaxo pela primeira vez. À vinda para Coimbra, como tinha tempo, pensei em recusar a auto-estrada A1 e direccionei para estradas municipais. Pois acredite: perdi-me. Não havia indicações para eu me orientar. A única sinalética que aparecia era a da A1, da auto-estrada, óbvio. Diga-me lá, eu sou um bocado abstruso, mas não parece que querem fazer de nós jericos?

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Melhor mesmo será Socrates deixar governo, alias este desgoverno.
Corremos serios riscos de deixar-mos mesmo o euro. Cá para mim nem deviamos ter entrado da maneira que entramos porque o sr Soares não passou cavaco ao povo.