JOANINHA "AVOA", "AVOA"

A loja “Joaninha”, na Praça 8 de Maio, uma loja de brinquedos, encerrou. A passagem do Metro ditou o seu féretro. 30 anos de história, onde recordamos os brinquedos que comprámos aos nossos filhos. Três décadas de vidas profissionais que se apagam. Os três empregados, que ainda não sabem o seu futuro, e o meu amigo Monteiro, o proprietário, estão uma lástima.
Esperemos que o Metro vá mesmo em frente e não fique estático, nos centímetros. É preciso ter a certeza de que este esventrar da cidade, este esmagamento de vidas, valeu a pena. Os seus custos são demasiados onerosos, não só na destruição de casario medieval, na obliteração da história da cidade, como também no pagamento de indemnizações. Pessoalmente, e é apenas um juízo de valor, não creio neste projecto. É apenas uma intenção pouco clara, que, mesmo que se realize, irá ser um novo elefante branco. Provavelmente, num futuro demasiado próximo, irá acontecer-lhe o que está a acontecer com o Metro de Mirandela, ou seja, a falência da empresa. É apanágio deste país os políticos que passam deixarem obra feita, esquecendo que, para além de nós todos, contribuintes actuais, serão os nossos vindouros a arcarem com estas aventuras suicidas.
Antigamente, aos políticos, chegava-lhes figurar o seu nome numa qualquer placa de uma qualquer rua, agora não. Constroem sarcófagos para enterrarem a sua desastrosa passagem e deixam a conta em duodécimos para os descendentes pagarem.
Um grande abraço de solidariedade para o Monteiro. Nesta hora, palavra de honra, gostava de ser rico e poder ajudá-lo. No mínimo, ceder-lhe um espaço comercial na cidade, com uma renda acessível, para ele, e os seus funcionários, com os seus conhecimentos, poderem continuar o seu negócio. Acreditem, sinto uma frustração danada. Não está certo! Tenho a certeza que não está certo. O progresso, um bem necessário, não pode ser uma locomotiva que esmaga tudo à sua passagem.
O Monteiro está bem "lixado". Mas não é só ele, estamos todos bem tramados. Ora fosca-se!