sexta-feira, 3 de outubro de 2008

UM PASSEIO PELAS ÁGUAS





Dois patinhos passeavam,
tão juntinhos, calmamente,
pelas águas do Mondego,
parecia que namoravam,
embalados na corrente,
enleados num sossego,
alheios aos que passavam,
por cima, na ponte de gente,
a mostrar no seu apego,
o amor que transportavam;
A natureza é imparcial,
qualquer dia é uma lição,
é uma folha a flutuar,
no meio de um tufão,
uma andorinha a voar,
o cego que estende a mão,
um rio a correr para o mar,
uma carícia que se faz a um cão,
abana o rabo, a mão vem beijar,
agradecido, num Outono de afeição;
A pata beijou o pato,
e um segredo lhe contou,
era uma pobre órfã de mãe,
perdida no meio do mato,
tinha sonhos mas adiou,
era pobre sem vintém,
tinha apenas aquele fato,
tinha amor mas nunca amou,
pouco lhe importava também,
o seu mundo era o pato.

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