sábado, 11 de outubro de 2008

UMA VISÃO TOSCA E ENVIEZADA




O Jornal de Notícias de hoje, num trabalho da jornalista Carina Fonseca, faz uma ronda pela Baixa de Coimbra, acompanhada pelo vereador do pelouro da habitação, Gouveia Monteiro, e diz-nos já o que sabíamos, que há meio milhar de casas vazias na Baixa.
Como já vai sendo hábito o vereador da autarquia, o “camarada” Monteiro, como se tivesse o disco riscado, aproveita para destilar mais umas farpas envenenadas nos senhorios. Segundo o prosélito marxista-leninista, “(…)Outra razão para a enorme quantidade de casas vazias prende-se com a falta de investimento dos proprietários, na sua maioria a residir fora de Coimbra, ou seja, longe da “censura dos inquilinos”.
Nem uma vez refere que a principal causa directa (entre outras) do abandono do edificado urbano é o continuado e anacrónico (Novo) Regime de Arrendamento Urbano. Nem sequer uma vez chama à colação as muitas rendas de pouco mais de 5Euros.
Também não declara que o pelouro da habitação a que pertence é, iniquamente, uma espécie de caixa de ressonância dos inquilinos. Estes vão queixar-se à autarquia, os serviços da habitação, que registam a participação, a seguir enviam notificações aos senhorios para que estes reabilitem não só a incidência do inquilino, como acrescentam mais a pintura das janelas, das portas, arranjo da cobertura, instalação eléctrica, etc., sem se preocuparem em visitarem os locados e convocarem os senhorios para uma tentativa de harmonização de interesses entre partes. Tão pouco importa ao pelouro da habitação que as reivindicações dos inquilinos possam ser consideradas abuso de direito, abuso de posição dominante, perante rendas de pouco mais de meia-dúzia de euros.
O vereador comunista, tão preocupado em defender os “fracos e oprimidos”, com o pensamento anti-capitalista completamente petrificado, não vê que, há muitos anos, a parte mais fraca são os proprietários, injustiçados e expropriados daquilo que é seu.
Já agora, a minha amiga Carina Fonseca, poderia ter perguntado ao “camarada” Gouveia Monteiro o modo como são distribuídos os fogos na Baixa. E, ainda mais: já agora que, em nome da autarquia, justifique algumas rendas praticadas de cerca de 25 euros nesta zona histórica. E não se pense que este arrendamento é antigo. Foi contratualizado há meses.
Com as costas do meu pai também sou um grande homem. Por outras palavras, à custa do erário público pode-se ser um “bom modelo de senhorio”, com rendas de miséria.

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