terça-feira, 7 de outubro de 2008

CHUVA DE OUTONO




Chovia copiosamente,
do chão emergia um nevoeiro,
por entre guarda-chuvas com gente,
em passo apressado de caminheiro,
cada um seguia seu rumo, lentamente,
pensando na vida, na falta de dinheiro,
na prestação da casa, ou outra, certamente,
inventando cores, daquele verão soalheiro,
ai que saudade!, daquele tempo de antigamente,
era tudo mais lento, mas tudo mais certeiro;
Por entre as bandeiras desfraldadas,
o vento, fantasma, tocava tudo o que passava,
soprava a folha, a chuva, em águas embaladas,
alheio a carências, a todos vergastava,
a linda, a feia, eram todas encantadas,
marimbando-se para a preocupação que se inalava,
assobiava árias, pareciam baladas,
como barqueiro, contra a maré, remava, remava,
em espírito alegre de Valquírias resignadas,
na sua função de incitamento que tudo transformava;
Na praça, até os guarda-sóis se quedaram,
como fantoches em carnaval macilento,
vestidos de capas brancas, se disfarçaram,
como estudantes num tempo virulento,
fazendo greve, inertes, não trabalharam,
com este vento, desgarrado, não tinham alento,
não queriam chuva, o sol reivindicaram,
este presente não serve, é muito violento,
perante todos os humanos, lágrimas choraram,
como a dizer que são coisas mas têm sentimentos.

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