segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS PME CONTESTA GARANTIA À BANCA"





“A Associação Nacional das PME criticou o Governo alegando que a garantia de 20 mil milhões de euros dada à banca visa “aumentar unicamente” a liquidez do sector bancário e não se destina às famílias e empresas.”
“No cenário real do país não pode agora (o Governo) dizer que os 20 mil milhões de euros se destinam a servir a nossa economia e as famílias, num discurso de milagre teológico, do pão e do peixe, tanto mais que as famílias e as empresas, a maioria das quais em dificuldades, não têm acesso ao crédito, disse Fernando Augusto Morais. Segundo o dirigente daquela associação e também vice-presidente da Confederação Europeia das PME, “há em Portugal 264.527 pequenas e médias empresas, 80% das quais estão com enormes dificuldades financeiras e sem capacidade financeira para ter acesso ao crédito bancário”-in Diário de Coimbra de hoje, 20 de Outubro.
Quem trabalha por sua conta e risco sabe quanto está certo este senhor de nome Fernando Morais. Não se entende muito bem esta garantia de liquidez aos bancos, ou, se se tentar entender, parece que o governo, para além da solidez da banca, está preocupado unicamente que os grandes depositantes recorram em massa aos levantamentos.
Para além desta medida, há dias, aquando da discussão do Orçamento Geral do Estado, o Primeiro-ministro afirmou que estavam disponibilizados vários milhões de euros (Mil milhões) que garantiriam a solvabilidade das PME’s. Para logo a seguir afirmar que esses milhões seriam para quem quisesse investir.
Não é preciso ser governante nem economista para saber que em caso de grande cataclismo é preciso, primeiro, cuidar dos vivos, dos sobreviventes, e só depois dos mortos e da reconstrução. Aqui, a meu ver, faz-se ao contrário, primeiro cuida-se dos mártires que se auto-implodiram e, como parasitas insaciáveis, sugaram tudo em redor –neste caso, falo dos bancos, ou da banca, que, em Portugal, na última década foram os coveiros das pequenas e médias empresas, impondo taxas unilaterais abusivas, e às famílias, oferecendo cartões de crédito a qualquer gato-pingado sem possibilidades de ressarcir o crédito ao consumo-, a seguir aqueles que, mesmo na penúria, ainda têm possibilidades financeiras de recorrer ao crédito, e só depois, sem se saber quando, os resistentes que, com dívidas a funcionários, a fornecedores, ao fisco e à Segurança Social, para conseguirem dormir, recorrem a “xanax” e outras drogas entorpecentes.
Para aqueles que, num acto de loucura desesperada, pela impossibilidade de honrar os seus compromissos, já puseram termo à vida e da sua família, e são muitos, basta ler os jornais de há dois anos para cá, esses, cujo autismo e abandono do Estado é profundamente questionável, agradecem mas já não precisam.
O Estado, nesta democracia formal, não pode desvincular-se do dever de assistência aos seus pequenos empresários. Aqueles que, inconformados com o seu modus vivendi, recusando viver à sombra de subsídios de desemprego, arriscaram tudo, e, impossibilitados de prever, estão endividados. É urgente uma linha de crédito que lhes permita sobreviver…a bem da democracia material.

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