segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"REPÓRTER ESTRÁBICO": UMA ASSEMBLEIA FRUSTRADA



Contrariamente ao preconizado neste blogue, Pina Prata, o vereador da maioria que pediu suspensão de mandato por 30 dias, não se inscreveu para debitar denúncias contra o presidente da autarquia, Carlos Encarnação.
O “repórter estrábico” sabe, de fonte que pediu o anonimato, que esta suspensão de mandato está por detrás de um grande coelho que vai sair da cartola do vereador social-democrata. Aguardemos o desenrolar das desavenças entre ex-compadres e amigos do peito.
Como habitualmente, com início cerca das 15 horas, a sessão plenária da Assembleia Municipal, começou com a “mártir da Rua Padre António Vieira”, com um sermão aos peixes. De facto, de mal para a combativa senhora que pugna por direitos numa cidade filha de uma nação sem lei, ela falou, falou, mas, pelo ar distraído de todos, dos deputados municipais, dos presidentes da autarquia e da Assembleia Municipal, aposto que ninguém ouviu nada. Ninguém se apercebeu que as suas palavras, contra o ruído que advém, durante a noite e até altas horas da madrugada, e que impedem o seu legítimo sossego, do Bar da Associação Académica, como pungidos de dor, deveriam, só por isso, merecer respeito de todo o hemiciclo. Mas, nada disso! As expressões de todos os eleitos, entre presidentes de junta e vereadores, mais não mereceu do que um bocejo de enfado. A falar entre si, outros a ler comunicados de última hora, distribuídos por Catarina Martins do Bloco de esquerda, ninguém ligou peva ao grito de desespero da moradora e, muito menos nas intervenções seguintes. Se hipoteticamente perguntassem a qualquer deputado o que fora ali fazer a senhora, estou certo, responderiam assim: “Não sei, estava tão absorto nos meus pensamentos, tão ocupado nos superiores interesses da minha freguesia que nem tomei atenção. Sei que era uma senhora a lamentar-se, nem sei bem de quê!”
Seguidamente, levantou-se um qui pro quo do Bloco de esquerda, para alteração de metodologia da assembleia, onde o seu requerimento foi chumbado pela maioria.
Depois, já no tempo de intervenção dos deputados eleitos pelas freguesias, o primeiro a falar foi Carlos Clemente, o intrépido presidente da junta da São Bartolomeu –a fazer lembrar a sátira dos prós e contras, “Quantos são? Quantos são?”- que, a contrastar com o ambiente anémico do plenário, fala sem papas na língua e a defender a “sua” Baixa. Enquanto dissertava sobre os problemas do centro histórico, foi interrompido por Pinto Ângelo, eleito pelo PCP e por Carlos Cidade, deputado municipal do PS. O presidente da Junta de freguesia de S. Bartolomeu, no momento certo, respondeu à letra, perguntando “se havia alguma azia”, no entanto, o que transpareceu ali, naquele espaço, que deveria ser de respeito, foi que “estávamos” no mercado municipal, com as suas “peixeiradas”, pedindo desculpa às peixeiras pela analogia. No mínimo, o que se esperava era uma admoestação ou uma frase de contemporização do presidente da assembleia, Lopes Porto, mas nem isso. O que, a meu ver, este homem pode –podia, porque já se jubilou da Faculdade de Direito- ser um bom professor de economia, mas, garantidamente, aquele lugar não foi talhado para o seu perfil.

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