LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Para além do texto "UMA EXPOSIÇÃO RECOMENDADA NA LIGA DOS COMBATENTES", deixo também a crónica "O PINTO CALOU-SE"; "UM BOM INSTRUMENTISTA DE GUITARRA NA BAIXA"; e "ALMOÇO-CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DE SÃO BARTOLOMEU".
UMA EXPOSIÇÃO RECOMENDADA NA LIGA DOS COMBATENTES
Desde 12 de Dezembro e até 30 de Janeiro, com
ingresso gratuito nos dias úteis das 14 às 17h00, está a decorrer uma
fantástica exposição sobre o centenário da Primeira Grande Guerra Mundial, “Olhares e Retrospetivas”, e a
participação portuguesa na Liga dos Combatentes, no Colégio de Nossa Senhora da
Graça, na Rua da Sofia, que aconselho uma visita demorada.
O Tenente Coronel João Paulino,
vice-presidente do Núcleo de Coimbra e organizador da exposição, foi o meu
cicerone. Começando logo na entrada, com a recriação de uma trincheira com a representação
de um soldado fardado e equipado com máscara de gás e um morteiro, ao mesmo
tempo que me mostrava imagens, foi-me explicando que, embora as nossas tropas já
combatessem nas fronteiras das ex-colónias desde finais de 1914, a entrada de
Portugal no grande conflito mundial, com a declaração oficial de guerra a
Portugal pela Alemanha, aconteceu em 1916. No ano seguinte, em 1917, as
primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam
em direção à Flandres. Apesar de Portugal participar no grande conflito
bélico com envio de homens três anos mais tarde do seu início, em 1914, tal não
evitou que a perda de vidas humanas, portugueses, se cifrasse em cerca de 10
mil e milhares de feridos, muitos destes estropiados e patentes em imagens
frias e duras visíveis nas muitas fotografias presentes.
Pode ver-se também nesta exposição
uma grande variedade de equipamentos, bonés, fardamentos e outros artefactos
militares de Célio Dias, um dos maiores colecionadores europeus do género.
Assim como uma coleção particular de miniaturas pertença de João Peixoto.
CURIOSIDADES
A Censura: Continuamos a ver os vários
documentos do tempo de guerra e somos surpreendidos por postais com um carimbo
de “Censurado”. Como? Censura na 1ª
República? E aqui estacamos para refletir. Então os republicanos não se
distinguiram pela Liberdade de Imprensa? E somos obrigados a investigar e
constatamos que pela Lei nº 459, de 28 de Março de 1916, logo no primeiro
artigo se transcrevia que “Enquanto durar
o estado de guerra ficam sujeitos à censura preventiva os periódicos e outros
impressos e os escritos ou desenhos de qualquer modo publicados”. E a
pergunta surge naturalmente: porquê? Em especulação, devida à instabilidade
política no país pela envolvência de Portugal no conflito. Por cá, pelo esforço
da guerra, as condições sociais alteravam-se, com o aumento do custo de vida,
os géneros escasseavam e o desemprego aumentava. A agitação social e política
geravam greves, tumultos e assaltos. Por lá, por terras de França, o corpo
militar expedicionário, mal apetrechado, com armas antigas e ineficazes a lutar
contra a metralhadora alemã, vivia o horror e o inferno. As tropas
amotinavam-se. Por tudo isto talvez já se entenda o recurso à censura e a
restrição na Liberdade de Imprensa –o que, em reflexão profunda, nos pode
remeter para os dias de hoje com a proliferação avulsa de desenhos satíricos em
França contra os muçulmanos e que pode alastrar a toda a Europa. Estamos ou não
em presença de uma nova Guerra Santa, em que os povos autodenominados de
desenvolvidos, em provocação contínua de desrespeito, em escárnio e maldizer, impõem
pela sátira os seus pontos de vista dessacralizados e de secularização? Pela
defesa dos seus cidadãos, devem os Estados europeus intervir, sensibilizando ou
mesmo proibindo, ou, como se está a fazer no espírito de irresponsabilidade,
desregrado e de carneirada, devem apoiar uma classe mesmo sabendo que estão a
colocar em perigo a segurança de milhares de pessoas? –Sublinho que é uma
especulação minha.
A Fé na Guerra: Somos agora surpreendidos com
a imagem de um enorme Cristo crucificado e decepado. Diz-me o meu anfitrião que
é o “Cristo das Trincheiras”, trazido
na altura de terras de Asterix e levado para o Mosteiro da Batalha.
Salienta-se também a participação
de 12 mulheres, enfermeiras, voluntárias na Cruz Vermelha Portuguesa e que
foram condecoradas com a Cruz de Guerra.
A maior condecoração: De Coimbra para França
saiu o Batalhão 23, do Regimento de Infantaria 23, à Penitenciária. Da cidade
era também o general Zamith, que foi comando de divisão na Batalha do Lys.
Entre várias comendas que foram atribuídas aos portugueses, foi outorgada a
legião de honra, a maior condecoração do Estado Francês.
A venda do capacete: Para ajudar as famílias
carecentes pela participação na guerra, pela Liga dos Combatentes e,
presumivelmente, de uma ideia original da Condessa do Ameal, em 1934, foi
instituído o dia 9 de Abril como o “Dia
do Capacete”, para, em jeito de cravanço e reconhecimento, ceder uma
miniatura de proteção a todos os benfeitores. O Despertar noticiava assim em 28
de Abril de 1939: “A comissão de senhoras
que, amanhã, se espalhará pela cidade no desejo de adquirir pequenos recursos
para os Combatentes da Grande Guerra, para as viúvas e para os órfãos, é
presidida pela benemérita senhora Condessa do Ameal”.
Despeço-me do meu anfitrião, Tenente Coronel
João Paulino, com um abraço. Aprendi imenso enquanto visitei esta exposição.
Aproveita para me dizer que, juntamente com a direção a que pertence, está a
fazer tudo para quebrar a barreira existente entre o cidadão e a instituição. O
Núcleo da Liga dos Combatentes de Coimbra é uma instituição aberta a todos. Embora
com associados com uma quota simbólica, com vários projetos de dinamização em
mente, quer franquear as suas portas à cidade.
O PINTO CALOU-SE
A notícia caiu como uma bomba e, como nuvem
negra que envolve tudo, propagou-se por becos e ruelas: “o Pinto dos Santos Morreu!”.
Ao que parece, a semana passada, um AVC, Acidente Vascular Cerebral, fulminante
derrubou um lutador e defensor da Baixa de Coimbra.
O António Pinto dos Santos foi um emérito
presidente da extinta Junta de Freguesia de Santa Cruz e era agora deputado na
Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Coimbra. Assumido
Social-Democrata, de corpo e alma, deixa muitas saudades e uma sensação de
obreiro que não teve tempo de acabar o seu trabalho. É este também o desabafo
de Carlos Clemente, ex-presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, que
o conheceu muito bem e foi durante muitos anos seu companheiro de jornada,
ambos a ombrearem a tarefa de dignificarem o trabalho político na Zona
Histórica. Desabafa Clemente: “estou em
choque! Foi uma pessoa íntegra que, apesar do nosso antagonismo político, me
deixa imensa saudade e gostei muito de trabalhar! Sabe o que lhe digo? Só
morrem os bons!”
A ÚLTIMA BATALHA
Foi no último 30 de Dezembro, na Assembleia da
União das Juntas de Freguesia de Coimbra, que, com grande convicção e mesmo
contra o correligionário do seu partido, o PSD, o vi defender acerrimamente os pontos
de vista políticos em que acreditava. Falando em meu nome pessoal, gostei de o
conhecer. Era uma pessoa cordata e que me manifestava muita simpatia por tudo o
que eu tenho escrito nos semanários O Despertar e no Campeão das Províncias, e
isto mesmo, mais uma vez, me exteriorizou quando estivemos presentes na última
reunião junto aos Arcos do Jardim.
Se posso escrever assim, em representação da
Baixa e em nome tantos seus amigos que por cá deixou apresentamos à família
enlutada um grande abraço de solidariedade neste momento tão difícil de
suportar. Para o Pinto dos Santos, que parte em paz, o nosso muito obrigado e
uma grande salva de palmas!
UM BOM INSTRUMENTISTA DE GUITARRA NA BAIXA
Quem já teve a felicidade de ver e ouvir o estudante
universitário, de engenharia Mecânica, Eduardo Catela nas Ruas largas, Visconde
da Luz e Ferreira Borges, de certeza absoluta, teve de suster a passada e
deixar-se invadir pelos trinados melódicos saídos da sua guitarra de Coimbra.
Trajado a rigor, de capa e batina, para além da excelência instrumental e dos
muitos turistas a tirarem fotografias, o Eduardo contribui para um bonito
postal ilustrado da cidade. É um prazer revê-lo e tê-lo entre nós a quebrar o
silêncio das artérias da Baixa, por vezes, tão notoriamente sepulcral.
“Estou
aqui, a tocar na rua, para ajudar a pagar as minhas propinas”, responde
assim ao meu porquê? Continua o Eduardo, “embora
os universitários estejam malvistos pelos excessos de uma minoria, no geral, os
transeuntes gostam muito de ajudar os estudantes. Sinto um carinho muito
especial quando estou a tocar na rua. Claro que, volta e meia, recebo umas
“bocas” incomodativas de pessoas, sobretudo mais velhas e acima de 70 anos,
assim no género: “é uma vergonha um estudante universitário estar na rua a
pedir!”. Com alguma tolerância, porque acho que é a falta de formação, a
incultura, que os faz confundir troca de serviço público com mendicidade, lá
vou explicando que, com a minha música, estou a alegrar e a dar um outro
sentido harmónico a quem passa tantas vezes ensimesmado pelos seus imensos
problemas. Por outro lado, interrogo, se tenho dificuldades em pagar as minhas
propinas o que é melhor? É estar aqui a desenvolver uma função proactiva, turística
e comunitária, ou, como alguns colegas fazem, andar a fazer tropelias? Eu não
peço nada a ninguém. Cada um, na sua subjetividade, dá se achar que eu mereço.
Ou seja, há uma contraprestação pelo meu serviço!”
ALMOÇO-CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DE SÃO BARTOLOMEU
Os antigos alunos(as) da Escola Primária de
São Bartolomeu vão confraternizar no próximo Sábado, 31 de Janeiro. O encontro
está marcado para as 11h00 no estabelecimento de ensino, situado na Avenida
Fernão de Magalhães, iniciando-se com uma visita à escola e sessões de
fotografia em grupo. Pelas 13h00 segue-se o almoço no Restaurante Adega Paço do Conde, junto à Rua Adelino Veiga, na
Baixa da cidade, incluindo animação com fados de Coimbra. Com a participação de
antigos discípulos de todo o país, desde Lisboa até ao Porto, este é o sexto
almoço-convívio dos provectos alunos com idade entre os 50 e os 80 anos.
As inscrições poderão ser feitas na Casa das Bonecas, no Beco das Canivetas,
até ao dia 24 de Janeiro.
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