sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

LEIA O DESPERTAR...

LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA 

Para além  do texto "UMA EXPOSIÇÃO RECOMENDADA NA LIGA DOS COMBATENTES", deixo também a crónica "O PINTO CALOU-SE"; "UM BOM INSTRUMENTISTA DE GUITARRA NA BAIXA"; e "ALMOÇO-CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DE SÃO BARTOLOMEU".



UMA EXPOSIÇÃO RECOMENDADA NA LIGA DOS COMBATENTES

Desde 12 de Dezembro e até 30 de Janeiro, com ingresso gratuito nos dias úteis das 14 às 17h00, está a decorrer uma fantástica exposição sobre o centenário da Primeira Grande Guerra Mundial, “Olhares e Retrospetivas”, e a participação portuguesa na Liga dos Combatentes, no Colégio de Nossa Senhora da Graça, na Rua da Sofia, que aconselho uma visita demorada.
O Tenente Coronel João Paulino, vice-presidente do Núcleo de Coimbra e organizador da exposição, foi o meu cicerone. Começando logo na entrada, com a recriação de uma trincheira com a representação de um soldado fardado e equipado com máscara de gás e um morteiro, ao mesmo tempo que me mostrava imagens, foi-me explicando que, embora as nossas tropas já combatessem nas fronteiras das ex-colónias desde finais de 1914, a entrada de Portugal no grande conflito mundial, com a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, aconteceu em 1916. No ano seguinte, em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam em direção à Flandres. Apesar de Portugal participar no grande conflito bélico com envio de homens três anos mais tarde do seu início, em 1914, tal não evitou que a perda de vidas humanas, portugueses, se cifrasse em cerca de 10 mil e milhares de feridos, muitos destes estropiados e patentes em imagens frias e duras visíveis nas muitas fotografias presentes.
Pode ver-se também nesta exposição uma grande variedade de equipamentos, bonés, fardamentos e outros artefactos militares de Célio Dias, um dos maiores colecionadores europeus do género. Assim como uma coleção particular de miniaturas pertença de João Peixoto.

CURIOSIDADES

A Censura: Continuamos a ver os vários documentos do tempo de guerra e somos surpreendidos por postais com um carimbo de “Censurado”. Como? Censura na 1ª República? E aqui estacamos para refletir. Então os republicanos não se distinguiram pela Liberdade de Imprensa? E somos obrigados a investigar e constatamos que pela Lei nº 459, de 28 de Março de 1916, logo no primeiro artigo se transcrevia que “Enquanto durar o estado de guerra ficam sujeitos à censura preventiva os periódicos e outros impressos e os escritos ou desenhos de qualquer modo publicados”. E a pergunta surge naturalmente: porquê? Em especulação, devida à instabilidade política no país pela envolvência de Portugal no conflito. Por cá, pelo esforço da guerra, as condições sociais alteravam-se, com o aumento do custo de vida, os géneros escasseavam e o desemprego aumentava. A agitação social e política geravam greves, tumultos e assaltos. Por lá, por terras de França, o corpo militar expedicionário, mal apetrechado, com armas antigas e ineficazes a lutar contra a metralhadora alemã, vivia o horror e o inferno. As tropas amotinavam-se. Por tudo isto talvez já se entenda o recurso à censura e a restrição na Liberdade de Imprensa –o que, em reflexão profunda, nos pode remeter para os dias de hoje com a proliferação avulsa de desenhos satíricos em França contra os muçulmanos e que pode alastrar a toda a Europa. Estamos ou não em presença de uma nova Guerra Santa, em que os povos autodenominados de desenvolvidos, em provocação contínua de desrespeito, em escárnio e maldizer, impõem pela sátira os seus pontos de vista dessacralizados e de secularização? Pela defesa dos seus cidadãos, devem os Estados europeus intervir, sensibilizando ou mesmo proibindo, ou, como se está a fazer no espírito de irresponsabilidade, desregrado e de carneirada, devem apoiar uma classe mesmo sabendo que estão a colocar em perigo a segurança de milhares de pessoas? –Sublinho que é uma especulação minha.

A Fé na Guerra: Somos agora surpreendidos com a imagem de um enorme Cristo crucificado e decepado. Diz-me o meu anfitrião que é o “Cristo das Trincheiras”, trazido na altura de terras de Asterix e levado para o Mosteiro da Batalha.
Salienta-se também a participação de 12 mulheres, enfermeiras, voluntárias na Cruz Vermelha Portuguesa e que foram condecoradas com a Cruz de Guerra.

A maior condecoração: De Coimbra para França saiu o Batalhão 23, do Regimento de Infantaria 23, à Penitenciária. Da cidade era também o general Zamith, que foi comando de divisão na Batalha do Lys. Entre várias comendas que foram atribuídas aos portugueses, foi outorgada a legião de honra, a maior condecoração do Estado Francês.

A venda do capacete: Para ajudar as famílias carecentes pela participação na guerra, pela Liga dos Combatentes e, presumivelmente, de uma ideia original da Condessa do Ameal, em 1934, foi instituído o dia 9 de Abril como o “Dia do Capacete”, para, em jeito de cravanço e reconhecimento, ceder uma miniatura de proteção a todos os benfeitores. O Despertar noticiava assim em 28 de Abril de 1939: “A comissão de senhoras que, amanhã, se espalhará pela cidade no desejo de adquirir pequenos recursos para os Combatentes da Grande Guerra, para as viúvas e para os órfãos, é presidida pela benemérita senhora Condessa do Ameal”.
Despeço-me do meu anfitrião, Tenente Coronel João Paulino, com um abraço. Aprendi imenso enquanto visitei esta exposição. Aproveita para me dizer que, juntamente com a direção a que pertence, está a fazer tudo para quebrar a barreira existente entre o cidadão e a instituição. O Núcleo da Liga dos Combatentes de Coimbra é uma instituição aberta a todos. Embora com associados com uma quota simbólica, com vários projetos de dinamização em mente, quer franquear as suas portas à cidade.



O PINTO CALOU-SE

A notícia caiu como uma bomba e, como nuvem negra que envolve tudo, propagou-se por becos e ruelas: “o Pinto dos Santos Morreu!”. Ao que parece, a semana passada, um AVC, Acidente Vascular Cerebral, fulminante derrubou um lutador e defensor da Baixa de Coimbra.
O António Pinto dos Santos foi um emérito presidente da extinta Junta de Freguesia de Santa Cruz e era agora deputado na Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Coimbra. Assumido Social-Democrata, de corpo e alma, deixa muitas saudades e uma sensação de obreiro que não teve tempo de acabar o seu trabalho. É este também o desabafo de Carlos Clemente, ex-presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, que o conheceu muito bem e foi durante muitos anos seu companheiro de jornada, ambos a ombrearem a tarefa de dignificarem o trabalho político na Zona Histórica. Desabafa Clemente: “estou em choque! Foi uma pessoa íntegra que, apesar do nosso antagonismo político, me deixa imensa saudade e gostei muito de trabalhar! Sabe o que lhe digo? Só morrem os bons!”

A ÚLTIMA BATALHA

Foi no último 30 de Dezembro, na Assembleia da União das Juntas de Freguesia de Coimbra, que, com grande convicção e mesmo contra o correligionário do seu partido, o PSD, o vi defender acerrimamente os pontos de vista políticos em que acreditava. Falando em meu nome pessoal, gostei de o conhecer. Era uma pessoa cordata e que me manifestava muita simpatia por tudo o que eu tenho escrito nos semanários O Despertar e no Campeão das Províncias, e isto mesmo, mais uma vez, me exteriorizou quando estivemos presentes na última reunião junto aos Arcos do Jardim.
Se posso escrever assim, em representação da Baixa e em nome tantos seus amigos que por cá deixou apresentamos à família enlutada um grande abraço de solidariedade neste momento tão difícil de suportar. Para o Pinto dos Santos, que parte em paz, o nosso muito obrigado e uma grande salva de palmas!



UM BOM INSTRUMENTISTA DE GUITARRA NA BAIXA

Quem já teve a felicidade de ver e ouvir o estudante universitário, de engenharia Mecânica, Eduardo Catela nas Ruas largas, Visconde da Luz e Ferreira Borges, de certeza absoluta, teve de suster a passada e deixar-se invadir pelos trinados melódicos saídos da sua guitarra de Coimbra. Trajado a rigor, de capa e batina, para além da excelência instrumental e dos muitos turistas a tirarem fotografias, o Eduardo contribui para um bonito postal ilustrado da cidade. É um prazer revê-lo e tê-lo entre nós a quebrar o silêncio das artérias da Baixa, por vezes, tão notoriamente sepulcral.
“Estou aqui, a tocar na rua, para ajudar a pagar as minhas propinas”, responde assim ao meu porquê? Continua o Eduardo, “embora os universitários estejam malvistos pelos excessos de uma minoria, no geral, os transeuntes gostam muito de ajudar os estudantes. Sinto um carinho muito especial quando estou a tocar na rua. Claro que, volta e meia, recebo umas “bocas” incomodativas de pessoas, sobretudo mais velhas e acima de 70 anos, assim no género: “é uma vergonha um estudante universitário estar na rua a pedir!”. Com alguma tolerância, porque acho que é a falta de formação, a incultura, que os faz confundir troca de serviço público com mendicidade, lá vou explicando que, com a minha música, estou a alegrar e a dar um outro sentido harmónico a quem passa tantas vezes ensimesmado pelos seus imensos problemas. Por outro lado, interrogo, se tenho dificuldades em pagar as minhas propinas o que é melhor? É estar aqui a desenvolver uma função proactiva, turística e comunitária, ou, como alguns colegas fazem, andar a fazer tropelias? Eu não peço nada a ninguém. Cada um, na sua subjetividade, dá se achar que eu mereço. Ou seja, há uma contraprestação pelo meu serviço!”


ALMOÇO-CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DE SÃO BARTOLOMEU

Os antigos alunos(as) da Escola Primária de São Bartolomeu vão confraternizar no próximo Sábado, 31 de Janeiro. O encontro está marcado para as 11h00 no estabelecimento de ensino, situado na Avenida Fernão de Magalhães, iniciando-se com uma visita à escola e sessões de fotografia em grupo. Pelas 13h00 segue-se o almoço no Restaurante Adega Paço do Conde, junto à Rua Adelino Veiga, na Baixa da cidade, incluindo animação com fados de Coimbra. Com a participação de antigos discípulos de todo o país, desde Lisboa até ao Porto, este é o sexto almoço-convívio dos provectos alunos com idade entre os 50 e os 80 anos.
As inscrições poderão ser feitas na Casa das Bonecas, no Beco das Canivetas, até ao dia 24 de Janeiro.



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