quarta-feira, 11 de julho de 2012

BELEZA À SOLTA NA CALÇADA



 Se com a minha sensibilidade à flor da pele tantas vezes me sinto tocado por um qualquer quadro simples do quotidiano, imagine-se passar na Rua Ferreira Borges e dar, de caras, com a representação de duas deusas do amor, imaginativas de Afrodite, como é que eu fico? Naturalmente, ansioso e em “pele de galinha”. Como repórter de trazer por casa, tenho de ir bisbilhotar. Então, quem são? O que fazem aqui?
Aqueles raios solares do meio-dia eram a Ayaly e a Maya. São dois “transformers” –segundo a Wikipédia, um  “Transformista é uma pessoa que veste roupas usualmente próprias do sexo oposto com intuitos essencialmente artístico-comerciais, sem que tal atitude interfira necessariamente em sua orientação sexual.”
Segundo as suas declarações, estão há cerca de dois anos em Coimbra e são estudantes na Universidade de Coimbra. Hoje, por força de um concurso de fotografia da Revista Cais e do Banco Espírito Santo (BES), estão “transformadas” exactamente para serem retratadas na Baixa. A intenção desta prova concursal, promovida pelo BES e pela Cais, é discutir as questões de género.
Lá lhe fui perguntando, em comparação com o Brasil, como acham a sociedade conimbricense perante a diferença, isto é, como reagem, e, em coro, responderam: “no nosso país de origem é mais fácil. Lá os governos estão apostados em dar apoio a espectáculos de transgenerismo, e ao fazê-lo estão, implicitamente, a contribuir para uma outra forma pública de ver. Ajuda a que se derrubem tabus e barreiras sociais. Lá, no Brasil, as pessoas da rua olham-nos nos olhos e falam connosco”. Quer dizer, intuo eu, que se não aprovam também não desaprovam. Se não gostam também não ostracizam. Respeita-se a inclinação sexual de cada um.
“Aqui, sobretudo em Coimbra, não se investe em “shows” de travestismo –que é diferente de transformismo- ou outras formas alternativas. A consequência, talvez pela falta de divulgação, é que o transeunte olha para nós rapidamente e desvia o olhar. Ninguém fala connosco”. Parece-me entender que as pessoas apreciam apenas a aparência e não querem saber de mais nada. Assim como se olhassem para um marciano que viesse à terra em turismo sexual.
Então, Ayaly e Maya, façam o favor de visitarem a Baixa mais vezes. Divulguem o vosso trabalho, mostrem-se como são. Uma cidade é tão mais rica quanto maior for a sua diversidade. Voltem sempre e obrigadas.

2 comentários:

Ayaly Fox disse...

Bellíssimo!!!
Obrigado a ti pelo carinho e desculpa qualquer desatenção, pois ficou um pouco difícil estar concentrada com os pés doloridos.
Sinta-se livre para ver nossas novidades no facebook:
Ayaly Fox ou Maya Pappillons.

Maya Papillons disse...

Como minha madrinha linda disse!
Muito obrigada mesmo!