(IMAGEM DA WEB)
“Ó Luís, queria pedir-te um favor…
não me escreves uma carta para o jornal?”. Foi assim que a Rita Nunes, uma
conhecida empregada comercial, agora de meia-idade, sempre linda, mas que
começou em criança a trabalhar nas desaparecidas “Casa São Tiago” e “Galerias
Coimbra” no alvorecer da década de 1970. Conta, Rita, diz-me o que queres que
eu escreva:
“Sabes o que é?! É um problema
que está acontecer com um autocarro dos serviços municipalizados de transportes. É uma viatura muito velha,
que parece que veio de Lisboa, e que faz a carreira entre o Norton de Matos e o
Palácio da Justiça. É o carro número 250. Podes até pensar que estou para aqui
a lamuriar-me pelo facto de a viatura ser mesmo muito acabada. Nada disso! Embora
também, mas não é só isso. Sabes qual é o problema? É que ónibus é todo
fechado. Tem apenas duas janelinhas à frente. Para piorar tem o ar condicionado
avariado. Viajar ali é um suplício. É um calor infernal. Olha que ainda ontem
uma senhora que viajava à minha frente sentiu-se mal com a alta temperatura
interior, com o calor, e tiveram de a pegar em braços para junto de uma das
janelinhas. Nós viajamos lá dentro como se estivéssemos dentro de uma caldeira
de combustão, entendes? Até o condutor, pelos pingos de suor a escorrer-lhe
pelo rosto, transpira por todos os poros. Vê–se bem que aquilo não são
condições para o homem trabalhar. Às vezes falamos assim e assado contra o
facto de eles fazerem greve, mas bolas, aquilo não é nada.
Olha que ainda na semana passada, quando
aqui decorreu o festival de ginástica Eurogym, eu vi os miúdos, deveriam ser
atletas, a retirarem as camisolas e a ficarem desnudados da cintura para cima.
Vociferavam alto e bom som contra o estado de bem-estar em que se apresenta o
veículo. Aquilo é uma sauna ambulante! Escreves-me a carta?”
(TEXTO ENVIADO PARA CONHECIMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)
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