domingo, 22 de julho de 2012

UMA SAUNA AMBULANTE NA CIDADE

(IMAGEM DA WEB)


 “Ó Luís, queria pedir-te um favor… não me escreves uma carta para o jornal?”. Foi assim que a Rita Nunes, uma conhecida empregada comercial, agora de meia-idade, sempre linda, mas que começou em criança a trabalhar nas desaparecidas “Casa São Tiago” e “Galerias Coimbra” no alvorecer da década de 1970. Conta, Rita, diz-me o que queres que eu escreva:
“Sabes o que é?! É um problema que está acontecer com um autocarro dos serviços municipalizados de transportes. É uma viatura muito velha, que parece que veio de Lisboa, e que faz a carreira entre o Norton de Matos e o Palácio da Justiça. É o carro número 250. Podes até pensar que estou para aqui a lamuriar-me pelo facto de a viatura ser mesmo muito acabada. Nada disso! Embora também, mas não é só isso. Sabes qual é o problema? É que ónibus é todo fechado. Tem apenas duas janelinhas à frente. Para piorar tem o ar condicionado avariado. Viajar ali é um suplício. É um calor infernal. Olha que ainda ontem uma senhora que viajava à minha frente sentiu-se mal com a alta temperatura interior, com o calor, e tiveram de a pegar em braços para junto de uma das janelinhas. Nós viajamos lá dentro como se estivéssemos dentro de uma caldeira de combustão, entendes? Até o condutor, pelos pingos de suor a escorrer-lhe pelo rosto, transpira por todos os poros. Vê–se bem que aquilo não são condições para o homem trabalhar. Às vezes falamos assim e assado contra o facto de eles fazerem greve, mas bolas, aquilo não é nada.
Olha que ainda na semana passada, quando aqui decorreu o festival de ginástica Eurogym, eu vi os miúdos, deveriam ser atletas, a retirarem as camisolas e a ficarem desnudados da cintura para cima. Vociferavam alto e bom som contra o estado de bem-estar em que se apresenta o veículo. Aquilo é uma sauna ambulante! Escreves-me a carta?”

(TEXTO ENVIADO PARA CONHECIMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)

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