segunda-feira, 30 de julho de 2012

QUANDO OS BURROS RIEM


(Imagem da Web)

 O senhor “Zé da Burra” hoje estava feliz. Feliz, não! Felicíssimo! Fui dar com ele e o seu jumento a darem saltos de riso de gargalhar, os dois, ali na Praça 8 de Maio. Aquele escoicinhar de bestas ouvia-se em todo o largo. Por momentos até dei graças a Deus o facto de hoje não haver reunião da Assembleia Municipal. Ai!, palavra de honra, se houvesse plenário, seria mais que certo aquele barulho interromper os trabalhos dos deputados –bom, quer dizer, só se fosse algum pedido de Referendo para a Reforma Administrativa agendado pelo Bloco de Esquerda, que isso até dava jeito  às restantes bancadas e ninguém se iria chatear com aquele martelar na calçada dos dois animais. É claro que vocês não sabem, nem têm de saber, mas eu tenho uma intuição levada da breca –só eu é que o afirmo, mais ninguém, mas também não tem importância nenhuma- e quando vi os dois burros, salvo seja, e que me desculpe o senhor “Zé”, a desmancharem-se todos ali em frente ao paço do senhor Barbosa de Melo –que é o Regedor, e com este não se brinca, haja respeitinho-, como Sherlock de ouvido à escuta, disse logo para os meus botões: alto e pára o baile, que ali há coice, ou melhor, coisa!
Como sou um descarado do caraças –palavra, juro por esta chuva que hoje nos borrifou-, tratei de interromper o bailado e fui falar com o engenheiro hortícola e a fazer doutoramento ali nos campos do Mondego.
Está bem, está! Mas ele dava-me lá alguma atenção? É o dás! Ria, ria que parecia coisa má. Por momentos, eu seja ceguinho, até pensei que estavam os dois possessos, homem e burro. Sei lá, comecei logo a imaginar coisas. Quem me diz a mim que não fosse o espírito do falecido Mendes Silva, incarnado nos dois “asnos”, a rir-se das obras do projecto do Metro Ligeiro de Superfície? Claro que, como não tinha a certeza, nem avancei para o tema porque se tivesse, ai, nem quero pensar!, eu arrumava-o logo ali com um directo aos queixos, salvo seja. Perguntava-lhe ali mesmo para o arrumar: “olhe lá ó seu asinino, você pode lá rir-se desta comédia em vários actos se, afinal, até mandou levantar os carris do eléctrico aqui na Baixa e na cidade? E mais, quem me diz a mim que não foi você, sua alma penada, que andou a atentar o governo anterior para seguir as suas passadas?
Mas eu não tinha a certeza, e, antes que levasse algum coice, tratei de guardar os pensamentos só para mim. Mas mesmo assim avancei, que vocês não me conhecem, mas eu sou assim tipo do major lá de cima, do Norte: “quantos são… quantos são?”
Para ter mesmo a atenção que necessitava, enchendo o peito de ar tive mesmo de pôr a labita em cima do senhor “Zé”. E ele parou mesmo, que eu quando me irrito não sou para brincadeiras. Eu seja cão se não é mentira!
O raio do burro, que parecia mesmo um estropício de uma besta, é que não parava de bater os cascos no chão e continuava na galhofa e a “arreganhar a taxa”. Houve momentos que até me pareceram que ele esfregava a barriga com uma das patas. Que coisa esquisita!! Comecei então a conversar com o engenheiro técnico das couves.
-Diga-me lá, senhor “Zé”, a que se deve esta algazarra toda? Saiu-lhe o Euromilhões, por acaso?
-Ahahahahhahah! Ahahahahh! ( e o senhor engenheiro não parava de se rir)
-(Comecei-me a passar)… Mas que merda é esta, senhor agricultor? Já não há respeito pela imprensa, é?
-(Até que homem, calculo, deveria ter caído em si,  puxou de um papel do bolso). Está a ver esta senha? É da Caixa Geral de Depósitos –e apontou para o edifício em frente.  Para além do Logótipo e do balcão, está toda escrita em inglês –e mostrou-ma…
- Ahahahh…ahahhahhh…ahahhahah…ahahahahh…ahahhhah (ai nosso Senhor Jesus Cristo que eu não consigo parar de me rir!!!)…ahahahhahahah….ahahahhahahh…ahahhahahah!

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