segunda-feira, 16 de julho de 2012

A BAIXA ESTÁ MAIS APAGADA. A RUA LARGA TEM MENOS LUZ



 Sem que nada o fizesse prever, subitamente, ontem, faleceu Maria João Carvalho, proprietária da loja das Meias, na Rua Ferreira Borges, e nossa respeitada colega destas lides comerciais.
Segundo Luís Filipe, seu filho, naturalmente muito consternado com este infeliz acaso, lá me foi dizendo que “embora a mãe, Maria João, no ano passado tivesse um princípio de AVC, Acidente Vascular Cerebral, estava perfeitamente estabilizada e nada fazia crer num desfecho tão rápido e fulminante.”
Para todos os funcionários deste reputado estabelecimento, com 51 anos, que sentiram na carne este desaparecimento –e que ainda hoje, durante a manhã, eram audíveis na rua os gritos de dor-, para o Luís Filipe Carvalho e irmã, Clara Carvalho, para o marido, Cândido Carvalho, o mais antigo comerciante em actividade na Baixa de Coimbra, nesta hora de profunda tristeza, em nome de todos, em nome da Baixa comercial, os nossos sentidos pêsames.
A natureza humana não pára. Uns vão nascendo, infelizmente poucos. Outros que por cá estão, infelizmente também, vão partindo. É uma roda incontrolável que gira em torno do mesmo eixo: a vida. Por mais que se tente neutralizar e atrasar o calendário é inevitável deixar de acontecer a morte. Para os que partem, que descansem em paz. Para os que ficam, que se lembrem que esta passagem é efémera. Não vale a pena andarmos a guerrear-nos como se uma vitória tivesse um maior peso sobre a derrota. No final, porque não levamos nada de material, apenas nos acompanham momentos e recordações, somos todos vencidos pela inevitabilidade da finitude.





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