quinta-feira, 26 de julho de 2012

A TERTÚLIA DE A BRASILEIRA, VISTA PELO ARNALDO "VER PARA ALÉM DA OPACIDADE"



 Já tinham saudades minhas, não já? Imagino! Há meses que não escrevo nada. E sabem por quê, sabem? Não sabem, claro que não?! Como é que haveriam de saber?! Mas eu conto! As verdades, nem que seja apenas para lavar a alma da lama, devem ser descarregadas. Quem nos ouve –neste caso, quem nos lê- não liga peva, mas uma pessoa, como se estivesse a fazer diálise, a purificar o sangue, fica muito melhor.
Fui enviado para a Síria como correspondente de guerra do blogue Questões Nacionais. Há meses que deixei de receber o “cacau”. Pedi ajuda às autoridades nacionais lá representadas, na altura mas que já zarparam para cá, e nada. Quem me ajudou a passar aquelas noites longas de calor foi a minha Habib –que significa em árabe “querido amor e era a minha amante lá naquele país do Levante. Nesta “shahada”, como quem diz, profissão de fé, o que me valeu também foi a música do Sami Yosuf, que na falta de alimento para estômago lá me ia sustentando a alma. O problema foi que, pela contínua falta de pilim, a paixão da minha Habib, como areia do deserto levada pelo vento, foi-se perdendo. Resultado, abandonado por todos, sem cheta, tive de me pôr ao caminho a pé descalço. Depois de atravessar o país todo a penates lá cheguei a Israel todo doridinho. Ai coitadinho de mim! Nunca mais me vou esquecer. Isto não se fazia nem ao maior inimigo do Passos Coelho, caramba! Cheguei ontem a Coimbra. Apesar da pronta assistência de uma boa enfermeira israelita –ai, por Alá!, até me passou  pela tola ficar por lá para sempre e ser cuidado por aquelas mãos delicadas-, os meus pés ainda estão que nem um trambolho. Estão mais inchados, acho eu, que a cabeça do ministro Relvas perante tantos dichotes no Facebook.
Dizia eu, então, que aportei ontem à cidade. Mesmo “coxela” de todo, e com uma brutal carência de sexo –há três meses que não vejo a padeira, como quem diz a minha Habib-, a primeira coisa que fiz foi ir comer uma “sandocha”, de sardinha de escabeche, e beber um copo de três ao “Mijacão. Isto é que era mesmo uma saudade. O que é uma mulher boa ao pé de um prazer daqueles? Estava eu já na terceira sandes, agora de bifana, porque a minha barriga estava mais necessitada que o Presidente Cavaco de uma arruada de aclamação popular, quando recebi um recado escrito, através do “Carlitos popó”, do bandido caloteiro. Já viram o desplante do canalha? Já? -Ainda bem que posso dividir consigo, leitor, esta mágoa que me consome todo, em frenesim, como se fosse um ataque de caspa. Fogo!, há gajos que haviam de ser chicoteados na praça pública, como eu vi lá na Síria por muito menos, caraças! Desenrolei o papelucho e o que dizia aquilo? “Mais logo, apresente-se n’”A Brasileira”. Promovida pelo Lions Clube de Coimbra, vai realizar-se a segunda tertúlia, e última deste pico de verão, “no âmbito do Apoio da Candidatura de Coimbra a Património Mundial da Humanidade. Assinado: Luís Fernandes, director do blogue mais importante deste mundo e do outro”. Porra!, uma pessoa até se passa! Já viram isto? Ai que nervos, meu senhor Deus! Que a fé e a paciência não se esgote nem nos falte! Quer dizer, o vigarista não me paga, abandona-me lá nos confins da Arábia Saudita, e agora manda-me fazer a reportagem? Como é que posso? Por um lado nem dinheiro tenho para comprar uns sapatitos, mas por outro também com os pés inchados, que mais parecem o João Moura, o presidente da Câmara de Cantanhede, ontem junto ao Primeiro-ministro a inaugurar a Expofacic, como é que posso?
Mas vendo bem as coisas, até nem é por dinheiro, que isso já nem conta para nada. Uma pessoa ultrapassando o meio-século deixa de olhar para os níqueis como a chave mestra do motor da humanidade. Como um grande sábio, passa a ver as coisas com outra atenção. Passa a preocupar-se mais com os pormenores, começa a inverter os valores da sensibilidade, deixa de apreciar o global e passa ao ínfimo. É como se, numa troca de géneros, quem sabe em castigo divino, passasse de homem para mulher.
Dizia eu então. Quero lá saber do dinheiro para alguma coisa? Se não tenho grande farpela para me apresentar lá n’A Brasileira, junto os doutores, eu quero lá saber?! Enfio a minha túnica, que trouxe da Síria, enfio as minhas sandálias de Pedro, o Pescador, e lá vou eu. Não posso falhar. De certeza absoluta que lá vai estar a minha diva de todas as torres de Minerva deste mundo: a Clarinha Almeida Santos. Posso eu faltar sem ver um sorrisinho daqueles? Nunca! Prefiro andar em jejum sabático de uma semana sem uma côdea!

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