"Dez mil famílias e empresas arrastadas para a falência no primeiro semestre"
"Número de insolvências no país subiu 83% entre Janeiro e Junho, alcançando um ritmo de 53 por dia. Falências de particulares mais do que duplicaram e já pesam 65% do total. Nas empresas, o sector mais afectado é o imobiliário". LEIA AQUI O PÚBLICO
Nenhum Estado, na sua contratualização
social, que deixa cair um anormal número de famílias na miséria poderá
persistir no tempo. Em face do que se apreende, é um Estado falido que está
condenado ao seu próprio desaparecimento. Convém lembrar que o Contrato Social,
de 1762, elaborado pelo suíço Jean Jaques Rousseu (1712-1778) preconizava que o
cidadão condicionava a sua liberdade, isto é, depositava na outra parte
contratante, o Estado, para que este, como bom chefe de família, justo
equidistante em relação a todos, distribuísse de forma equitativa os direitos e
obrigações por igual. Assim seria na SAÚDE –que só viria a acontecer, embora
timidamente, a partir de da década de 1930, com o advento da Social-democracia
e a criação do estado social de bem-estar; na JUSTIÇA, onde este Estado patrocinaria
a sua administração e se encarregaria de a aplicar a todos os indivíduos de
forma igual, embora tendo em conta as diferenças de cada um; na HABITAÇÃO, onde
este patrono chamaria a si políticas de desenvolvimento que conduzissem a que a
cada família ou indivíduo correspondesse uma habitação condigna; na EDUCAÇÃO,
em que seria facilitado a todos o acesso a um conhecimento literato e de modo a
que, para além de todos saberem ler e escrever, o ensino universitário fosse
acessível universalmente por igual; no TRABALHO, criando, quer, através da iniciativa
púbica e dos serviços necessários à sua própria máquina administrativa, e
tributando todos com alguma contenção, quer através dos privados, políticas de
fomento empresarial e de modo a que economia floresça e, pelo seu
desenvolvimento contínuo, gere empregos.
Ora, o que se constata no dia-a-dia
e aqui em modelo no anúncio do Público? O ressurgimento de um estado falhado,
que não cumpre com a sua parte o que se obrigou perante o seu citadino e, de
uma forma fria e insensível, deixa cair os seus “filhos” na mais abjecta
miséria.
A onde vai conduzir este inadimplemento
(incumprimento), no desligamento das condições sociais, propiciando a apenas a
alguns os direitos que caberiam a todos? Naturalmente a novos paradigmas
sociais. Como está, perante o reiterado incumprimento desta entidade a que
chamamos Estado, não será possível continuar. Em consequência, iremos assistir
a movimentos sociais que, provavelmente, na turbulência, gerará um novo modo de
viver em sociedade.
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