sexta-feira, 21 de maio de 2010

QUEM ASSALTOU A BRASILEIRA?

(RETIREI ESTA IMAGEM DAQUI)





 O telefone tocou logo de manhã. Era um amigo, comerciante aqui na Baixa e leitor diário deste blogue.
-Ó pá! Já leste o Diário de Coimbra de hoje? Interroga-me do outro lado.
-Já! Respondi. Estás a falar de que notícia? Interroguei.
-Ó pá, é acerca do assalto à Brasileira. O trabalhinho foi feito durante o dia. Eu vi. Esteve aqui uma carrinha a carregar os moinhos de café e outras coisas…
-Ó pá, se viste, tens obrigação de ir contar ao Lúcio Borges (sócio da pastelaria Moeda e também novo proprietário da Brasileira), repliquei eu.
-Ó pá…eu…não vi…nada…sei lá…quem era? Eu não vi nada de ….interesse…eu…sei…lá…quem…foi?
-Desculpa lá, em princípio, ninguém te pede que identifiques, ou acuses, seja lá quem for. Como cidadão, como comerciante, tens obrigação moral de colaborar com o Lúcio Borges, para que se descubra quem roubou o espólio da Brasileira. O Lúcio está a tentar recuperar o velho café, e isso é bom para todos…
-Ó pá… eu agora é que vou dizer? Olha, lá essa agora!...
-Sim, deves falar com ele, para que, junto da polícia, se identifiquem as pessoas. A tua denúncia pode ser muito importante para esclarecer este caso.
Se assaltassem a tua loja, não gostarias que alguém te ajudasse a descobrir?
-Ó pá… mas eu não vi …nada…fala tu com ele. Transmites-lhe o que eu estou a dizer. Não é preciso eu falar com ele. Eu não quero chatices…
-Está bem, eu vou falar com o Lúcio Borges, mas vou dizer-lhe para falar contigo. Ficas desde já a saber.
Como cidadão, pela obrigação de cidadania, tens de colaborar.
-Ó pá…mas…assim…
-Já te disse, desenrasca-te com o Lúcio. E desliguei.
Logo a seguir a esta conversa fui falar com o Lúcio. Penso que a esta hora já terá falado com este meu amigo.
Porque me dou ao trabalho de transcrever aqui esta conversa? Porque, infelizmente, esta é a forma de estar na vida da maioria dos comerciantes da Baixa e do comum dos cidadãos. Nunca dão a cara para nada. Irrita-me profundamente este tipo de pessoas. A nossa comunidade está como está pela cobardia que atravessa todos. Gostaria de dizer que não sou melhor do outro qualquer, também tenho um buraco ao fundo das costas, mas tento ser diferente. Não podemos passar a vida a queixarmo-nos dos assaltos no Centro Histórico, não podemos andar sempre a lamuriar contra os políticos, e quando temos alguma informação relevante para esclarecer determinada verdade, que será fundamental para o futuro, de uma forma torpe, escondemo-nos atrás da cortina e dizemos que não vimos nada.
Esta não é a cidadania que se deve exigir. Este não é o comportamento correcto que devemos querer dos nossos amigos. Já perdi muitos…e mais continuarei a perder. É a vida. Não escrevo para agradar a ninguém, nem para obter benesses. Quem não gostar desta minha forma de agir, que não venha cá…

3 comentários:

Jorge Neves disse...

É assim mesmo amigo Luis, um por todos todos por um. Penso que escrevi no meu e no seu blogue sobre o assalto à Brasileira, mesmo antes do senhor Lucio ter apresentado queixa, para mim denunciar um crime é um dever publico.E como existe muitas "boas" Instituições a ler o que o amigo Luis publica, eu pensei cá com os meus botões, se denunciar o assalto, talvez a policia fique de alerta.
Abraço e continue

LUIS FERNANDES disse...

É verdade, sim, Jorge, você enviou-me um comentário sobre isso, e eu publiquei (está um link no texto).
Ainda bem que o fez Jorge. É nossa obrigação cuidar do que é "nosso", enquanto património colectivo.
Obrigado pelo bom trabalho que faz em prol da Baixa.
Abraço.

Anónimo disse...

Têm toda a razão Luís e Jorge,é verdade que a denúncia de um crime é um dever e uma obrigação de todos.Correndo até o risco de se tornar cumplíce do delito efectuado,isto em determinadas situações.Mas eu até compreendo o comportamento da «testemunha» sua amiga Luís,apesar de não o aceitar.É que,actualmente,o receio de represálias e consequências de denúncias está instalado.Devido ás circunstâncias sociais actuais o povo tem medo de ter os comportamentos adequados a estas situações,e é pena!
Marco