quinta-feira, 13 de maio de 2010

TOLERÂNCIA PONTÍFICA




 Eu tenho mesmo de confessar a “vocelências”: estou cada vez mais lerdo, assim para o “burriqueiro”. Bom, há vários factores que concorrem para esta degeneração endémica e continuada. Pode ser da idade, das alterações climáticas, da crise mundial e mais particularmente das minhas finanças, e, eu sei lá, tantas outras razões concorrentes para o efeito. Embora não excluo a hipótese de estar no DNA. Ai de certeza que é genético!
 Então não é que eu pensava que “tolerância de ponto”, conforme o nome indica, quereria assim dizer que os serviços públicos funcionariam no mínimo, mas nunca estariam encerrados totalmente? Mas acontece que estão mesmo. Então é um feriado excepcional. É ou não é? Para mim, que sou bacoco, é mesmo! Ora, a ser assim, por que lhe chamam “tolerância de ponto”. Isto é absurdo, é ou não é? Se calhar não. Sou mesmo eu que sou vesgo e rapo metade das coisas –como a foto, em cima, que está cortada a meio.
 É que há coisas que não entendo –está bem! Não precisa de dizer que a minha inteligência não chega lá. Já sei! Eu tenho simpatia pelo Santo Padre. É minha obrigação. Embora tenha uma cara que não vou muito à bola, mas nunca me fez mal nenhum.
É um Chefe de Estado, e, como tal, igual a outro qualquer, deve-se-lhe respeito. Mas não entendo porque é que cada vez que vem cá um não há sempre feriado, ou tolerância de ponto, vá lá, que é a mesma coisa. Qual será a razão desta diferença de tratamento? Para aumentar a minha confusão estou a lembrar-me que há tempos até veio cá o Hugo Chaves, que é tão amigo do peito do nosso primeiro, e nada. Nem ao menos meio-diazito! Pois…aí é que bate! Eu não consigo alcançar…
Ah…espere aí! Calma! Já vi. Acabei mesmo agora de vislumbrar. Fogo! Você também está para aí só a ler e não ajuda nada. Você não podia ao menos a apresentar algumas probabilidades? Pois é, pensar custa. Eu sei!
 Dizia eu então, depois de muito matutar, que cheguei a uma possível possibilidade desta discriminação positiva. Tem mesmo de ser aqui. Nós somos um povo católico, ora se vem cá o chefe…está certo…um feriado, ou tolerância de ponto, que é a mesma coisa. Mas há uma coisita que me está a fazer um ardor desgraçado aqui numa virilha: segundo as estatísticas, seremos quase noventa por cento católicos…não praticantes. Certo? Pois, ai que fico completamente burro. Então o que é isso de católico não praticante? Ah, já sei, vai dizer-me que é igual a uma tolerância de ponto…que afinal é um feriado…é isso, não é? Ó criatura, por amor ao Santo Padre não me apoquente a moleirinha. Mas isso tem alguma coisa a ver? Ou, pensando melhor, se calhar até tem. Vendo de repente, olhando para mim, eu tenho andado toda a vida a dizer a toda agente que sou honesto. Acontece que o sou, mas não pratico. Ora, ainda bem que estou para aqui a desabafar. Palavra de honra que até andava preocupado com isto. Cá nas minhas conversas interiores, entre os meus “eus”, às vezes, apanhava um a dizer ao outro: “ó Toino, tem lá paciência, mas tens de te definires: ou és honesto ou não és!”. E a outra parte de mim, aquela que está sempre a desvalorizar os actos mauzitos, dizia: “deixa lá Toino, não ligues. Tu és um tipo honesto, mas não praticante. Não te preocupes, estás no bom caminho. Ainda um dia haverás de chegar a honesto!”.
E é claro, assim já entendo bem que, apesar de, segundo os dados disponíveis entre 2000 e 2007, os padres passaram de 4237 para 3777, que passou a haver menos seminaristas e menos religiosas. Também há menos baptizados (mesmo tendo em conta a redução do número de nascimentos) e as pessoas casam-se menos pela Igreja –você já viu o que eu sei? É ou não é? Até parece que estou a ficar melhorzito da tola. Fui roubar estes dados ao Jornal Público, mas também não interessa nada.
 Continuando, o número de pessoas que deixou de ir à missa ao Domingo caiu mais de meio milhão entre 1977 e 2001, último ano com dados disponíveis.
Ora, portanto, isto quer dizer que somos cada vez menos praticantes de praticantes. Então, nesse caso, sou forçado a dar razão ao nosso primeiro-ministro: está certo dar “tolerância de ponto” ou feriado, ou lá o que isso é, para ver se esta gente, pelo menos no ócio, começa a ser mesmo praticante militante a sério.
Está certo, não está? Consegui safar-me com isto? Acho que não…

4 comentários:

Jorge Neves disse...

Em tempo de aperto de cinto, da-se uma tolerancia pela visita do Papa, quando deviamos viver num estado laico, devia ser opçao quem queria ficava casa quem não queria ia trabalhar,bastava fazer um inquerito interno em cada instituição, depois logo se via se abria as portas ao publico ou não. Eu como tive de ficar em casa hoje,amanha meto um dia de ferias e faço fim de semana prolongado.Burro é que não sou.

Anónimo disse...

Luís tenho uma novidade para si.Se é genético tenho quase a certeza de que somos irmãos ou primos,parentes somos de certezinha absoluta.Outra coisa que reparei é que entre greves,protestos e «tolerâncias» já lá vão uma dezena de dias de «trabalho».Ainda não chegámos a meio do ano...
Um abraço,Marco

Anónimo disse...

ó Jorge,opção?!!Tenho a certeza que nesse inquérito todos iriam afirmar-se católicos e praticantes diários.Mas se para semana vier o dalai lama,para ficar em casa convertem-se todos ao budismo.O que eu sei é este ano já são duas vezes que precisei de ir á loja do cidadão tratar de assuntos e estava fechada por causa das tolerâncias.
Abraço Marco

Jorge Neves disse...

Antes de mais, fico contente pelo seu regresso aqui ao Questões Nacionais, já tinha dito ao amigo Luis que o amigo Marco nunca mais tinha feito aqui comentarios.
Defendo que tenho direito a optar neste caso concreto, já às pessoas se afirmarem católicos praticantes, fica com a consciência de cada um.Por falar do Dalai Lama, caso ele viesse para a semana de certeza que o Governo não dava tolerancia de ponto, alias esta tolerancia teve um outro objectivo, que foi de destrair os portugueses enquanto anunciavam mais medidas anti-crise, que ate levou o Passos Coelho( alguem que me transmitiu esperança) a vir pedir desculpas por ter assinado as ditas medidas. Só se pede desculpa por um erro que se comete.Posso lhe dizer tambem que pedi para trabalhar no dia de hoje( 13 de Maio) e que me foi recusado porque a Instituição onde trabalho estava encerrada.