GOSTO DESTE POVO! QUE QUEREM?

(FOTO DO JORNAL DE NOTÍCIAS)

 Comecei a ler esta coluna do Jornal de Notícias, em que uma professora de Mirandela, que posou para a revista “Playboy” com fotos ousadas, está em vias de ser despedida pela escola onde exerce como professora.

Não posso estar mais de acordo. Aliás, o povo tem sempre razão. É mais que lógico! Em terra de alheira, feita com carnes velhas e duras, uma mulher destas, de carne fresca e tenrinha, com tudo bem seguro, desempenada de ideias, pode ter lá lugar? É óbvio que não. E, se continuasse a dar aulas, que iriam pensar os alunos? Para eles aquela mulher estaria sempre despida, até de preconceitos. Abrenúncio, “vade retro Satanás”! Tem muita sorte não ser queimada viva, como Joana D’Arc. Teve muita ventura em a sua prestação na revista coincidir com a visita do Santo Padre. De certeza absoluta que foi por isso que se safou da pilha ou do pelourinho.

Até digo mais, por falar no chefe da Igreja Católica, isto é uma indecência! O que vai pensar o Papa de uma coisa destas? Que ideia vai ele levar para Roma das portuguesas? Que são todas umas malucas? Que gostam de mostrar ao povo o que têm de melhor? Isto é mesmo um escândalo! Estou completamente ao lado da direcção da Escola lá de Mirandela.

 Ora bolas! Haja dó! Uma professora, para dar bom exemplo aos miúdos  -coitadinhos, que são umas almas inocentes- deveria andar de saia até aos pés, camisola larga até ao pescoço –nada de agarrada ao corpo para não levar os meninos a imaginarem formas sexualizadas- e, nos pés, sapatos discretos, nada de ostentações coloridas, assim iguais ao do Santo Padre.

 Coitadinha da avó. Imagino o que deve estar a sofrer com uma acção destas da neta. Que desgosto! Ai que vergonha, meu Deus! –e faço o sinal da cruz. Vejam lá o que o raio da rapariga se havia de lembrar! Aparecer em pelota numa revista com um corpo daqueles! Uma anatomia assim não pode ser para dividir. Nem pensar! Já chegámos ao comunismo, ó quê?

O pedido do director, José Pires Garcia –que não conheço, mas aproveito para lhe mandar um abraço-, ao pedir à Câmara que tome uma atitude está certa. Certa? Certíssima! Esta mulher não pode continuar naquela escola. Nem pensar! Uma parvónia daquelas, tão pura, com tão lindas paisagens, não merece uma devassa destas.  Até para o turismo pode ser muito prejudicial. Ai, que horror! Até mesmo para indústria de enchidos. Estou mesmo a ver, a alheira de Mirandela, que secularmente sempre foi em forma de ferradura, depois de um abalo destes nos costumes, obrigatoriamente passa a ser direita, assim do tipo de um “margalho” das Caldas, estão a ver? Ora isto para a tradição tem custos enormíssimos. Nem quero pensar!

Palavra que gosto de ajudar as pessoas. Se não fosse cá por coisas, até propunha uma troca ao director Garcia. Eu mandava para lá a minha vizinha, a menina Efigénia, que, para além de também ser professora, é uma mulher de virtudes, ai, palavra que é! Nunca na minha rua se constou fosse lá o que fosse, toda a gente sabe que ela, apesar de ser já um bocadito entrada na idade, é solteira e virgem. E jamais casará porque dedicou a sua vida à igreja. Todos os domingos, e dias-santos, vai à missa. E digo isto porquê? Porque há pouco tempo, em conversa recatada, sem maldades, confidenciou-me que não conhecia Trás-os-Montes. Estava eu longe de adivinhar que iria ler agora esta notícia. Ora aqui está uma grande oportunidade para o povo de Torre de Dona Chama. Eles recebem a minha vizinha Efigénia e mandam-me para cá a Bruna. É evidente que a minha rua vai ficar muito prejudicada. Isso é óbvio. Mas que se há-de fazer? Esta minha mania que tenho de ajudar os outros! Até porque, pode não parecer mas vou ter lá um trabalhão a convencer o “ti” Manel da couve-de-Bruxelas” de que estamos a fazer uma boa acção.

 Mas palavra que estou indignadíssimo. Nem consigo ver outra vez a foto. Juro por todos os santos que até estou a colocar a mão aberta à frente dos meus olhos. Que indecência!

Como é que pode acontecer uma coisa destas, e logo a coincidir com a visita do Papa…