quinta-feira, 20 de agosto de 2009

BAIXA: O MUSEU DO CHIADO






Para quem não sabe, o Museu Municipal, instalado no antigo Edifício Chiado, fica na Rua Ferreira Borges, uma das principais artérias do centro histórico da cidade. Tutelado pelo Departamento da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, é composto por três pólos distribuídos por três edifícios distintos. O principal é este de que vou falar, o Edifício Chiado, que alberga, no primeiro, segundo e terceiro andares, a colecção permanente Telo de Morais, doada ao município por este médico de Coimbra em 1998. Este acervo, doado pelo filantropo, é constituído por pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, mobiliário, cerâmica portuguesa e indo-chinesa, arte sacra antiga, escultura, pratas e outras peças heterogéneas.
Actualmente, até 19 de Setembro, no rés-do-chão está a decorrer uma exposição de cerâmicas de Manuel Cargaleiro. Neste piso térreo, que se destina a mostras temporárias, a entrada é livre. Para visitar a exposição de Telo de Morais os preços variam até 1,78 euros, respectivamente, entre crianças e adultos.
Embora já visitasse várias vezes este museu, em conversa, há dias, dizia-me um meu amigo de Lisboa, que tinha visitado este espaço museológico: “olhe, é uma pena este museu estar “morto”. Está tão bem situado, mas não se dá por ele. Já viu as montras? Parece uma igreja Evangélica. Deveriam fazer algo para que quem passasse se apercebesse que aquela bela casa é um museu. Quem não souber, de certeza absoluta, não irá lá. Que desperdício. Para além disso, deveria estar aberto ao domingo. No dia que mais nos dispomos a conhecê-lo é quando está encerrado”, enfatizou o meu amigo.
Fiquei com a pulga atrás da orelha. Hoje, com olhos de pessoa de fora -não aqueles olhos de urbano, que, à força de tanto ver diariamente, pelo hábito, acaba por não ver nada- fui novamente visitar o Museu Municipal.
Na entrada, estavam dois funcionários, por sinal muito simpáticos. Calmamente, no rés-do-chão, bem iluminado, novamente percorri, uma-a-uma, as faianças de mestre Cargaleiro.
Como é necessário pagar a visita para aceder à colecção de Telo de Morais, paguei e um dos funcionários acompanhou-me ao elevador, carregou no 2º andar, e disse: “para baixo, pode vir pelas escadas, se quiser”.
O elevador parou então no segundo piso. Sozinho, percorri este espaço, a apreciar obra-atrás-obra de arte, à média luz. Ou seja, a luz que iluminava aquele piso era a proveniente do sol. O que quer dizer que nos recantos mais escuros nem conseguia ver a assinatura de alguns pintores expostos. Várias vezes, dei por mim a pensar, se calhar tenho de acender um qualquer interruptor. Voltei atrás, mas, nada, não havia qualquer comutador.
Reparei que no vão de escada que liga o segundo ao terceiro andar não tem qualquer indicação para convidar a subir. Nada, naquele vão, indica que o andar superior é para visitar. Desci ao primeiro andar. A mesma penumbra. Pensei para mim, que diabo, mas o que é que se passa com a iluminação? E desci então ao piso térreo, onde expus o problema ao agora único funcionário. “Sabe?, é que estamos com um problema no ar condicionado. Deve ser por isso que a fase que ilumina os andares superiores não está a funcionar”. Está bem, fiquei esclarecido porque procurei a explicação. Mas se não a tivesse pedido? Ter-me-ia sido facultada? Duvido. E se eu fosse um qualquer turista, o que teria pensado daquela escuridão toda?
Parece que, apesar de ser Agosto, a exposição cerâmica de Cargaleiro está ser bem sucedida. “Estamos a ter uma média de 30 pessoas por dia”, confidencia-me o funcionário.
Em jeito de balanço, a sensação que fiquei é que este espaço –corroborando a opinião do meu amigo- tem pouca vida. Em minha opinião –sobretudo na época de verão-, este piso térreo deveria ser aproveitado para exposições animadas, como por exemplo, o desempenhar de profissões em desaparecimento. Junto à entrada, para chamar a atenção, deveria ser complementada com artistas de saltimbancos. Cada vez mais os museus, enquanto espaço de memória, deverão ser interactivos com o público, através de espectáculos cénicos, alegóricos ao passado, sim, mas a interagir com os visitantes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo muito bem. Mas ao fim de semana encerra. Numa Cidade que se diz da Cultura, como poderá o responsável da Cultura desta Câmara, não possuir o minimo de visão e sensibilidade para este Museu no coração da Baixa de Coimbra.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado por ter comentado.
Abraço.