sexta-feira, 21 de agosto de 2009
NAQUELES DIAS DE TANTO...
Hoje sinto-me naqueles dias em que o mundo se resume só ao que está a nossa volta. Sentimo-nos pequeninos. Sem hipótese de fuga. Está tudo truncado. Nestes dias assim tudo corre mal. Se falamos com alguém, são as asneiras a saírem em catadupa. Nada se aproveita. Damos por nós a interrogar se esta pessoa de hoje, que tão bem conhecemos, será mesmo a mesma de ontem. Ainda há pouco tempo estava tão bem, tão optimista. Hoje é uma desgraça. Apesar de ser um dia solarengo, “agostónico”, parece-nos negro como aqueles dias de Inverno, carregado de nuvens escuras e “catatónico”.
Nestes dias assim -puta-que-pariu!- não se avista o horizonte. E muito menos o sol lá na linha do oceano. Está tudo mal. Começa no governo e acaba na família. Estamos cansados de tudo. Desta vida que levamos sem nexo de causalidade. Trabalhamos, como escravos, para pagar as contas. É o telemóvel, é a televisão por cabo, é a luz, é a água, é o popó a pedir combustível. São os impostos sempre a baterem à porta. Estamos amarrados à nossa própria ambição. Já viram algum pobre infeliz? Duvido. Aceitam a sua condição sem pestanejar.
É a rotina diária, essa sombra que nos persegue e que não nos deixa libertar. Somos marionetas conduzidas pelo sistema que nós próprios criamos, induzidos em sermos independentes e auto-sustentáveis. Vivemos enrolados na teia que tecemos. E agora fugir dela? É o foges. Vivemos em liberdade? Quem disse isso? Se somos escravos de tudo o que nos rodeia? Da casa para pagar, do patrão que nos dá emprego, do cliente que nos compra os nossos produtos ou serviços, mas que, apercebendo-se da nossa fragilidade, e dependência dele, abusa da sua condição, tentando que o preço baixe até ao infinito. Umas vezes declaradamente, outras vezes sub-repticiamente acenando as notas, diz-nos que ele é que tem o dinheiro. Logo, no seu entender, é ele que manda. É o novo ditador nestes tempos de liberdade. Nunca, como agora, o dinheiro, pela escassez, foi tão amado, idolatrado, perseguido. Como? Eu disse liberdade? Mas que liberdade? Só se for na escolha para comprar o que estiver dentro do nosso orçamento. Mas até essa aparente autonomia é ilusória. Somos sempre manipulados por algo, alguém, nem que seja pela publicidade. Como marionetas de Santo Aleixo fazemos sempre o que esperam que façamos, e foi antecipadamente pensado “a priori”.
Então, neste cenário de liberdade/amarração apocalíptica, o que nos resta? Pouco. Sonhar, se o sono for solto e se o pouco tempo, que se passe pelas brasas, o permitir. Talvez ter fé, se a paciência que a produz, à força de tanto cansaço físico e psíquico, não estiver gasta como a pedra-mó, que de tanto rodar no mesmo sentido, está lisa e já não transforma as embrutecidas agruras da vida em sentimentos de esperança num amanhã melhor.
Então o que nos resta? Olhe acabar este texto que, pelo pessimismo impregnado, não interessa a ninguém.
Perguntou se fico bem? Claro que sim. E você, vai ficar melhor? Procure não pensar no que escrevi aqui. Não me leve a sério. Estava a especular. Como não posso ir para a Bolsa…faço assim.
Vamos com calma. Já estou melhor. Amanhã é outro dia. Fosca-se o dia de hoje. “Vade retro Satanás”….
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