sábado, 29 de agosto de 2009
SÁBADO
Hoje é Sábado, dia de angústia minha,
é um buraco no caminho a contar,
é uma fractura na esperança levezinha,
um interregno num tempo a passar;
Todos param nesta estação da semana,
apanham o trem da fuga para a frente,
partem felizes, o aventureiro e o sacana,
misturados entre amálgamas de gente;
Querem viver o presente a escassear,
colocar uma pedra nos dias passados,
nas tristezas, nem é bom lembrar,
vamos mas é para a frente, entediados;
O comboio da vida está a encurtar,
já não pára em todas as estações,
gozar o fim-de-semana é salutar,
mesmo em apeadeiros de expiações;
No Sábado não há pressas na calçada,
não há ais do “aspirante” louco a gritar,
há solidão, em sombras, disfarçada,
de gente sozinha que quer amar;
Não se vêem nas portas das sapatarias,
os donos, de testas enrugadas, a pensar,
fazendo contas à vida, em cavalarias,
aspirando um tempo que não vai recuar;
Não se vê um comerciante embriagado,
afogando as mágoas na tasca do Baltazar,
arrumando o sofrimento, bem embrulhado,
está em casa, sentado no sofá, a pensar;
Por ser Sábado o infeliz faz de contente,
mostra alegria à sua Maria sem sentir,
mesmo que a alma chore, lhe doa um dente,
patrão desolado sabe que tem de fingir.
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