terça-feira, 25 de agosto de 2009

BAIXA: "QUEM ME LEVA OS MEUS FANTASMAS?"








Há cerca de quatro meses, para comemorar o Maio de 1969, com uma exposição sobre o lema “A crise saiu à Rua” –um olhar sobre a Academia de Coimbra em 1969-, foram colocadas em vários pontos da cidade, e nomeadamente aqui na Baixa, vários bonecos retratados em figuras de madeira à escala humana.
Consultando a página do Turismo de Coimbra ficamos a saber que a exposição irá até ao fim do verão. Para além disso, diz-nos ainda que a apresentação é uma iniciativa daquela empresa municipal de turismo, com o apoio da AAC, Associação Académica de Coimbra.
Ora, comecemos pelo princípio, passando a redundância. A exposição teve impacto? Teve sim. Foi uma boa iniciativa para recordar a revolta estudantil, em 1969, em Coimbra, um ano depois do Maio de 68, em França? Foi sim. Quanto ao mérito da exposição a Turismo de Coimbra e a AAC estão de parabéns. Agora quanto à longevidade da exibição, sinceramente, tenho muitas dúvidas. Ou seja, neste parcial abandono de que aparentemente sofrem as figuras, dá-me impressão que o mérito alcançado no primeiro mês, pela longa mostra, está, agora, a ser consumido em lume brando. É de um absurdo mau-gosto eternizar na rua uma exposição, sabendo-se que os transeuntes, diariamente, serão quase sempre os mesmos.
Estou certo, leitor, que se já não pensou o mesmo, certamente, depois de ler este texto, vai concordar comigo. É demasiado tempo.
Ainda tentei entrevistar o senhor Joaquim (António de Aguiar), mas, por acaso, fui a má-hora: estava empenhado em contar todos os veículos que atravessam a Ponte de Santa Clara. Mesmo assim, ainda lhe atirei com a pergunta acerca do que pensava daquelas efígies humanas à sua volta. Não tenho bem a certeza, mas, em resposta, pareceu-me ouvir a canção do Pedro Abrunhosa: “Quem me leva os meus fantasmas, quem me salva desta praga, quem me diz onde é a estrada? Quem me leva…quem me leva?”…

Sem comentários: