quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PARA QUE SERVE A POLÍCIA?





“Dois agentes da PSP, agredidos na Amadora em 2004 quando estavam em serviço, não vão ser indemnizados por danos morais e físicos e foram obrigados a pagar as custas do processo porque os agressores, condenados em tribunal, apresentaram atestado de pobreza”, in jornal Público online de hoje.
“Segundo o “Diário de Notícias”, o tribunal já notificou os polícias da divisão de trânsito da Amadora para pagarem, cada um, 400euros. A agressão aconteceu em 2004 quando os dois polícias foram alertados para uma desordem num bairro da Amadora. Um foi agredido com murros no peito e o outro com um pontapé. Este teve de receber tratamento hospitalar”.
Continuando a citar o “Público”, “O Ministério Público deduziu acusação contra os dois agressores por crimes contra a autoridade e os polícias pediram uma indemnização de três mil euros por danos físicos, patrimoniais e morais. Os dois arguidos foram condenados a pagar uma multa mas como apresentaram atestado de pobreza, por estarem desempregados, ficaram livres de o fazer. Mas, cinco anos depois, os polícias foram notificados para pagar as custas do processo por terem feito o pedido de indemnização cível, embora não tenham recebido nada”, transcrito do jornal Público online.

Porquê essa cara? Está chocado? Hum…não é caso para isso. Que diabo, então se os coitados dos meliantes estavam desempregados…como é que iam pagar? Com que dinheiro? Pobres almas errantes, que ao mundo vieram sem ter culpa. Com trabalho? Não, senhor, que isso atenta contra os Direitos do Homem e do Cidadão. Está de ver que os polícias estavam no local errado à hora errada. Aposto que lá naquelas ruelas da redondeza da Amadora toda a gente conhece estes dois filhos do capitalismo selvagem. Já estou a ver a dona Ermelinda, toda vestida de negro, a limpar as lágrimas, misturadas com baba e ranho, a dizer: “ai, senhor, são umas jóias de moços, não fazem mal a ninguém. Os polícias é que entraram a “matar”…a insultá-los…coitadinhos. Não gostaram, é claro! Se fosse você, não seria igual?”
Por acaso, aqui está um bom exemplo em prol da produtividade. Sim, senhor! É assim que o país progride. Deve-se acabar com tudo e todos que obstaculizem o progresso. Quanto mais agressões e roubos houverem mais trabalho directo e indirecto é produzido. Isto está de ver. E assim o país vai para a frente. São os serviços de saúde a trabalharem. É a fábrica de vidros a produzir mais. São as empresas de segurança a não terem mãos a medir. Claro que só uma ínfima parte da população (como eu) consegue ver para além da bruma da neblina.
Aliás, se já se desmantelou o exército, porque não se faz o mesmo às polícias? Só dão despesa! Eu tenho a certeza que todos os governos do após-25 de Abril já pensaram nisso. Mas, é claro, como são uns milhares, e logo iriam aumentar em mais um dígito os números de desemprego, só por isso é que ainda não se acabou. Mas está quase. Paulatinamente, foram-lhe retirando toda a autoridade. Só fizeram mal uma coisa: foi continuarem a distribuir-lhes armas que não podem utilizar. Já há muito que todos os polícias deveriam usar armas de plástico, daquelas do nosso tempo de criança, que se enchiam de água. Era muito mais eficaz, ninguém se feria, e pronto! Nesta troca que não se fez é que acho mal.
Agora com medidas jurisdicionais como esta, que o “Público” relata, mais umas tantas avulsas, e o não provimento dos aposentados, a polícia acaba mesmo por desaparecer, sem alarde e sem se dar por isso. Mas está correcto, volto a dizer. Para que serve? Para nada. No tempo da outra senhora, a gente quando queria que o menino dormisse bastava dizer: “ó “catano”, escolhe, ó dormes ou chamo um polícia!”. Nem era preciso mais. Quando se estava a soletrar a última sílaba já o puto estava de olhos fechados. Agora não. Podemos ameaçar o garrano com o GOE ou o Ministério da Administração Interna inteiro que o “malacueco” põe-se a rir até lhe doer a barriga. Ora, a ser assim, para que serve a polícia?
Além disso, as reformas sucessivas das últimas décadas deram cabo da classe. Já não se vê um polícia bêbado, nem de faces rosadas, nem barrigudo, nem nada. Antigamente ainda se via um turista a tirar um fotografia a um paisano. E agora? Népia! Esta imagem de agentes lavadinhos, com caras de copos de leite, cultos, e escorreitos, não interessam a ninguém.
Os caricaturistas já há muito desistiram da sua figura. Aliás, até devo dizer que, provavelmente, esta transformação comportamental e de “new look” estão na origem da quase falência da Fábrica de faianças Bordallo Pinheiro. É que esta centenária marca das Caldas da Rainha, com as novas transformações dos cívicos, progressivamente, deixou de vender umas figuras típicas de polícias do nosso imaginário.
Preciso de mostrar mais algum exemplo de que as polícias não servem para nada? Pois não. Acabe-se de vez com a raça.

Sem comentários: