Chama-se Adolfo Reis. Há duas semanas encontrei-o na Rua Visconde da Luz com um pequeno cartaz: “S.O.S –DURMO NA RUA, PRECISO DE TRABALHO, TENHO FOME”.
Tenho reparado que, talvez como tentativa de mais facilmente chegar ao coração de quem passa, o senhor Adolfo tem aumentado os apelos. Como quem diz, tem multiplicado os cartazes junto à antiga ourivesaria Patrão, agora encerrada.
Sem entrar em grandes análises comportamentais dos transeuntes, mas, se calhar, na tentativa de, através da quantidade, mais facilmente sensibilizar quem passa, provavelmente, dar-se-á um efeito contrário. Quase que me apeteceu dizer: ó senhor Adolfo não peça demasiado esforço a quem passa para lerem todas estas mensagens. O marketing está errado. Mas, com que direito me arvoro a dar conselhos a quem passa dificuldades extremas?
Num tempo em que a vida humana nada vale –a começar pelo jurídico, em que o valor vida pode ser contra-prestado com apenas uma multa-, em que ninguém se importa com ninguém, talvez valesse a pena pensar nas mensagens do senhor Adolfo Reis…
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