quinta-feira, 27 de agosto de 2009

AQUELE MOMENTO...




Quando passei naquela rua
mil ruídos coloridos, emergentes,
foi então que vi aquela imagem tua,
o teu cheiro fluído naquelas gentes;
O vento assobiava uma melodia,
as folhas, em bailado de ocasião
dançavam a toda a força do dia,
num amor cálido em contemplação;
Quem disse que só consegue amar
quem tem no peito um coração,
se a natureza está sempre a mostrar
que para gostar basta só disposição;
Pode amar-se um animal, um cão,
uma planta, um qualquer sobreiro,
uma pedra rasgada, pisada no chão,
um deus imaginário, um companheiro;
Todos amamos alguma coisa ou alguém,
quem não é sensível ao amor já morreu,
pode inventar razões e dizer que tem,
o coração ferido, fechado, tudo esqueceu;
Mas só esquece quem algo quer apagar,
da memória, em resquícios de farrapos,
ondas-choque que não se querem recordar,
armazenando tudo, mentalmente, em buracos;
Mas como obliterar aquele verão inesquecível,
que, como milagre, operou a transformação,
mostrando o tempo, uma realidade incrível,
fazendo de um velho uma criança de ilusão.

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