domingo, 3 de março de 2013

UM ERRO DE MORTE

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)

 Pouco passava das 23h00 de ontem quando, a caminho de casa, recebi uma lacónica mensagem no telemóvel de uma pessoa amiga muito ligada às artes: “morreu o Victor Ramos”. Liguei imediatamente e interroguei: mas como foi isso possível? Ainda há dias passei por ele e pareceu-me bem. Bem sei que ele estava doente desde o acidente. E a minha amiga respondeu: “foi a mulher dele que me ligou há bocado. O Victor piorou e morreu no hospital de Leiria”. Este facto de ter morrido em Leiria ficou a bailar-me na cabeça. Se o Ramos era de Coimbra porque razão foi para o hospital de Leiria? Enfim, acasos, certamente, pensei com meus botões.
Cheguei a minha casa e escrevi no blogue o elogio fúnebre do meu amigo Victor Ramos, reputado fotógrafo e muito conceituado e estimado na Baixa. Hoje, logo de manhã ao acordar, lembrei-me que havia em Coimbra um pintor com o nome de Victor Ramos, que embora não o conhecendo pessoalmente até tenho um pequeno quadro dele, e tive um baque: e se fosse este que tivesse falecido? Liguei de imediato à minha amiga, que me deu a informação, e assim era: eu matara uma pessoa. A partir de agora, mesmo que a justiça do homem não condene, uma vez que não há dolo, o lapso aconteceu sem intenção, passei a ser homicida qualificado. Como não há uma sem duas, daqui para a frente, quando lerem os meus obituários, devem levar a notícia para a brincadeira e pensarem: "como diz o povo, lá está ele a dar mais uns anos de vida ao alegado desaparecido."
Quanto ao meu amigo Victor Ramos fotógrafo, amanhã, sei lá com que cara, lhe irei pedir desculpa. Penso que vai entender a confusão de nomes similares. A algum familiar que, pela minha notícia poderia ter ficado em choque, as minhas mais profundas desculpas.
Retirando algo desta passagem infeliz, o Victor, ainda em vida e que sejam muitos anos, fica a saber que, pelo meu encómio, é muito querido e amado em toda esta Baixa de Coimbra. Muita vida, Victor Ramos. Muita vida. Que a morte esteja longe de qualquer um de nós… Abrenúncio… (e bato três vezes sobre madeira).

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