Depois de cerca de cinco anos
praticamente em hibernação, sem actividade continuada –só esporadicamente se
realizavam eventos na sua grandiosa sala e cheia de tantas memórias desde o seu
início em Julho de 1938-, o Rancho das Tricanas de Coimbra, na Rua do Moreno, vai
abrir à cidade. Amanhã, quarta-feira, dia 27, realizaram-se eleições para os
novos corpos-gerentes.
O timoneiro encarregue de colocar
novamente este cruzeiro a navegar e a animar a Baixa de Coimbra é José Luís
Montenegro. Coadjuvado por Francisco Monteiro e uma nova lista de pessoas de
boa vontade, em que se inclui o presidente cessante Carlos Clemente, que estão
na disposição de sacrificar o seu tempo em prol de um projecto que há muito
precisava de ser reanimado. A bem de um passado de glória, de um presente
anémico e pouco virado para as recordações que constituem o animus da vida e de um futuro que se pretende
legar aos vindouros, este grupo de pessoas pretende contrariar o situacionismo
daninho que grassa entre nós.
Ouvindo o comandante e o
assessor, respectivamente o Montenegro e o Monteiro, a uma só voz enfatizaram
que dar vida a esta gloriosa colectividade onde tantos conimbricenses,
estudantes e futricas, passaram a sua adolescência, repleta de incontáveis
namoricos e que muitos terminaram em finais felizes com casamentos de enlace,
era uma emergência social. Se aquela sala de baile falasse, uma longa história
contaria, repleta de cenas dramáticas e hilariantes. Vamos ouvir: “lemos há tempos n’O Despertar uma crónica
sobre o Rancho das Tricanas de Coimbra e, comentando, interrogámos: e se
arranjássemos uma nova direcção e colocássemos as mãos na massa para reabrir
este velho salão? E sobretudo o folclore, que ainda deve ter trajes tão ricos
arrumados em baús de naftalina?! Agora até temos na Baixa a denominada
“Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra”. Sempre poderíamos contar com os
instrumentistas, e tudo?! Das palavras passámos aos actos. Falámos com o Carlos
Clemente, ainda presidente e que se disponibilizou imediatamente. A seguir
contactámos Pinto dos Santos, presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, e
discutimos que uma das mais antigas colectividades da Baixa não podia continuar
encerrada. Concordando com a ideia, transmitiu-nos que estava na disposição de
apoiar no que pudesse. Disse ainda que sempre que futuramente houvesse actuações
do rancho comparticiparia nas despesas. O nosso objectivo principal é abrir o
salão à comunidade; reactivar a sua actividade cultural, com espectáculos
populares de variedades como, por exemplo, fados. Mais à frente, e logo que
possível, tentaremos realizar uns bailaricos como antigamente. Os compromissos
assumidos pela anterior direcção naturalmente que serão respeitados, como o
contrato com a Associação Integrar, nos banhos públicos.”
A lista única concorrente às
eleições é constituída na Assembleia-geral pelo presidente José Carlos Clemente
e vice-presidente Gil Rodrigues; 1º secretário Jaime Manuel Correia e segundo
secretário Gil Maia Simões. A direcção é constituída pelo presidente José Luís
Montenegro e vice-presidente Francisco Monteiro; pelos secretários Luís
Quintans e José Benedito; a tesoureira será Cátia Caixeiro Travassos e
acompanhada pelos vogais Victor Medina e Fátima Gonçalves do Salvado. Os
suplentes na tesouraria serão o José Vilas e o Nuno Damas. O presidente do
Conselho Fiscal será Júlio Gaspar das Neves e o relator Ivo Rodrigues; serão
acompanhados pelo vogal Arlindo Carvalho.
Tendo em conta a hora antecipada
em que escrevemos, não se sabe se haverá oposição a esta nova dinâmica
directiva, mas uma constatação emerge: as forças vivas da cidade, nomeadamente a
Câmara Municipal de Coimbra, devem dar todo o apoio necessário a este grupo de carolas que amam o Centro Histórico de
Coimbra e desinteressadamente contribuem para a sua revitalização.
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