terça-feira, 26 de março de 2013

O RANCHO DE COIMBRA VAI REABRIR



 Depois de cerca de cinco anos praticamente em hibernação, sem actividade continuada –só esporadicamente se realizavam eventos na sua grandiosa sala e cheia de tantas memórias desde o seu início em Julho de 1938-, o Rancho das Tricanas de Coimbra, na Rua do Moreno, vai abrir à cidade. Amanhã, quarta-feira, dia 27, realizaram-se eleições para os novos corpos-gerentes.
O timoneiro encarregue de colocar novamente este cruzeiro a navegar e a animar a Baixa de Coimbra é José Luís Montenegro. Coadjuvado por Francisco Monteiro e uma nova lista de pessoas de boa vontade, em que se inclui o presidente cessante Carlos Clemente, que estão na disposição de sacrificar o seu tempo em prol de um projecto que há muito precisava de ser reanimado. A bem de um passado de glória, de um presente anémico e pouco virado para as recordações que constituem o animus da vida e de um futuro que se pretende legar aos vindouros, este grupo de pessoas pretende contrariar o situacionismo daninho que grassa entre nós.
Ouvindo o comandante e o assessor, respectivamente o Montenegro e o Monteiro, a uma só voz enfatizaram que dar vida a esta gloriosa colectividade onde tantos conimbricenses, estudantes e futricas, passaram a sua adolescência, repleta de incontáveis namoricos e que muitos terminaram em finais felizes com casamentos de enlace, era uma emergência social. Se aquela sala de baile falasse, uma longa história contaria, repleta de cenas dramáticas e hilariantes. Vamos ouvir: “lemos há tempos n’O Despertar uma crónica sobre o Rancho das Tricanas de Coimbra e, comentando, interrogámos: e se arranjássemos uma nova direcção e colocássemos as mãos na massa para reabrir este velho salão? E sobretudo o folclore, que ainda deve ter trajes tão ricos arrumados em baús de naftalina?! Agora até temos na Baixa a denominada “Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra”. Sempre poderíamos contar com os instrumentistas, e tudo?! Das palavras passámos aos actos. Falámos com o Carlos Clemente, ainda presidente e que se disponibilizou imediatamente. A seguir contactámos Pinto dos Santos, presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, e discutimos que uma das mais antigas colectividades da Baixa não podia continuar encerrada. Concordando com a ideia, transmitiu-nos que estava na disposição de apoiar no que pudesse. Disse ainda que sempre que futuramente houvesse actuações do rancho comparticiparia nas despesas. O nosso objectivo principal é abrir o salão à comunidade; reactivar a sua actividade cultural, com espectáculos populares de variedades como, por exemplo, fados. Mais à frente, e logo que possível, tentaremos realizar uns bailaricos como antigamente. Os compromissos assumidos pela anterior direcção naturalmente que serão respeitados, como o contrato com a Associação Integrar, nos banhos públicos.”
A lista única concorrente às eleições é constituída na Assembleia-geral pelo presidente José Carlos Clemente e vice-presidente Gil Rodrigues; 1º secretário Jaime Manuel Correia e segundo secretário Gil Maia Simões. A direcção é constituída pelo presidente José Luís Montenegro e vice-presidente Francisco Monteiro; pelos secretários Luís Quintans e José Benedito; a tesoureira será Cátia Caixeiro Travassos e acompanhada pelos vogais Victor Medina e Fátima Gonçalves do Salvado. Os suplentes na tesouraria serão o José Vilas e o Nuno Damas. O presidente do Conselho Fiscal será Júlio Gaspar das Neves e o relator Ivo Rodrigues; serão acompanhados pelo vogal Arlindo Carvalho.
Tendo em conta a hora antecipada em que escrevemos, não se sabe se haverá oposição a esta nova dinâmica directiva, mas uma constatação emerge: as forças vivas da cidade, nomeadamente a Câmara Municipal de Coimbra, devem dar todo o apoio necessário a este grupo de carolas que amam o Centro Histórico de Coimbra e desinteressadamente contribuem para a sua revitalização.

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