sexta-feira, 20 de julho de 2012

A VIL FALTA DE FRONTALIDADE



 Este prédio da Baixa, que mostro na foto, mas que intencionalmente não identifico, apareceu hoje de manhã grafitado. Não é um acto isolado. Não é a primeira vez que acontece. Em 26 de Novembro de 2009, neste mesmo edifício, desconhecidos conspurcaram as pedras da frontaria com óleo queimado.
Não é por acaso que não apresento as coordenadas deste acontecimento. É que não devemos dar publicidade aos cobardes. Se o perdão é o mais nobre sentimento de todas as virtudes da humanidade, em antítese, a cobardia é o mais vil, o mais desprezível, o mais repelente que pode povoar o mundo das pessoas ditas racionais.
Por muitas razões que tenham os indivíduos que fazem isto a coberto da noite, nada, seja lá o que for, lhes pode assistir o direito de agir assim. Há instrumentos legais que poderemos sempre utilizar para fazer valer a nossa razão. Nada justifica um acto desprezível como este. Porque, atente-se, este grafitado não foi realizado por um qualquer vândalo da noite, sem eira nem beira. Pelos antecedentes, está de ver, foi feito por pessoas com vida organizada, com família, com mulher e filhos e que, a estes, em discursos vazios à mesa do jantar, até dizem: “meus filhos não podemos querer para os outros o que não gostamos para nós!”
Deixo este texto para reflexão e para que todas as pessoas de bem repudiem esta forma de estar na vida de alguns. Por outro lado, se quem fez isto, eventualmente, ler este texto, se lembre que lhe pode acontecer o mesmo.


Bertold Brecht (1898-1956)

"Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"


Martin Niemöller, 1933


símbolo da resistência aos nazis

"Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles,
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho..."

1 comentário:

João Braga disse...

Pequenos gestos que demostram o quanto a sociedade se encontra recheada de seres ignóbeis .