(IMAGEM DA WEB)
Enquanto lia o jornal no pequeno
café da minha rua, na mesa ao meu lado, duas senhoras comentavam:
- Aquilo lá na Sé Nova, na bênção
das pastas, foi indecente. Bem sei que o senhor Bispo nem saberá, mas se, por
acaso, viesse a saber, deveria denunciar este atropelo à equidade na
equiparação dos mais pobres –diz uma das senhoras no intervalo enquanto
saboreava o café e a chávena ficava parada, a meio, entre o tampo da mesa e a boca.
-Mas o que é que foi? Conta!
Estás a deixar-me curiosa –enfatiza a outra, sem despregar os olhos da
conversa.
-Sabes, conheces-me! Há coisas
que me revoltam. Então não é que um estudante de arqueologia, o Tiago, filho de
um casal meu amigo, de Trancoso, só porque não estava trajado de capa e batina,
então não é que não o deixaram entrar na catedral e benzer a sua pasta?
-Ai sim?! Às tantas, por causa da
praxe, suponho… -questiona a outra.
-Isso não sei. O que sei é que
está mal. Os pais deste estudante e meus amigos têm alguma dificuldade
financeira. Têm outra irmã do Tiago cá a estudar também, em Coimbra. Ora dá para
imaginar o rombo no orçamento familiar, mensalmente. Só o traje, creio que anda
à volta de 250 euros –por acaso, até me parece que o rapaz nem se importa, mas
não está certo. Foi muito aborrecido aquilo lá na Sé Nova. Até creio que as
lágrimas lhe vieram aos olhos…
-E achas que o senhor Bispo
poderá fazer alguma coisa?
-Não, quase de certeza que não, mas não está certo. No mínimo deveria saber. Isto é discriminar os mais pobres. Por não ter traje, não deixa de ser estudante. É ou não é?
-Não, quase de certeza que não, mas não está certo. No mínimo deveria saber. Isto é discriminar os mais pobres. Por não ter traje, não deixa de ser estudante. É ou não é?
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