(FOTO DO PÚBLICO)
Segundo as notícias de ontem, Ricardo Carvalho, jogador português convocado para a Selecção Nacional e actualmente a jogar como defesa no Real Madrid, abandonou o grupo representativo português, por não ter sido nomeado para o primeiro jogo. Com o argumento de que ”tendo cumprido 75 internacionalizações e sido profundamente dedicado à defesa do bom-nome da equipa das quinas, nunca antes me senti tão desrespeitado e ferido na minha dignidade. Entre os meus pares, sou apenas mais um atleta", com esta argumentação duvidosa, zarpou para terras hispânicas e largou a sua responsabilidade perante a nação que lhe deu tudo. Ler aqui o Público.
Um atleta de alta competição, que por ter sido contemplado pela natureza com um talento, ganhando milhões, não pode impunemente agir desta maneira sonsa e, a seu bel-prazer, deixar de representar o país que lhe concedeu todas as possibilidades para singrar no seu meio profissional. É um escândalo que urge colocar fim. É uma mancha negra que nos deve envergonhar a todos.
Um atleta de alta competição, que por ter sido contemplado pela natureza com um talento, ganhando milhões, não pode impunemente agir desta maneira sonsa e, a seu bel-prazer, deixar de representar o país que lhe concedeu todas as possibilidades para singrar no seu meio profissional. É um escândalo que urge colocar fim. É uma mancha negra que nos deve envergonhar a todos.
Todos sabemos, pelo menos para quem quiser ver, que este mundo hodierno do futebol, perante o último meio-século, é de uma indecência clamorosa. É fétido e cheira a porcaria e lavagem de dinheiro. Fala-se em acabar com as “offshores”, mas ninguém reivindica acabar de vez com os paraísos fiscais que constituem os grandes clubes em que lavram estes jogadores pagos a peso de ouro. Em nome da bola, gosto que, pelos vistos mina toda a sociedade, aliena o cérebro, ninguém põe mão, colocando um travão, nesta indignação.
Por outro lado, esta renúncia de Ricardo Carvalho, extrapolando socialmente a sua acção, é muito mais do que parece. Estamos perante um comportamento videirinho, arrogante, maledicente, egoísta, no fundo o modelo que ostracizamos, mas a todos nos caracteriza um pouco. Este procedimento e forma de pensar é o mesmo paradigma que enferma a nossa sociedade portuguesa, egocêntrica, centrada no seu umbigo e convencida que o mundo gira à sua volta. E aqui, nesta forma de estar, que penso não haver inocentes. Todos tomamos banho neste mar de ensandecimento e vaidade. É como se a humildade tivesse desaparecido e nos apresentássemos ao mundo como super-homens. Claro que ninguém acredita na imagem que mostramos, mas, para nós, isso não interessa nada. O que conta é o que sentimos e parecemos e pouco o que os outros pensam ou deixam de pensar.
Se calhar, com o momento aflitivo das finanças privadas e públicas que o país atravessa, seria um bom momento para todos nos sentarmos no divã psicanalítico e reflectirmos profundamente nesta nossa forma de ser e estar.
Perante o absurdo comportamento deste atleta, dá para ver que o país, na educação exemplar de quem deveria servir de modelo para os mais novos, cai aos bocados e esfrangalha-se em farrapos de cagança abstrusa e assente em imagens virtuais de castelos de areia. São estes os novos heróis que temos e que, pela admissibilidade, continuamos a construir.
Sempre gostava de saber que pensará deste acto de má-educação os jogadores da Selecção Nacional de 1966, como Eusébio e outros.
Procedimentos como este começam a cheirar mal e a empestar todo o ar que respiramos. A bem do ambiente minimamente são, é bom que se faça alguma coisa. Se calhar, como medida profilática, mandar este caramelo para a porta do sol que o pariu nem seria mau de todo. Ou seja, enviá-lo definitivamente para Espanha. Que fique e se perca por lá definitivamente. Mas não é só ele. Outros mais que, a troco de dinheiro fácil, abandonaram o país para ocuparem lugares de relevo na Europa. Que assentem praça por lá de vez e não venham mais chatear quem cá está.
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