quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DE SUPETÃO, HOJE, ENCERRARAM DUAS LOJAS NA BAIXA



 Os Têxteis Mondego, na Rua da Moeda, e os Tecidos Mondego, na Rua da Louça e com frente para a Avenida Fernão de Magalhães, propriedade do mesmo comerciante, encerraram repentinamente hoje de manhã.
Segundo informações de alguém muito próximo e que pediu o anonimato, “a semana passada o senhor Carlos Alberto Henriques avisou os seus 4 empregados de que iria encerrar brevemente. Hoje, pelo menos a loja dos Têxteis Mondego, na Rua da Moeda, ainda esteve aberta cerca de meia-hora. Segundo parece o funcionário presente recebeu ordens para fechar e que seria definitivamente.”
Continuo a questionar a minha fonte se saberá o que se passou. Continua então, “o senhor Carlos e a mulher são pessoas muito probas, muito honestos e trabalhadores, mas, coitados, não aguentavam o montante das rendas. Só a loja dos Tecidos Mondego, na Rua da Louça, pagava cerca de 3000 euros por mês. Por muito que eles se esforçassem, e tenho a certeza de que o faziam porque os conheço bem, humanamente na forma como estão as vendas no comércio, jamais lhes seria possível continuar. Acredito que foi por isso mesmo que tiveram de claudicar. No entanto sei que o senhor Carlos Henriques já arrendou ou irá arrendar, ali à frente, no Largo das Ameias, as antigas instalações da Agência Abreu e, tanto quanto sei, mudará para lá o seu ponto de venda, bem como os seus empregados.”
Apesar de tentar chegar a alguém mais próximo dos proprietários e que pudesse corroborar esta versão, a verdade é que não consegui. A única verdade, colocada aos olhos de todos nós, é que as duas lojas com cerca de 25 anos de existência encerraram.
Uma tristeza, meu amigo leitor. Uma tristeza que deveria preocupar quem nos governa. O pior disto tudo é que, quanto a todo este universo comercial da Baixa de Coimbra, a procissão ainda está no adro. Sem querer ser dramático, infelizmente muito mais histórias destas irão ser públicas. Os comerciantes estão no fio da navalha.



TEXTOS RELACIONADOS, E ESCRITOS NOS ÚLTIMOS ANOS:


"Dai-nos Senhor o melhor título"
"Editorial: O que querem fazer dos Centros Históricos?"
"Arrendamento: A reforma que morre sempre..."
"O último acto de uma peça que terminou"
"Baixa: Um barulho ensurdecedor"
"Editorial: Quem olha pelos Centros Históricos?"
"Editorial: Os últimos fingidores"
"Os tempos que vivemos"
"NA Rua da Moeda de nariz no ar"
"Um Habitus que se entranha"
"Comércio: Ontem, hoje e amanhã"
"Encerrou o Saul Morgado"
"Vagabundos de nós"
"O óbvio de La Palisse"
"Morreu o Ramiro"
"Um chinês na Praça Velha"
"A Baixa está a morrer..."


3 comentários:

Jorge Neves disse...

Quando todos os comerciantes optarem por uma medida mais radical e deixarem de cumprir as regras vão deixar de encerrar as suas lojas que em alguns casos são centenárias, fazem parte da história da Cidade.
Deixem todos de pagar IRC,IVA, SEGURANÇA SOCIAL E LICENÇAS,criem um movimento de comerciantes qe assente nesse principio e partilhem esse sentimento à escala nacional, aposto que estese desgovernantes se vão sentir picados como os toiros da arena e vão comecar abrir os olhos caso não use oculos de cabedal. Eu nem sou comerciante mas dói imenso ver a baixa de Coimbra afundar dia após dia.

Carlos disse...

Informo que abriu uma nova loja no lugar dos antigos Tecidos do Mondego. Pelo que vi do exterior, tem muito bom aspecto e diga-se de passagem está muito melhor que a sua antecessora.
Aproveito também para deixar uma sugestão para que este blogue não seja feito apenas de más notícias, já nos basta aquelas que aparecem diariamente nos noticiários.
Não dê tanto destaque às lojas que fecham, procure principalmente as novas lojas que abrem. Não dê importância aos edifícios degradados, é preferível mostrar fotos dos edifícios reabilitados, que são cada vês mais, e dar valor ao esforço que tem sido feito para a melhoria e restauro de todo o centro histórico. A nossa cidade tem tantas coisas boas para mostras, que não vale a pena estar sempre a mostrar o lado negro que está presente em qualquer cidade.

LUIS FERNANDES disse...

NOTA DO EDITOR

Meu caro Carlos, começo por lhe agradecer o comentário. Se é "cliente" aqui do "jornaleco", deverá saber que, sejam eles de acordo ou não com o meu ponto de vista, serão sempre bem-vindos.

Agora vamos passar ao contraditório, como quem diz, fazer a minha defesa.

Começo por lhe dizer que normalmente sei o que abre e fecha aqui na Baixa. Umas vezes noticio algumas que encerram outras vezes não. Tudo depende do meu tempo e critério de escolha. O mesmo se passa para as que abrem de novo. A opção é igual.
Em resposta, digo-lhe também que o que escrevo aqui é da minha inteira responsabilidade. Isto é, não ando comandado por alguém ou instituição. Aliás, penso que quem faz o favor de me ler tomará disso conta. Tanto escrevo um texto a elogiar a autarquia num qualquer assunto, como logo a seguir estou contra determinada medida.
Habitualmente estou sempre ao lado dos meus colegas comerciantes, na sua defesa. Mas quando entendo que devo "cascar", atiro sem que me doa alma.
Quanto ao ser "anjo da desgraça" -o aforismo é meu-, meu caro, como tudo na vida, aquilo que será triste para um poderá ser alegre para outro. Tudo depende da apreciação e da posição em que se está colocado. Fica o Carlos a saber que escrevo com uma única preocupação: ser verdadeiro. Ainda que possa ter, por vezes, uma elevada carga de subjectividade, tento dar o máximo de rigor ao plasmado aqui. Quero dizer-lhe que não escrevo para lhe agradar a si, a outro qualquer, a qualquer partido da oposição na Câmara, ou mesmo ao executivo. Escrevo com total liberdade e esvoaçando sobre o que vai no meu pensamento.
Quando diz para eu não dar tanto destaque às lojas que fecham e importância aos edifícios degradados, lamento, meu caro, mas continuarei a fazê-lo. E sabe porquê? Porque não é enterrando a cabeça na areia que se resolvem os problemas. É mostrando-os publicamente que se está a contribuir para que se saiba o que se está a passar. Assim, ficando na esperança, espera-se que alguém que detenha poder decisor possa tomar contacto com a realidade e melhorar o que está mal. Como deve saber, para além de escrever aqui sobre esses assuntos que refere, já fui muitas vezes ao executivo e à Assembleia Municipal. Aliás, talvez pela prática, já faço isso com grande à-vontade -isto para lhe dizer que não me limito a escrever. Algumas vezes vou ao terreno defender o que acredito.
Em suma, meu caro Carlos, não me peça para "pintar a manta" ao seu gosto, ou de outro qualquer. Esse não é o meu rumo, nem forma de estar na vida. Quem escreve para agradar a alguém nunca será considerado por ninguém.
Mais uma vez, obrigado e volte sempre, se lhe agrada a forma como escrevo... mas não esqueça: o critério será sempre meu.